Em reação a pressões, democrata critica banqueiros e tenta isolar emissora conservadora e associação de empresários. Empresas de mídia serão tratadas pela Casa Branca conforme sua maneira de agir, diz presidente; Apple deixa Câmara do Comércio
O roteiro é conhecido: em queda nos índices de popularidade e com promessas importantes de campanha paradas, líder tenta isolar a mídia mais crítica a ele, ataca a associação de empresários mais poderosa e critica em público banqueiros. A diferença são o protagonista e o local: em vez de um líder bolivariano na América Latina, o presidente Barack Obama, nos EUA. Por Sérgio Dávila
Depois de passar o verão americano apanhando dos conservadores por conta de sua proposta da reforma do sistema de saúde -considerada socializante demais- e da opinião pública em geral devido ao aumento da taxa de desemprego -hoje, 1 em cada 10 adultos não tem trabalho nos EUA-, o comando obamista resolveu contra-atacar.
O primeiro alvo foi a emissora conservadora Fox News, que durante a gestão anterior era chamada de a voz de George W. Bush e que, desde a posse do democrata, é a mais dura crítica do novo governo. Pois no governo Obama ela foi rebatizada de "braço do Partido Republicano" pela diretora de comunicações da Casa Branca, Anita Dunn, há duas semanas.
Na quarta, foi a vez de o próprio Obama se pronunciar sobre o assunto, dizendo que as empresas de mídia seriam tratadas pela Casa Branca dependendo de como agissem.
"Se estão operando basicamente num formato de "talk-radio", então é uma coisa", disse Obama, referindo-se aos programas de rádio popularescos e com apresentadores ultraopinativos. "Mas se estão operando como uma empresa de notícias, então é outra."
Na avaliação da Casa Branca, a Fox News oferecia perigo por estar começando a contagiar a agenda dos meios de imprensa tidos como independentes - em vários casos, na verdade simpáticos ao presidente.
Isso ficou claro em dois casos: uma investigação exclusiva da emissora que levou à demissão do chamado "czar dos empregos verdes" de Obama e uma denúncia contra a Acorn, organização progressista para a qual Obama já colaborou.
Ambos os casos foram noticiados primeiro pela emissora conservadora e só depois encampados pelo resto da mídia. Mas diários como o "New York Times" e emissoras como a CNN vieram a público fazer autocrítica, dizendo que demoraram muito a perceber o potencial jornalístico e que passariam a prestar mais atenção às denúncias desse tipo.
O segundo alvo foi a Câmara Americana de Comércio, maior entidade patronal do país, que diz reunir 3 milhões de empresas (reportagem da revista de esquerda "Mother Jones" diz que, na verdade, são 300 mil). O governo democrata e o comando da entidade vinham travando uma queda de braço silenciosa que na última semana veio a público.
A Câmara lidera o lobby contra as reformas ambiental e de regulação financeira propostas pelo presidente. Faz isso com anúncios na TV, campanhas públicas e doações a políticos de oposição. Diante disso, nos últimos meses, a Casa Branca passou a negociar apoios a suas propostas diretamente com 50 das maiores empresas associadas, numa tentativa de esvaziar a entidade.
A iniciativa começa a dar frutos. Nos últimos dias, sete empresas, entre elas a Apple, anunciaram que estavam deixando a entidade, citando divergências quanto ao enfoque sobre ambiente; a Nike avisou que se retiraria do quadro de diretores.
O terceiro alvo é um velho saco de pancadas de Obama: banqueiros e executivos do mercado financeiro. Na quarta-feira, o democrata criticou o que chamou de "falta de visão" de Wall Street, ao comentar o descolamento entre a economia dos pregões, que voltaram a subir, e a da vida real, ainda em crise. Folha de São Paulo
O roteiro é conhecido: em queda nos índices de popularidade e com promessas importantes de campanha paradas, líder tenta isolar a mídia mais crítica a ele, ataca a associação de empresários mais poderosa e critica em público banqueiros. A diferença são o protagonista e o local: em vez de um líder bolivariano na América Latina, o presidente Barack Obama, nos EUA. Por Sérgio Dávila
Depois de passar o verão americano apanhando dos conservadores por conta de sua proposta da reforma do sistema de saúde -considerada socializante demais- e da opinião pública em geral devido ao aumento da taxa de desemprego -hoje, 1 em cada 10 adultos não tem trabalho nos EUA-, o comando obamista resolveu contra-atacar.
O primeiro alvo foi a emissora conservadora Fox News, que durante a gestão anterior era chamada de a voz de George W. Bush e que, desde a posse do democrata, é a mais dura crítica do novo governo. Pois no governo Obama ela foi rebatizada de "braço do Partido Republicano" pela diretora de comunicações da Casa Branca, Anita Dunn, há duas semanas.
Na quarta, foi a vez de o próprio Obama se pronunciar sobre o assunto, dizendo que as empresas de mídia seriam tratadas pela Casa Branca dependendo de como agissem.
"Se estão operando basicamente num formato de "talk-radio", então é uma coisa", disse Obama, referindo-se aos programas de rádio popularescos e com apresentadores ultraopinativos. "Mas se estão operando como uma empresa de notícias, então é outra."
Na avaliação da Casa Branca, a Fox News oferecia perigo por estar começando a contagiar a agenda dos meios de imprensa tidos como independentes - em vários casos, na verdade simpáticos ao presidente.
Isso ficou claro em dois casos: uma investigação exclusiva da emissora que levou à demissão do chamado "czar dos empregos verdes" de Obama e uma denúncia contra a Acorn, organização progressista para a qual Obama já colaborou.
Ambos os casos foram noticiados primeiro pela emissora conservadora e só depois encampados pelo resto da mídia. Mas diários como o "New York Times" e emissoras como a CNN vieram a público fazer autocrítica, dizendo que demoraram muito a perceber o potencial jornalístico e que passariam a prestar mais atenção às denúncias desse tipo.
O segundo alvo foi a Câmara Americana de Comércio, maior entidade patronal do país, que diz reunir 3 milhões de empresas (reportagem da revista de esquerda "Mother Jones" diz que, na verdade, são 300 mil). O governo democrata e o comando da entidade vinham travando uma queda de braço silenciosa que na última semana veio a público.
A Câmara lidera o lobby contra as reformas ambiental e de regulação financeira propostas pelo presidente. Faz isso com anúncios na TV, campanhas públicas e doações a políticos de oposição. Diante disso, nos últimos meses, a Casa Branca passou a negociar apoios a suas propostas diretamente com 50 das maiores empresas associadas, numa tentativa de esvaziar a entidade.
A iniciativa começa a dar frutos. Nos últimos dias, sete empresas, entre elas a Apple, anunciaram que estavam deixando a entidade, citando divergências quanto ao enfoque sobre ambiente; a Nike avisou que se retiraria do quadro de diretores.
O terceiro alvo é um velho saco de pancadas de Obama: banqueiros e executivos do mercado financeiro. Na quarta-feira, o democrata criticou o que chamou de "falta de visão" de Wall Street, ao comentar o descolamento entre a economia dos pregões, que voltaram a subir, e a da vida real, ainda em crise. Folha de São Paulo
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