Supositório-explosivo é a nova arma dos islamitas

A CENA TEVE LUGAR A 5.000 KM DE PARIS

Em 28 de agosto passado, Abul Khair, um ativista islâmico detido pelas autoridades sauditas, detonou uma explosão por meio de um celular no palácio do príncipe Mohammed bin Nayef, responsável pela luta contra o extremismo na Arábia Saudita. Era o momento da recepção tradicional para romper o jejum. O homem chegou para visitar e implorar a clemência do príncipe, ele disse. Os guardiões do palácio Place Beauvau não tiveram presença de espírito para desconfiar. Sem embargo, o príncipe se aproximou sozinho e o terrorista então manejou seu celular enviando o sinal de rádio freqüência que acionou o dispositivo. Ouviu-se uma explosão...

Milagrosamente, Mohammed Bin Nayef escapou com apenas alguns arranhões. O visitante suicida, entretanto, teve o corpo despedaçado em mais de setenta pedaços. Ele emulou-se com sua bomba.

O atentado foi reivindicado oficialmente pela rede Al-Qaeda. Na foto: Controle no aeroporto de Roissy. Para este novo tipo de terrorismo, apenas os raios-X são eficazes para detectar cápsulas dentro do corpo.
Le Figaro – Crédito das fotos: SIPA- Por Jean-Marc Leclerc

UMA BOMBA INDETECTÁVEL

O novo “modus operandi” da Al-Qaeda

Um documento dos serviços antiterror da França, obtido pelo jornal Le Figaro, revela que a rede Al-Qaeda estaria utilizando explosivos introduzidos como supositórios no interior do corpo para cometer atentados suicidas.

Segundo informações obtidas pela Direção Central de Informação Doméstica, o novo serviço antiterror criado na França, e pela Unidade de Coordenação da Luta Antiterror, a organização extremista já cometeu um atentado desse tipo na Arábia Saudita em agosto passado.

Risco para aviões
As investigações revelaram que o ativista islâmico não usava explosivos amarrados em um cinto, como ocorre normalmente. Ele carregava a bomba no interior de seu corpo, algo até então inédito, ressaltam os especialistas franceses.

"Explosivos ingeridos, ou melhor introduzidos como um supositório, ou seja, indetectáveis", diz a nota oficial francesa enviada ao ministro do Interior, Brice Hortefeux, e revelada pelo jornal Le Figaro.

Segundo os serviços franceses, esse novo modo de operação para cometer atentados representa um desafio para as atuais estruturas de segurança, principalmente no que diz respeito nos controles de embarque em aeroportos. O esquema de segurança nos aeroportos não dispõe de meios de controle generalizado de todos os passageiros para detectar explosivos escondidos dessa forma.

"Nossas plataformas aéreas são equipadas com detectores de metais. Mas no caso do kamikaze saudita, somente um exame de raio X teria permitido detectar o explosivo", diz um policial especializado nesse tipo de operação ao jornal.

'Raio X seria Impensável'
O Le Figaro afirma que os conselheiros do ministro francês do Interior dizem ser "impensável" generalizar a utilização de raios X para permitir o embarque nos aviões. Especialistas da polícia técnica evocam a possibilidade de controlar o sistema de detonação, ou seja, o telefone celular que envia o sinal da explosão por frequência de rádio.

O jornal questiona se passaria a ser necessário "entregar os celulares à tripulação do avião, que os devolveria após o voo".

O governo francês quer reforçar o controle de passageiros de companhias aéreas e estuda a possibilidade de obrigar as empresas a fornecer dados mais detalhados já no momento da reserva das passagens de voos com origem fora da Europa. As companhias poderão ter de informar os modos de pagamento, endereço do passageiro e do hotel onde ele se hospedará na França.

Esse sistema já é aplicado para passageiros de países como Irã, Paquistão, Síria, Iêmen, Argélia e Mali.
Fonte G1

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