Lula insiste em tributar Poupança dos brasileiros

CONGRESSO RESISTE

Proposta anterior era de R$ 50 mil. Presidente pretende tributar apenas novos depósitos.

O Lula da Silva está decidido a enviar ao Congresso Nacional a proposta de tributação da caderneta de poupança e está disposto a alterar de R$ 50 mil para um valor maior — R$ 100 mil, por exemplo — o piso de depósitos novos a partir do qual incidiria Imposto de Renda (IR) a uma alíquota de 22,5%. Segundo auxiliares, Lula mantém ainda a estratégia de submeter à taxação apenas os novos depósitos.

No entanto, a tarefa do Palácio do Planalto continua quase impossível: não só a resistência permanece enorme entre os parlamentares como o governo não antecipou qualquer diálogo nesse sentido com a base aliada. Por Gerson Camarotti e Geralda Doca

Justamente por saber que a medida não tem popularidade entre os parlamentares é que Lula está disposto a aumentar o valor de taxação — 99% dos poupadores têm até R$ 50 mil guardados. E é por isso também que ele pretende tributar apenas depósitos novos. Lula acredita que será um canto da sereia eficiente para a base aliada.

O problema político é que o governo anunciou publicamente a intenção antes de conversar com as lideranças. Líder do PMDB (maior partido do Congresso), o deputado Henrique Eduardo Alves (RN) afirmou que não recebeu qualquer sinalização do governo de que o assunto tinha sido retomado: — No que depender do PMDB, não passa (a proposta).

É melhor não mandar.

A má vontade encontra eco inclusive entre os que mais poderiam estar empenhados na defesa de uma proposta do Palácio do Planalto. O vice-líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), por exemplo, afirmou que não houve reunião de líderes para discutir o tema de novo.

— Esse assunto não está na pauta — disse Henrique Fontana (PT-RS), líder do governo na Câmara.

— Não se fala mais nisso. Não sei o que se passa na cabeça do presidente, mas não acredito, diante do contexto político — reforçou o deputado Cândido Vaccarezza (SP), líder do PT.

Uma opção seria reduzir o IR para fundos de investimento. No caso da renda fixa, por exemplo, o imposto, que hoje pode chegar a 22,5%, cairia para 15%. Mas contra a proposta pesa o fato de a arrecadação estar fraca. O Globo

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