Massacre de albinos na Tanzânia alimenta comércio macabro

Como um animal acossado e correndo na terra, a menina foi encurralada.

Marcada como um "fantasma" por conta de sua pele branca, Mariam Emmanuel foi perseguida em sua aldeia africana, num canto remoto da Tanzânia, por uma turba sedenta de sangue.

Exausta e aterrorizada, cinco anos de idade, a menina cansou e caiu no final de um beco. Ela gemeu e se encolheu, enquanto os adultos a rodeavam e afiavam suas facas e facões. Então eles começaram a trabalhar, a despedaçá-la e a dividir seus restos entre si.

“Mariam não teve o benefício de estar inconsciente antes de morrer”, disse um investigador chocado. "Ela foi morta, como um animal, por homens adultos, que não mostraram nenhuma compaixão por outro ser humano" - Por
Andrew Malone

O crime de Mariam? Ela era uma albina, um dos mais de 17.000 negros africanos que sofrem de uma condição genética rara que faz com que sua pele seja branca e seus cabelos ruivos ou louros.

E em um continente onde milhões de pessoas acreditam em magia negra ou "muti", seus órgãos e sangue valem muito mais que suas vidas.

Durante décadas, os albinos da
África - conhecidos como "tribo de fantasmas”, “zeros” e “invisíveis” – sofrem um tratamento terrível nas mãos de seus próprios vizinhos e são assassinados por suas partes do corpo que, se crê, trazem boa fortuna e cura todos os tipos de males.

Em muitos países africanos - mas é mais comum na Tanzânia - albinos são assassinados na rua. Seus restos são usados em macabras poções humanas pelos curandeiros tradicionais para tratar os doentes.

Acreditando que irá trazer-lhes boa sorte e grandes capturas, os pescadores nas margens do Lago Vitória albino tecem suas redes com cabelos de albinos. Os ossos são triturados e enterrados na terra pelos mineiros, que acreditam que vão ser transformados em diamantes. Com os órgãos genitais são feitos tratamentos para reforçar a potência sexual.

Apesar da aparição cada vez mais moderna de muitos povoados e cidades africanas, onde quase todo mundo carrega um telefone celular, muitas pessoas instruídas ainda acreditam na magia e na medicina negra tradicional. Eles acreditam que tratamentos feitos com partes dos corpos dos albinos são especialmente potentes, inclusive, os ricos habitantes das cidades também acreditam.

De fato, os olhos, o sangue e os órgãos dos albinos agora podem trazer milhares de libras - somas inimagináveis neste canto da África, onde milhões de pessoas vivem com menos de £ 2 por dia e onde este comércio escandaloso é o mais comum.

As somas colossais envolvidas neste negócio geraram uma nova raça de assassinos independentes, muitas vezes protegidos pela polícia, que vivem da colheita das partes dos corpos de albinos que geram lucros fabulosos.

Alguns governos estão tentando acabar com esse negócio vil. Esta semana, um tribunal da Tanzânia - onde ocorreram 90 assassinatos nos últimos dois anos - sentenciou a pena de morte a um grupo de homens que havia abatido e desmembrado um menino albino – foi a primeira decisão de pena de morte como punição para assassinos de albinos.

O tribunal, no noroeste do Distrito de Shinyanga, perto do Lago Victoria, ordenou a forca para três homens que participaram no massacre de Matatizo Dunia, 14-anos de idade, albino. Ele foi tirado de sua casa na calada da noite - e cortado em pedaços.

Um dos acusados foi surpreendido com a perna do menino. O restante do cadáver foi encontrado escondido nos arbustos. Os homens culpados admitiram que pretendiam vender a "carne branca" para os feiticeiros.

Acredita-se que essa quadrilha tenha sido responsável pela caça de albinos em toda a região e pela comercialização de seus órgãos em todo este vasto continente.

Muitos estão se sentindo aliviados porque agora eles vão enfrentar a forca. - "Eles mataram um albino inocente e indefeso e também merecem morrer", disse Grace Wabanu, um estudante universitário albino que assistiu a sentença dada pela Corte.

"Espero que esta sentença sirva como um elemento dissuasivo para as pessoas que têm a intenção de matar albinos na crença de que partes do seu corpo irão torná-los ricos."

Por razões desconhecidas, acredita-se que na Tanzânia esteja a maior população de albinos da África – uma condição genética causada pela falta de pigmentação da pele - tem uma incidência sete vezes maior que no resto do mundo. Embora essas pessoas tenham maiores chances, que a média, de adquirir o câncer de pele e sofrer de cegueira, os albinos podem viver uma vida plena e feliz - e ter filhos saudáveis.

Mas aqueles que nascem com a pele branca em partes da África, muitas vezes pagam um preço social terrível por sua condição. Tal é o estigma, que as crianças albinas costumavam ser mortas ao nascer.

Nos últimos tempos, as crianças têm sido poupadas por seus pais -, mas geralmente são mantidas dentro de casa, escondidas por suas famílias para protegê-las dos caçadores humanos e dos abusos nas ruas.

Rechaçadas da vida normal do povo e excluídas de muitos postos de trabalho, esses "fantasmas brancos”, também acredita-se, podem proporcionar a cura para a AIDS, o flagelo deste continente.

De fato, muitos africanos acreditam que ter sexo com um albino pode curá-los da doença. Isto levou a inúmeros casos de estupro contra a mulheres albinas, deixando-as HIV positivas, também.

A pele branca dos albinos é também muito procurada. Houve dezenas de casos de albinos na Tanzânia e no
Quênia que foram assassinados e tiveram suas peles tiradas. Investigadores encontraram peles de albinos da Tanzânia sendo vendidas em Malawi, Moçambique, Zâmbia e África do Sul.

Não admira, então, que os familiares dos albinos mortos tenham cuidado com os arranjos do enterro, que são frequentemente celebrados em particular e em locais secretos para evitar que ladrões de sepulturas desenterrem e vendam partes do corpo de seus entes queridos.

O avô de Mariam, Mabula, disse esta semana como havia enterrado o que restou da menina dentro de sua cabana de barro. Ele levantou a cama, onde os restos de sua neta estavam escondidos, debaixo de um monte de terra, e agora dorme em cima do túmulo para garantir que os ladrões não voltem para pegar os ossos de Mariam.

Em meio a um protesto internacional por esta recente onda de assassinatos de albinos, o presidente tanzaniano, Jakaya Kikwete, proibiu todos os feiticeiros de operar no país.

O presidente também ordenou a seus agentes para reprimir o comércio. Até agora, mais de 90 pessoas foram presas por seu envolvimento no comércio macabro, incluindo quatro policiais corruptos. Quinze outros prováveis assassinos de albinos também irão em breve a julgamento. Os grupos de pressão que lutam para acabar com a morte de albinos comemoraram as penas de morte proferidas contra os três homens que abateram Matatizo e cortaram seu corpo para a "medicina".

Na verdade, Ernest Kimaya, o presidente da Sociedade de Albinos da Tanzânia pediu que os homens culpados sejam condenados à morte em público - como uma advertência para os demais que tenham a intenção de vender partes dos corpos de albinos.

"Esperamos que [o presidente] autorize a pena o mais breve," disse. "E que essas execuções sejam realizadas publicamente para mostrar que o governo é sério nesta guerra contra os assassinos de albinos.

Os esforços para apoiar os albinos também estão sendo feitos localmente. A escola foi transformada em um santuário para os albinos, perto da aldeia onde Mariam morreu. Seu irmão mais velho, de nove anos de idade, também um albino, se matriculou lá. Mas as crianças no santuário ainda não estão completamente a salvo dos predadores.

"Temos que colocar uma cerca e estamos tratando de reforçar a segurança com patrulhas noturnas", disse odiretor, John Loudmoya. "Mas ainda temos que estar atentos".

De fato, é improvável que o enforcamento dos assassinos dos albinos ponha um fim neste comércio criminoso - por uma razão simples: há muito dinheiro em jogo.

E enquanto isto continuar sendo o motivo, essas pessoas vão continuar sofrendo a violência mais atroz nas mãos dessas turbas gananciosas e sedentas de sangue. Na foto: Crianças na escola primária, Misungwi, Mwanza


COMENTÁRIO
O assunto não é novo, mas a pressão mundial contra este tipo de selvageria está cada vez mais forte. Esta matéria, traduzida para o MOVCC, é do
Daylimail, de 25/Setembro. É a primeira vez que abordamos o assunto. Clicando no link você tem mais fotos. Por Arthur/Gabriela


LEIA TAMBÉM: Foi publicado hoje no
Huffingtonpost
"As Nações Unidas têm uma
reportagem em vídeo aterrorizante sobre como os albinos na Tanzânia são caçados, a fim de se obter suas partes do corpo. Os albinos há muito tempo sofrem discriminação, mas suas vidas são cheias de terror quando correm os rumores de que eles têm poderes mágicos. Uma mulher perdeu os dois braços em um ataque, e muitos outros têm sido igualmente mutilados. Alguns acreditam que partes de seu corpo podem ser utilizadas para bruxaria e em poções mágicas. Um empresário canadense, também albino, está fazendo todo o possível para acabar com o horror."

4 comentários:

gabriela disse...

Selvageria!
O mundo cada vez mais aterrorizado com esses atos criminosos. Nosso MST não fica atrás, e muito menos aqueles índios que esquartejaram aquele jovem para comer.

Temos um vídeo de um homem de 30 anos sendo surrado no meio da rua. completamente indefeso por 4 sujeitos, bateram com ferro na cabeça dele, além de pularem por diversas vezes em cima do corpo, tudo isto, por NADA, apenas pelo prazer de sangrar. Se vissem nossas crianças sendo arrastadas pelas ruas com carro em movimento ou MST atuando, não sei exatamente quais são os piores do mundo.

Aqui os horrores acontecem motivados pela linguagem do ódio disseminados por vagabundos da política, que calculam sim, as consequência, mas proclamam o terror em benefício próprio. PODER.
Então o VODU é o mesmo. Muito chocante a matéria, não mais que o Brasil dos criminosos.

Anônimo disse...

É a barbárie tribal que persiste no mundo, não muito diferente da matança promovida pelo tráfico que ocorre no nosso país

Arthur disse...

SELVAGERIA MAIS “REQUINTADA”

Documentário italiano estuda tráfico de órgãos no Brasil

Filme mostra situações também na Índia, Nepal, África do Sul, China e Turquia
Um documentário italiano sobre o tráfico de órgãos no Brasil e em outras partes do mundo estreou no domingo no Festival Internacional de Cinema de Roma. Na produção, de uma hora de duração, o Brasil é retratado em favelas do Recife.

Dirigido por Roberto Orazi e com roteiro do jornalista Alessandro Gilioli, H.O.T. (Human Organ Traffic) foi promovido pela Universidade de Berkeley que se dedica ao estudo do tema também na Índia, Nepal, África do Sul, China e Turquia.

Por meio de câmeras ocultas e falsos compradores de órgãos, o filme denuncia a atividade dos traficantes e a cumplicidade de cirurgiões, governos, máfias internacionais, agências de turismo e bancos especializados em lavagem de dinheiro.

A estreia ocorreu no domingo, no Festival de Cinema de Roma. – ANSA

Anônimo disse...

E´,e tem gente que dá forca a essa religiao macabra, os antropologoss socialistas esquerdopatas... Defendem que tem que respeitar as macumbas dos africanos!
Isso é religiao do Diabo. E´Satanas mesmo!