TCU condena membro de comitê da Rio 2016

TRIBUNAL DETERMINA A DEVOLUÇÃO DE R$ 18,4 MI AOS COFRES PÚBLICOS

Indicado pelo Ministério dos Esportes para integrar o Comitê da Rio 2016, responsável pela candidatura do Rio às Olimpíadas, Ricardo Leyser Gonçalves — cotado para permanecer como representante do governo federal no grupo que organizará os Jogos — foi condenado pelo TCU a devolver R$ 18,4 milhões aos cofres públicos, junto com outros envolvidos na organização do PanAmericano de 2007. Para o TCU, Leyser foi um dos responsáveis por supostas irregularidades nos gastos com o evento. Ele foi condenado em dois processos de denúncias de superfaturamento e pagamento por serviços não prestados, mas nega as acusações e diz ter recorrido. Por Bernardo Mello Franco

Leyser é militante do PCdoB e integra a cúpula do Ministério do Esporte desde o início do governo Lula, em 2003. Coordenou os investimentos federais no Pan e se tornou um dos assessores mais influentes do atual ministro, Orlando Silva. Desde o início do ano, comanda a Secretaria de Alto Rendimento.

O TCU cobrou a restituição dos gastos em dois processos julgados em junho. Num dos casos, que soma R$ 2 milhões, o tribunal viu indícios de superfaturamento em serviços de hotelaria e montagem de infraestrutura na Vila do Pan. Segundo o voto do ex-ministro Marcos Vilaça, que relatou as contas do Pan, o governo pagou o equivalente a 12 horas de trabalho de eletricista e marceneiro e quase seis de vidraceiro para instalar cada aparelho de ar-condicionado.

Em outro sinal de desperdício, o contrato teria gerado uma despesa equivalente a dez dias úteis de aluguel de parafusadeira e furadeira para instalar cada persiana nos quartos da vila.

No segundo processo, em que cobra a devolução de mais de R$ 16 milhões, o TCU responsabiliza Leyser, seu assessor Luiz Custódio de Freitas e a Fast Engenharia e Montagens S/A por irregularidades na contratação de estruturas provisórias.

Só em serviços cuja execução não teria sido comprovada, o tribunal aponta gastos de R$ 6,8 milhões. Outros R$ 4,1 milhões teriam sido liberados em pagamentos com duplicidade.

Leyser se disse alvo de perseguição: — São processos antigos.

Ressuscitar isso parece um movimento encomendado para me atingir. Pode haver gente inconformada com a vitória do Rio ou preocupada com o papel que vou assumir na organização das Olimpíadas.

No Rio, perguntado sobre o orçamento do Pan, maior do que o planejado, o prefeito Eduardo Paes, à época secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer, minimizou o problema: — O Pan foi muito maior e melhor que o planejado. A gente não pode tratar os Jogos PanAmericanos como problema. O Globo

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