O DESAFIO BRASILEIRO PARA OS EUA
Para os interessados na segurança hemisférica, a grande questão sempre foi ¿como conter as ambições expansionistas de Chávez? Sob a administração Bush, a resposta, nas palavras de um senador republicano: "a contenção de Hugo Chávez, deve ser realizada pelos países latinoamericanos." Esta concepção foi consistente com a idéia de uma política não-intervencionista na América Latina.
Na verdade, mesmo sob a administração Bush a política foi de boa vizinhança, mas tentando desenvolver as relações comerciais. Em termos de Hugo Chávez, a política era, basicamente, ignorar seu antiamericanismo hostil e até mesmo suas intervenções nos países vizinhos. A esperança era que os latinoamericanos com o tempo se dessem conta de que Chávez era o mau e, assim, tentar isolá-lo. Mas isso não aconteceu. Por Luis Fleischmann
Aparentemente, era o que a administração Bush tinha em mente quando sugeriu que a política de contenção fosse o Brasil. Liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), um socialista pragmático, o Brasil não dependia da generosidade de Chávez para seu bem-estar econômico. Ao contrário, o Brasil tem a maior e mais dinâmica economia da América Latina. Portanto, seu poder econômico e industrial prevaleceria sobre as ambições de um homem louco como Chávez, cujo poder depende unicamente da produção de petróleo.
Porém, o Brasil de Lula tem algumas contradições inerentes.
O Partido dos Trabalhadores (PT)
O partido de Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT) foi fundado em 1980, pelos sindicatos que surgiram no Brasil como conseqüência da crescente urbanização. O PT, ao contrário de muitas elites dos partidos na América Latina, inclui organizações de base populares com a participação permanente nas decisões em todos os níveis. O PT inclui um alcance total de movimentos sociais e populares, como sindicatos, grupos de direitos humanos, grupos de Teologia da Libertação dentro da Igreja Católica (grupo cristão que tenta conciliar entre a teologia cristã e o marxismo), ambientalistas, grupos de mulheres, indígenas, afrobrasileiros e o poderoso movimento sem-terra (MST).
O componente radical do PT era claro. Lula tinha simpatia com as idéias de Fidel Castro e juntos fundaram o "Foro de São Paulo." O Foro se comprometeu em apresentar uma alternativa contra o consenso de Washington e suas políticas neoliberais, bem como às políticas da terceira via da esquerda européia. O Foro foi construído como uma rede latinoamericana de solidariedade entre os comunistas, socialistas e vários grupos, incluindo alguns guerrilheiros, para fortalecer-se na seqüência do colapso do império soviético. Entre os líderes do "Foro" inclue-se indivíduos como Daniel Ortega dos sandinistas, bem como líderes de movimentos da guerrilha, como a Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a União Revolucionária da Guatemala (URNG), Frente Farabundo Martí de Liberación Nacional (FMLN) de El Salvador e do Partido da Revolução Democrática do México (PRD). A teologia da libertação é também parte do Foro. Hugo Chávez se juntou ao Foro em 1995, quando ainda não era presidente da Venezuela.
O "Foro" é titular de um ardente apelo antiglobalização, de uma postura antiamericana, e também fala em direitos das populações indígenas promovendo o separatismo indígena dos estados nacionais latino-americano.
Assim, não era de se admirar que a Administração Bush olhasse com ceticismo a eleição de Lula à presidência em 2002. Inicialmente, as suspeitas eram justificadas, pois o Brasil mudou para poder aplicar alguns de seus programas ideológicos do terceiro mundo.
Como exemplo, o Brasil sediou a cimeira na América do Sul, da cumbre árabe em maio de 2005, quando aprovou a resolução de Brasília. A resolução elogiou o governo do Sudão por sua ajuda em tentar resolver o problema na região de Darfur, sem mencionar sua responsabilidade direta pelo genocídio que ocorre lá. A resolução também instou a luta contra o terrorismo em uma conferência internacional, através de estudo e definição sobre o assunto, mas de tal forma que se evitou uma condenação clara e inequívoca do terrorismo atual. Da mesma forma, condenou a "Syria Accountability Act", uma lei aprovada pelo Governo americano para impor sanções à Síria em meio ao seu apoio ao terrorismo. Além disso, os participantes queriam um Tribunal Internacional de Justiça para exigir que Israel derrubasse a barreira de segurança que havia construído para prevenir-se dos ataques terroristas.
Ideologia versus pragmatismo
Apesar do socialismo de Lula e de seu antiimperialismo terceiro mundista, ele rapidamente se transformou como um pragmático na política interna e externa. Uma vez no poder, o PT construiu uma ampla coalizão com os partidos do centro e da direita, incluindo a nomeação de conservadores no gabinete. Também estabeleceu cooperação com empresários e com adeptos das políticas neoliberais.
Na política externa, apesar da abordagem tradicional antiimperialista do PT, o partido não procurou confronto com os Estados Unidos ou com o FMI. Da mesma forma, ele manteve certa distância de seus companheiros do "Foro", Hugo Chávez e Fidel Castro, recusando-se a adotar seus dogmatismos antiamericanos. Lula assinou acordos bilaterais de cooperação com os EUA para desenvolver energias alternativas na região. Recentemente, ele também se distanciou de todos os que na América se opuseram à criação de mais bases militares na Colômbia.
A atitude de Lula levou os responsáveis políticos dos EUA a acreditarem que ele tinha a legitimidade e o pragmatismo que poderiam eclipsar Chávez. No entanto, um grande e perigoso passo foi dado por Brasília nos últimos meses.
Reversão de Lula: Abraçando o Irã e habilitando Chávez
No verão passado, depois das eleições presidenciais do Irã, em 12 de junho, o presidente Lula foi o primeiro líder ocidental a reconhecer a vitória e dar legitimidade ao presidente iraniano, o ditador Mahmoud Ahmadinejad, apesar dos amplos indícios de fraude generalizada. O fato dos valentes cidadãos protestarem pela liberdade contra o regime teocrático nada significou para Lula. Na verdade, Lula ridiculamente comparou os protestos pós-eleição em Teerã com uma briga entre torcedores de dois times de futebol no Rio de Janeiro. Nenhum outro país no Ocidente, com exceção da Venezuela, reconheceu a legitimidade do resultado das eleições iranianas.
Lula foi mais adiante. Durante a última Assembléia Geral da ONU, ele defendeu a relação do Brasil com o Irã, basicamente dizendo que ele não pode julgar as ambições nucleares daquele país ou a forma como as eleições foram conduzidas em junho. Ele também assinalou que "não é vergonhoso ter relações com o Irã". Referindo-se ao antisemitismo do Irã e a sua negação do Holocausto, Lula defendeu o direito de Ahmadinejad de "pensar diferente". Em seguida, Lula anunciou que o Brasil vai enviar uma missão comercial ao Irã, nos próximos meses, para explorar áreas de investimento conjunto. O comércio entre os dois países quadruplicou nos últimos cinco anos.
Parece agora que Lula da Silva, depois de anos de pragmatismo e centrismo está retornando aos dias de radicalismo. O que é pior, Lula passou de mera retórica para a política perigosa. Ele ofereceu a embaixada do Brasil em Tegucigalpa para Mel Zelaya, o ex presidente de Honduras, que foi deposto no final de junho. Zelaya doi destituido porque pediu uma reforma constitucional, seguindo o modelo de Chávez, desobedecendo a Constituição, a vontade do Congresso e do Tribunal Supremo de Honduras. Zelaya fez isso depois de desenvolver estreitas relações com Hugo Chávez.
A restauração de Zelaya ao poder não foi apenas uma ordem do seu patrão, Hugo Chávez, mas também consta na agenda da Organização dos Estados Americanos (OEA) e do Governo americano. As negociações para restabelecer Zelaya não estavam andando, e então o Brasil entrou oferecerendo sua embaixada em Tegucigalpa para hospedar Zelaya, enquanto ele se organiza para voltar ao poder. Embora nós não saibamos como a situação evoluirá em Honduras, é evidente que a presença de Zelaya no país agrava a violência e intensifica a possibilidade de uma guerra civil. Em outras palavras, o Brasil está promovendo ativamente a violência em Honduras para servir aos interesses de ninguém menos que Hugo Chávez.
Curiosamente, as tensões entre as alas do PT e Lula têm sido registradas há anos. A maioria destas tensões emana de denúncias de correntes radicais do PT que afirmam que Lula não realizou o suficientemente as reformas sociais. Um desses movimentos é o MST, que forma parte integrante da fundação do PT. O MST é um movimento social cuja meta de alcançar a reforma agrária é baseada numa radical ideologia extremista que usa da violência em suas ações.
O MST, como base do PT, faz parte do Congresso Bolivariano de los Pueblos (CBP), uma organização controlada por Hugo Chávez, que visa se alinhar com outras bases em todo continente. Essas organizações ajudam a aprofundar a revolução bolivariana de Chávez. Além disso, eles costumam receber fundos do presidente venezuelano. O site do MST (www.mstbrazil.org) apresenta artigos e materiais de apoio a Hugo Chávez, e destaca as conquistas de sua revolução.
Em outras palavras, o governo Lula parece estar deixando o caminho pragmático e abraçando as demandas dos mais radicais e da maioria das facções ideológicas dentro de sua circunscrição. Do mesmo modo, sua política em relação ao Irã parece reativar os objetivos do "Foro de São Paulo".
Será que esse comportamento serve aos interesses do Brasil?
Chávez tem relações muito próximas com o Irã. Os dois países são parceiros em empreendimentos bancários cuja única finalidade é ajudar o Irã a evitar as sanções impostas a ele. É uma forma eficaz de ajudar Teerã, mas isto pode auxiliár o país no desenvolvimento de seu perigoso programa nuclear. Chávez também vai começar a vender 15% de sua gasolina ao Irã, com o mesmo objetivo em mente. Também tem sido relatado já há muito tempo e recentemente foi confirmado por um alto funcionário venezuelano que ambos os países estão cooperando em questões relacionadas à extração de urânio com o qual o Irã poderá desenvolver bomba atômica e outros aspectos da tecnologia nuclear.
A Venezuela tem sido o principal apoio do Irã, em todo o mundo. Como resultado, o Irã está profundamente grato a Chávez. Tendo isto em conta, ¿o que o Irã vai fazer para pagar seu amigo sul-americano? Mais provavelmente, Chávez irá pedir que o país lhe forneça armas nucleares tão logo as obtenha. Chávez é um homem com ambições imperiais que anseia por poder. Ultimamente, ele tem comprado grandes quantidades de armas sofisticadas da Rússia.
Seguindo esta lógica, é claro que ter uma arma nuclear dará a Chávez o respeito e o temor que ele precisa para levar à cabo seu programa de exportar sua revolução, bem como controlar os países, tanto quanto seja possível. Isto é ainda mais alarmante se nos perguntamos, ¿por que o Irã se recusa a fornecer armas para Chávez, quando, na verdade, essas armas podem colocar os EUA sob ameaça direta e proporcionar ao Irã um fator de dissuasão.
Lula não é apenas o líder dos pobres do Brasil. Ele foi apoiado por um grande componente da classe média que, provavelmente, rejeita seu comportamento. Pesquisas já indicam que o candidato do PT ocupa a terceira posição para as próximas eleições presidenciais.
Além disso, em seu desejo de se tornar um país influente no mundo, o Brasil está buscando um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nas atuais circunstâncias, o Brasil não merece esse lugar, a menos que se comporte com responsabilidade. Ninguém que tenha um ponto de vista moral e político relativista sobre indivíduos sinistros como Chávez e Ahmadinejad, deve ser aceito na comunidade dos líderes mundiais.
Ao contrário, o Brasil deve superar sua esquizofrenia moral e política, e ficar ao lado da civilização e da liberdade contra a barbárie e a opressão do eixo Teerã-Caracas.
Luis Fleischman escreve para The Cutting Edge Notícias, é Consultor Sênior de Segurança Hemisférica do Projeto Menges do Centro de Política de Segurança, em Washington DC e professor adjunto de Sociologia e Ciência Política na Flórida Atlantic University – Spero News
Tradução de Arthur para o MOVCC
Para os interessados na segurança hemisférica, a grande questão sempre foi ¿como conter as ambições expansionistas de Chávez? Sob a administração Bush, a resposta, nas palavras de um senador republicano: "a contenção de Hugo Chávez, deve ser realizada pelos países latinoamericanos." Esta concepção foi consistente com a idéia de uma política não-intervencionista na América Latina.
Na verdade, mesmo sob a administração Bush a política foi de boa vizinhança, mas tentando desenvolver as relações comerciais. Em termos de Hugo Chávez, a política era, basicamente, ignorar seu antiamericanismo hostil e até mesmo suas intervenções nos países vizinhos. A esperança era que os latinoamericanos com o tempo se dessem conta de que Chávez era o mau e, assim, tentar isolá-lo. Mas isso não aconteceu. Por Luis Fleischmann
Aparentemente, era o que a administração Bush tinha em mente quando sugeriu que a política de contenção fosse o Brasil. Liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), um socialista pragmático, o Brasil não dependia da generosidade de Chávez para seu bem-estar econômico. Ao contrário, o Brasil tem a maior e mais dinâmica economia da América Latina. Portanto, seu poder econômico e industrial prevaleceria sobre as ambições de um homem louco como Chávez, cujo poder depende unicamente da produção de petróleo.
Porém, o Brasil de Lula tem algumas contradições inerentes.
O Partido dos Trabalhadores (PT)
O partido de Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT) foi fundado em 1980, pelos sindicatos que surgiram no Brasil como conseqüência da crescente urbanização. O PT, ao contrário de muitas elites dos partidos na América Latina, inclui organizações de base populares com a participação permanente nas decisões em todos os níveis. O PT inclui um alcance total de movimentos sociais e populares, como sindicatos, grupos de direitos humanos, grupos de Teologia da Libertação dentro da Igreja Católica (grupo cristão que tenta conciliar entre a teologia cristã e o marxismo), ambientalistas, grupos de mulheres, indígenas, afrobrasileiros e o poderoso movimento sem-terra (MST).
O componente radical do PT era claro. Lula tinha simpatia com as idéias de Fidel Castro e juntos fundaram o "Foro de São Paulo." O Foro se comprometeu em apresentar uma alternativa contra o consenso de Washington e suas políticas neoliberais, bem como às políticas da terceira via da esquerda européia. O Foro foi construído como uma rede latinoamericana de solidariedade entre os comunistas, socialistas e vários grupos, incluindo alguns guerrilheiros, para fortalecer-se na seqüência do colapso do império soviético. Entre os líderes do "Foro" inclue-se indivíduos como Daniel Ortega dos sandinistas, bem como líderes de movimentos da guerrilha, como a Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a União Revolucionária da Guatemala (URNG), Frente Farabundo Martí de Liberación Nacional (FMLN) de El Salvador e do Partido da Revolução Democrática do México (PRD). A teologia da libertação é também parte do Foro. Hugo Chávez se juntou ao Foro em 1995, quando ainda não era presidente da Venezuela.
O "Foro" é titular de um ardente apelo antiglobalização, de uma postura antiamericana, e também fala em direitos das populações indígenas promovendo o separatismo indígena dos estados nacionais latino-americano.
Assim, não era de se admirar que a Administração Bush olhasse com ceticismo a eleição de Lula à presidência em 2002. Inicialmente, as suspeitas eram justificadas, pois o Brasil mudou para poder aplicar alguns de seus programas ideológicos do terceiro mundo.
Como exemplo, o Brasil sediou a cimeira na América do Sul, da cumbre árabe em maio de 2005, quando aprovou a resolução de Brasília. A resolução elogiou o governo do Sudão por sua ajuda em tentar resolver o problema na região de Darfur, sem mencionar sua responsabilidade direta pelo genocídio que ocorre lá. A resolução também instou a luta contra o terrorismo em uma conferência internacional, através de estudo e definição sobre o assunto, mas de tal forma que se evitou uma condenação clara e inequívoca do terrorismo atual. Da mesma forma, condenou a "Syria Accountability Act", uma lei aprovada pelo Governo americano para impor sanções à Síria em meio ao seu apoio ao terrorismo. Além disso, os participantes queriam um Tribunal Internacional de Justiça para exigir que Israel derrubasse a barreira de segurança que havia construído para prevenir-se dos ataques terroristas.
Ideologia versus pragmatismo
Apesar do socialismo de Lula e de seu antiimperialismo terceiro mundista, ele rapidamente se transformou como um pragmático na política interna e externa. Uma vez no poder, o PT construiu uma ampla coalizão com os partidos do centro e da direita, incluindo a nomeação de conservadores no gabinete. Também estabeleceu cooperação com empresários e com adeptos das políticas neoliberais.
Na política externa, apesar da abordagem tradicional antiimperialista do PT, o partido não procurou confronto com os Estados Unidos ou com o FMI. Da mesma forma, ele manteve certa distância de seus companheiros do "Foro", Hugo Chávez e Fidel Castro, recusando-se a adotar seus dogmatismos antiamericanos. Lula assinou acordos bilaterais de cooperação com os EUA para desenvolver energias alternativas na região. Recentemente, ele também se distanciou de todos os que na América se opuseram à criação de mais bases militares na Colômbia.
A atitude de Lula levou os responsáveis políticos dos EUA a acreditarem que ele tinha a legitimidade e o pragmatismo que poderiam eclipsar Chávez. No entanto, um grande e perigoso passo foi dado por Brasília nos últimos meses.
Reversão de Lula: Abraçando o Irã e habilitando Chávez
No verão passado, depois das eleições presidenciais do Irã, em 12 de junho, o presidente Lula foi o primeiro líder ocidental a reconhecer a vitória e dar legitimidade ao presidente iraniano, o ditador Mahmoud Ahmadinejad, apesar dos amplos indícios de fraude generalizada. O fato dos valentes cidadãos protestarem pela liberdade contra o regime teocrático nada significou para Lula. Na verdade, Lula ridiculamente comparou os protestos pós-eleição em Teerã com uma briga entre torcedores de dois times de futebol no Rio de Janeiro. Nenhum outro país no Ocidente, com exceção da Venezuela, reconheceu a legitimidade do resultado das eleições iranianas.
Lula foi mais adiante. Durante a última Assembléia Geral da ONU, ele defendeu a relação do Brasil com o Irã, basicamente dizendo que ele não pode julgar as ambições nucleares daquele país ou a forma como as eleições foram conduzidas em junho. Ele também assinalou que "não é vergonhoso ter relações com o Irã". Referindo-se ao antisemitismo do Irã e a sua negação do Holocausto, Lula defendeu o direito de Ahmadinejad de "pensar diferente". Em seguida, Lula anunciou que o Brasil vai enviar uma missão comercial ao Irã, nos próximos meses, para explorar áreas de investimento conjunto. O comércio entre os dois países quadruplicou nos últimos cinco anos.
Parece agora que Lula da Silva, depois de anos de pragmatismo e centrismo está retornando aos dias de radicalismo. O que é pior, Lula passou de mera retórica para a política perigosa. Ele ofereceu a embaixada do Brasil em Tegucigalpa para Mel Zelaya, o ex presidente de Honduras, que foi deposto no final de junho. Zelaya doi destituido porque pediu uma reforma constitucional, seguindo o modelo de Chávez, desobedecendo a Constituição, a vontade do Congresso e do Tribunal Supremo de Honduras. Zelaya fez isso depois de desenvolver estreitas relações com Hugo Chávez.
A restauração de Zelaya ao poder não foi apenas uma ordem do seu patrão, Hugo Chávez, mas também consta na agenda da Organização dos Estados Americanos (OEA) e do Governo americano. As negociações para restabelecer Zelaya não estavam andando, e então o Brasil entrou oferecerendo sua embaixada em Tegucigalpa para hospedar Zelaya, enquanto ele se organiza para voltar ao poder. Embora nós não saibamos como a situação evoluirá em Honduras, é evidente que a presença de Zelaya no país agrava a violência e intensifica a possibilidade de uma guerra civil. Em outras palavras, o Brasil está promovendo ativamente a violência em Honduras para servir aos interesses de ninguém menos que Hugo Chávez.
Curiosamente, as tensões entre as alas do PT e Lula têm sido registradas há anos. A maioria destas tensões emana de denúncias de correntes radicais do PT que afirmam que Lula não realizou o suficientemente as reformas sociais. Um desses movimentos é o MST, que forma parte integrante da fundação do PT. O MST é um movimento social cuja meta de alcançar a reforma agrária é baseada numa radical ideologia extremista que usa da violência em suas ações.
O MST, como base do PT, faz parte do Congresso Bolivariano de los Pueblos (CBP), uma organização controlada por Hugo Chávez, que visa se alinhar com outras bases em todo continente. Essas organizações ajudam a aprofundar a revolução bolivariana de Chávez. Além disso, eles costumam receber fundos do presidente venezuelano. O site do MST (www.mstbrazil.org) apresenta artigos e materiais de apoio a Hugo Chávez, e destaca as conquistas de sua revolução.
Em outras palavras, o governo Lula parece estar deixando o caminho pragmático e abraçando as demandas dos mais radicais e da maioria das facções ideológicas dentro de sua circunscrição. Do mesmo modo, sua política em relação ao Irã parece reativar os objetivos do "Foro de São Paulo".
Será que esse comportamento serve aos interesses do Brasil?
Chávez tem relações muito próximas com o Irã. Os dois países são parceiros em empreendimentos bancários cuja única finalidade é ajudar o Irã a evitar as sanções impostas a ele. É uma forma eficaz de ajudar Teerã, mas isto pode auxiliár o país no desenvolvimento de seu perigoso programa nuclear. Chávez também vai começar a vender 15% de sua gasolina ao Irã, com o mesmo objetivo em mente. Também tem sido relatado já há muito tempo e recentemente foi confirmado por um alto funcionário venezuelano que ambos os países estão cooperando em questões relacionadas à extração de urânio com o qual o Irã poderá desenvolver bomba atômica e outros aspectos da tecnologia nuclear.
A Venezuela tem sido o principal apoio do Irã, em todo o mundo. Como resultado, o Irã está profundamente grato a Chávez. Tendo isto em conta, ¿o que o Irã vai fazer para pagar seu amigo sul-americano? Mais provavelmente, Chávez irá pedir que o país lhe forneça armas nucleares tão logo as obtenha. Chávez é um homem com ambições imperiais que anseia por poder. Ultimamente, ele tem comprado grandes quantidades de armas sofisticadas da Rússia.
Seguindo esta lógica, é claro que ter uma arma nuclear dará a Chávez o respeito e o temor que ele precisa para levar à cabo seu programa de exportar sua revolução, bem como controlar os países, tanto quanto seja possível. Isto é ainda mais alarmante se nos perguntamos, ¿por que o Irã se recusa a fornecer armas para Chávez, quando, na verdade, essas armas podem colocar os EUA sob ameaça direta e proporcionar ao Irã um fator de dissuasão.
Lula não é apenas o líder dos pobres do Brasil. Ele foi apoiado por um grande componente da classe média que, provavelmente, rejeita seu comportamento. Pesquisas já indicam que o candidato do PT ocupa a terceira posição para as próximas eleições presidenciais.
Além disso, em seu desejo de se tornar um país influente no mundo, o Brasil está buscando um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nas atuais circunstâncias, o Brasil não merece esse lugar, a menos que se comporte com responsabilidade. Ninguém que tenha um ponto de vista moral e político relativista sobre indivíduos sinistros como Chávez e Ahmadinejad, deve ser aceito na comunidade dos líderes mundiais.
Ao contrário, o Brasil deve superar sua esquizofrenia moral e política, e ficar ao lado da civilização e da liberdade contra a barbárie e a opressão do eixo Teerã-Caracas.
Luis Fleischman escreve para The Cutting Edge Notícias, é Consultor Sênior de Segurança Hemisférica do Projeto Menges do Centro de Política de Segurança, em Washington DC e professor adjunto de Sociologia e Ciência Política na Flórida Atlantic University – Spero News
Tradução de Arthur para o MOVCC
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