Faz 24 anos da redemocratização e 21 da promulgação da Carta que restabeleceu o estado de direito democrático, e mesmo assim percebesse que as instituições republicanas, base da democracia representativa, ainda padecem de investidas do autoritarismo e dão sinais de ainda não estar consolidadas.
Se assim não fosse, não estaria agora o Senado, em aberto desafio ao Supremo Tribunal Federal, recusandose a executar uma decisão final sobre o mandato do senador tucano Expedito Júnior (RO), numa afronta capaz de nivelar o Brasil a uma dessas “repúblicas bananeiras” bolivarianas. Editorial O Globo
Com isso, parlamentares que já acusaram a Corte de “judicializar” a política — quando ela apenas cumpre a função legal de mediar, decidir conflitos com base na Constituição — agora pretendem, ao arrepio da sensatez e do estado de direito, “politizar” a Justiça, ao transformar o Senado numa instância de recurso ao STF, uma inversão aberrante de papéis.
Não fosse suficiente esta afronta engendrada no Legislativo, inspirada no compadrio e corporativismo, do Executivo partem ações contra o equilíbrio entre os poderes inspiradas num indisfarçável modelo de Estado hipertrofiado, controlador do Parlamento pelas rédeas da fisiologia, amestrador de organizações da sociedade civil pelo uso farto de dinheiro público com fins clientelistas, tudo assentado numa estrutura de poder alimentada pelo aparelhamento da máquina pública conduzido, entre outros agentes, por corporações sindicais de forte presença nas altas finanças.
A interpretação de que sindicalistas ligados ao PT, convertidos em homens de empresa, à frente de bilionários fundos de pensão de empresas estatais, haviam se descolado das origens e instituído nova classe social não partiu de algum “golpista neoliberal”, mas de um dos fundadores do partido, o sociólogo Chico de Oliveira.
Criador do Cebrap, importante bunker de resistência à ditadura, junto com o próprio Chico de Oliveira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, em artigo no GLOBO, tirou detalhada radiografia do atual estágio do governo Lula e detectou traços de um “subperonismo”.
Nele, a popularidade do presidente se junta ao tal aparelhamento do Estado, à subjugação do Parlamento, e produz uma argamassa de “autoritarismo popular” capaz de fazer sorrir um Hugo Chávez. Não sem motivo, o ex-presidente do BC Armínio Fraga pediu, em entrevista ao jornal “Valor”, a reestatização do Estado.
Seria trágico se o mais longo período de liberdade na história da República terminasse imolado no altar da tradição autoritária brasileira, que se deseja debelada para sempre. Não importa se as liberdades são tolhidas por generais ou comissários de partido, se o agente da supressão da democracia aparece de verde-oliva ou com vestes nacionalistas e coreografias do populismo. O arbítrio será o mesmo.
Se assim não fosse, não estaria agora o Senado, em aberto desafio ao Supremo Tribunal Federal, recusandose a executar uma decisão final sobre o mandato do senador tucano Expedito Júnior (RO), numa afronta capaz de nivelar o Brasil a uma dessas “repúblicas bananeiras” bolivarianas. Editorial O Globo
Com isso, parlamentares que já acusaram a Corte de “judicializar” a política — quando ela apenas cumpre a função legal de mediar, decidir conflitos com base na Constituição — agora pretendem, ao arrepio da sensatez e do estado de direito, “politizar” a Justiça, ao transformar o Senado numa instância de recurso ao STF, uma inversão aberrante de papéis.
Não fosse suficiente esta afronta engendrada no Legislativo, inspirada no compadrio e corporativismo, do Executivo partem ações contra o equilíbrio entre os poderes inspiradas num indisfarçável modelo de Estado hipertrofiado, controlador do Parlamento pelas rédeas da fisiologia, amestrador de organizações da sociedade civil pelo uso farto de dinheiro público com fins clientelistas, tudo assentado numa estrutura de poder alimentada pelo aparelhamento da máquina pública conduzido, entre outros agentes, por corporações sindicais de forte presença nas altas finanças.
A interpretação de que sindicalistas ligados ao PT, convertidos em homens de empresa, à frente de bilionários fundos de pensão de empresas estatais, haviam se descolado das origens e instituído nova classe social não partiu de algum “golpista neoliberal”, mas de um dos fundadores do partido, o sociólogo Chico de Oliveira.
Criador do Cebrap, importante bunker de resistência à ditadura, junto com o próprio Chico de Oliveira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, em artigo no GLOBO, tirou detalhada radiografia do atual estágio do governo Lula e detectou traços de um “subperonismo”.
Nele, a popularidade do presidente se junta ao tal aparelhamento do Estado, à subjugação do Parlamento, e produz uma argamassa de “autoritarismo popular” capaz de fazer sorrir um Hugo Chávez. Não sem motivo, o ex-presidente do BC Armínio Fraga pediu, em entrevista ao jornal “Valor”, a reestatização do Estado.
Seria trágico se o mais longo período de liberdade na história da República terminasse imolado no altar da tradição autoritária brasileira, que se deseja debelada para sempre. Não importa se as liberdades são tolhidas por generais ou comissários de partido, se o agente da supressão da democracia aparece de verde-oliva ou com vestes nacionalistas e coreografias do populismo. O arbítrio será o mesmo.
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