“ELE ESTÁ CONDENADO POR CRIMES GRAVES, NÃO POR RAZÕES POLÍTICAS”
Antes de participar das reuniões prévias à Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, na Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em Roma, o Lula da Silva teve uma audiência com o ex-presidente do Conselho Italiano, Massimo D’Alema, na tarde de ontem.
Na reunião, fechada à imprensa e realizada no Hotel Hassler, que hospedaa delegação na capital italiana, o chefe de Estado brasileiro e o ex-líder comunista italiano, hoje deputado do Partido Democrático (PD), discutiram os rumos da esquerda no mundo.
Questionado pela imprensa, D’Alema admitiu que o futuro do ex-ativista de extrema esquerda Cesare Battisti também foi debatido.
O PD, principal partido de centro- esquerda italiano, é favorável à extradição, que vem sendo discutida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. "O presidente me explicou que a questão está nas mãos dos magistrados. Caberá à magistratura decidir nos próximos dias", relatou D’Alema.
O deputado argumentou ainda sobre sua posição, favorável à extradição: "É uma pessoa condenada em nosso país e é justo que cumpra a pena em nosso país. É normal. Ele está condenado por graves crimes, não por razões políticas".
No sábado, ainda em Paris, Lula disse aos jornalistas qual será seu procedimento caso o STF ordene a extradição do ex-ativista de extrema esquerda Cesare Battisti, ex-membro do movimento Proletários Armados pelo Comunismo. "O presidente da República do Brasil pouco pode fazer quando o processo está nas mãos da instância superior da Justiça brasileira", disse. "O processo sobre Battisti está no Supremo Tribunal Federal e eu tenho de esperar a decisão da suprema corte para saber se sobra alguma coisa para o presidente da República fazer."
Lula ainda fez brincadeira sobre a greve de fome iniciada por Battisti no Brasil: "Eu diria a ele para não fazer greve de fome, porque eu já fiz e é ruim". Jornal de Brasília
REPRESENTANTE DE VÍTIMAS DO TERRORISMO FAZ GREVE DE FOME POR EXTRADIÇÃO DE BATTISTI
Bruno Berardi é abordado por transeuntes que o cumprimentam e o incentivam enquanto posa para fotografias diante da Embaixada do Brasil em Roma, na movimentada Piazza Navona. Desde sábado, Berardi, presidente da associação de vítimas do terrorismo Domus Civita, está em greve de fome para protestar a favor da extradição de Cesare Battisti.
Muito bem, é corajoso da sua parte", diz um casal. "Eles têm de extraditá-lo." Berardi diz que deixou de comer e beber em "contraposição" à greve de fome de Battisti, que iniciou o jejum na quinta dizendo que prefere morrer de fome "do que pelas mãos de seus carrascos".
Nós, vítimas do terrorismo, pedimos aos brasileiros e ao presidente Lula da Silva que não ouçam só a voz de Cesare Battisti, mas também nossa voz", disse Berardi à Folha. "Esse senhor não tem nada a ver com política. É um criminoso que matou quatro pessoas e quer parecer alguém que participou de luta política. Ele deve ser extraditado à Itália. Ele matou, tem de haver justiça."
Filho de um oficial da polícia morto pelas Brigadas Vermelhas em 1978, Berardi está em sua segunda greve de fome. Na outra, "há alguns anos", diz que perdeu 20 kg em duas semanas, no julgamento de um militante. "Foi bom, eu pesava 140 quilos", brincou. Hoje, pesa em torno de cem. "Vai que consigo emagrecer outra vez."
Berardi afirma ter conversado com os parentes das vítimas de Battisti, que estão, diz, "decepcionados". Agora, quer falar com Lula para expor a posição dos familiares. "Se ele me convidar, eu declararei nossa posição, a das famílias, que é a de que Battisti deve cumprir uma pena longa no nosso país."
A Justiça italiana condenou Battisti à prisão perpétua por envolvimento no assassinato de quatro pessoas nos anos 1970, quando era militante do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Ele alega que seu crime foi político. O Brasil, para onde foi após fugir para a França, concedeu-lhe status de refugiado. O Supremo deve decidir nesta quarta sobre a extradição - a votação está empatada, faltando apenas o voto do ministro Gilmar Mendes. O STF pode ainda remeter a decisão a Lula.
"Se decidirem contra a extradição, eu continuarei a passar fome e sede, porque, nesse caso, morre a Justiça do mundo", diz Berardi. "Antes que a matem, morro eu, porque não é possível confundir as vítimas com o criminoso." Por Luciana Coelho, enviada a Roma - Folha de S. Paulo
Antes de participar das reuniões prévias à Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, na Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em Roma, o Lula da Silva teve uma audiência com o ex-presidente do Conselho Italiano, Massimo D’Alema, na tarde de ontem.
Na reunião, fechada à imprensa e realizada no Hotel Hassler, que hospedaa delegação na capital italiana, o chefe de Estado brasileiro e o ex-líder comunista italiano, hoje deputado do Partido Democrático (PD), discutiram os rumos da esquerda no mundo.
Questionado pela imprensa, D’Alema admitiu que o futuro do ex-ativista de extrema esquerda Cesare Battisti também foi debatido.
O PD, principal partido de centro- esquerda italiano, é favorável à extradição, que vem sendo discutida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. "O presidente me explicou que a questão está nas mãos dos magistrados. Caberá à magistratura decidir nos próximos dias", relatou D’Alema.
O deputado argumentou ainda sobre sua posição, favorável à extradição: "É uma pessoa condenada em nosso país e é justo que cumpra a pena em nosso país. É normal. Ele está condenado por graves crimes, não por razões políticas".
No sábado, ainda em Paris, Lula disse aos jornalistas qual será seu procedimento caso o STF ordene a extradição do ex-ativista de extrema esquerda Cesare Battisti, ex-membro do movimento Proletários Armados pelo Comunismo. "O presidente da República do Brasil pouco pode fazer quando o processo está nas mãos da instância superior da Justiça brasileira", disse. "O processo sobre Battisti está no Supremo Tribunal Federal e eu tenho de esperar a decisão da suprema corte para saber se sobra alguma coisa para o presidente da República fazer."
Lula ainda fez brincadeira sobre a greve de fome iniciada por Battisti no Brasil: "Eu diria a ele para não fazer greve de fome, porque eu já fiz e é ruim". Jornal de Brasília
REPRESENTANTE DE VÍTIMAS DO TERRORISMO FAZ GREVE DE FOME POR EXTRADIÇÃO DE BATTISTI
Bruno Berardi é abordado por transeuntes que o cumprimentam e o incentivam enquanto posa para fotografias diante da Embaixada do Brasil em Roma, na movimentada Piazza Navona. Desde sábado, Berardi, presidente da associação de vítimas do terrorismo Domus Civita, está em greve de fome para protestar a favor da extradição de Cesare Battisti.
Muito bem, é corajoso da sua parte", diz um casal. "Eles têm de extraditá-lo." Berardi diz que deixou de comer e beber em "contraposição" à greve de fome de Battisti, que iniciou o jejum na quinta dizendo que prefere morrer de fome "do que pelas mãos de seus carrascos".
Nós, vítimas do terrorismo, pedimos aos brasileiros e ao presidente Lula da Silva que não ouçam só a voz de Cesare Battisti, mas também nossa voz", disse Berardi à Folha. "Esse senhor não tem nada a ver com política. É um criminoso que matou quatro pessoas e quer parecer alguém que participou de luta política. Ele deve ser extraditado à Itália. Ele matou, tem de haver justiça."
Filho de um oficial da polícia morto pelas Brigadas Vermelhas em 1978, Berardi está em sua segunda greve de fome. Na outra, "há alguns anos", diz que perdeu 20 kg em duas semanas, no julgamento de um militante. "Foi bom, eu pesava 140 quilos", brincou. Hoje, pesa em torno de cem. "Vai que consigo emagrecer outra vez."
Berardi afirma ter conversado com os parentes das vítimas de Battisti, que estão, diz, "decepcionados". Agora, quer falar com Lula para expor a posição dos familiares. "Se ele me convidar, eu declararei nossa posição, a das famílias, que é a de que Battisti deve cumprir uma pena longa no nosso país."
A Justiça italiana condenou Battisti à prisão perpétua por envolvimento no assassinato de quatro pessoas nos anos 1970, quando era militante do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Ele alega que seu crime foi político. O Brasil, para onde foi após fugir para a França, concedeu-lhe status de refugiado. O Supremo deve decidir nesta quarta sobre a extradição - a votação está empatada, faltando apenas o voto do ministro Gilmar Mendes. O STF pode ainda remeter a decisão a Lula.
"Se decidirem contra a extradição, eu continuarei a passar fome e sede, porque, nesse caso, morre a Justiça do mundo", diz Berardi. "Antes que a matem, morro eu, porque não é possível confundir as vítimas com o criminoso." Por Luciana Coelho, enviada a Roma - Folha de S. Paulo
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