Passadas quase duas semanas do apagão que atingiu 18 Estados, no dia 10, o governo ainda não conseguiu dar uma explicação plausível sobre as causas que deixaram mais de 50 milhões de brasileiros na escuridão. Permanece sem resposta a mesma questão levantada em editorial do Valor, na edição que circulou dia 15: o que ocorreu foi uma pane acidental ou uma falha estrutural do sistema elétrico brasileiro.
Está prevista para hoje a divulgação de um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e este pode trazer um diagnóstico definitivo, que esclareça porque o sistema elétrico do país é vulnerável, já que fatores meteorológicos - chuvas, raios e ventos - sempre existiram e continuarão a existir.
A expectativa é de que esse relatório explique o efeito dominó (três linhas de transmissão de Itaipu caíram ao mesmo tempo), os esquemas de controles automáticos e o tempo de recomposição e, mais importante ainda, o que o governo precisará fazer para minimizar os efeitos de um apagão dessa natureza.
De antemão, porém, o diretor-presidente do ONS, Hermes Chipp, assegurou que não houve falhas operacionais ou de manutenção dos equipamentos, e que não há um sistema de energia que seja imune a blecautes. O ONS trabalha com duas hipóteses para o curto-circuito com descarga elétrica que provocou o apagão: condições climáticas desfavoráveis e descarga elétrica.
Chipp já adiantou, também, que nenhum país do mundo, mesmo os mais ricos, tem um planejamento redundante para suportar fenômenos como os ocorridos no dia 10, por ser extremamente caro e exigir a cobrança de uma tarifa muito onerosa da sociedade.
O sistema elétrico brasileiro é totalmente interligado e demanda milhares de quilômetros de linhas de transmissão, o que, por si só, aumenta o risco de acidentes ou falhas; e é muito dependente da energia de Itaipu - que abastece cerca de 20% do país. Diminuir a concentração da oferta de energia de Itaipu seria uma forma de mitigar os efeitos de eventuais blecautes.
Nesse ponto, entra um outro aspecto do debate: o das licenças ambientais. Era esperada para a semana passada a publicação da licença prévia para que seja realizado o leilão da usina de Belo Monte, no Pará. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), responsável pela análise e publicação das licenças, porém, frustrou as expectativas. Diante de mais um atraso, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, reclamou: "Cada novo empreendimento hídrico parece ser uma epopeia". Usina de 11,3 mil MW, Belo Monte é importante inclusive para diminuir a dependência de Itaipu.
O presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, disse que "variáveis estocásticas" impediram o cumprimento de prazo da publicação da licença prévia e, portanto, ele prefere não assumir compromisso com uma nova data.
O apagão não foi suficiente para manchar a imagem do Brasil no exterior, embora alguns jornais estrangeiros tenham ressaltado que o evento expôs a fragilidade da infraestrutura de eletricidade no Brasil e, também questionado se o país estará preparado a tempo para a Copa do Mundo em 2014 e para a Olimpíada em 2016.
Cabe ao governo, portanto, dar respostas às várias indagações que ficaram no ar; muitos dias já se passaram sem que esclarecimentos convincentes tenham surgido.
O apagão de informações, além de ser um descaso com o cidadão, contribuinte e consumidor, deixa espaços vagos para galhofas, como a atitude da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados.
Na semana passada a Comissão aprovou a inclusão de convite à Fundação Cacique Cobra Coral para que esta entidade esotérica envie um representante capaz de explicar aos parlamentares as causas do apagão. A fundação, conforme consta do seu site, "foi criada para intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza". Outros convidados da Comissão são os ministros da Casa Civil, Dilma Roussef, e das Minas e Energia, Edison Lobão. Valor Econômico –
Está prevista para hoje a divulgação de um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e este pode trazer um diagnóstico definitivo, que esclareça porque o sistema elétrico do país é vulnerável, já que fatores meteorológicos - chuvas, raios e ventos - sempre existiram e continuarão a existir.
A expectativa é de que esse relatório explique o efeito dominó (três linhas de transmissão de Itaipu caíram ao mesmo tempo), os esquemas de controles automáticos e o tempo de recomposição e, mais importante ainda, o que o governo precisará fazer para minimizar os efeitos de um apagão dessa natureza.
De antemão, porém, o diretor-presidente do ONS, Hermes Chipp, assegurou que não houve falhas operacionais ou de manutenção dos equipamentos, e que não há um sistema de energia que seja imune a blecautes. O ONS trabalha com duas hipóteses para o curto-circuito com descarga elétrica que provocou o apagão: condições climáticas desfavoráveis e descarga elétrica.
Chipp já adiantou, também, que nenhum país do mundo, mesmo os mais ricos, tem um planejamento redundante para suportar fenômenos como os ocorridos no dia 10, por ser extremamente caro e exigir a cobrança de uma tarifa muito onerosa da sociedade.
O sistema elétrico brasileiro é totalmente interligado e demanda milhares de quilômetros de linhas de transmissão, o que, por si só, aumenta o risco de acidentes ou falhas; e é muito dependente da energia de Itaipu - que abastece cerca de 20% do país. Diminuir a concentração da oferta de energia de Itaipu seria uma forma de mitigar os efeitos de eventuais blecautes.
Nesse ponto, entra um outro aspecto do debate: o das licenças ambientais. Era esperada para a semana passada a publicação da licença prévia para que seja realizado o leilão da usina de Belo Monte, no Pará. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), responsável pela análise e publicação das licenças, porém, frustrou as expectativas. Diante de mais um atraso, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, reclamou: "Cada novo empreendimento hídrico parece ser uma epopeia". Usina de 11,3 mil MW, Belo Monte é importante inclusive para diminuir a dependência de Itaipu.
O presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, disse que "variáveis estocásticas" impediram o cumprimento de prazo da publicação da licença prévia e, portanto, ele prefere não assumir compromisso com uma nova data.
O apagão não foi suficiente para manchar a imagem do Brasil no exterior, embora alguns jornais estrangeiros tenham ressaltado que o evento expôs a fragilidade da infraestrutura de eletricidade no Brasil e, também questionado se o país estará preparado a tempo para a Copa do Mundo em 2014 e para a Olimpíada em 2016.
Cabe ao governo, portanto, dar respostas às várias indagações que ficaram no ar; muitos dias já se passaram sem que esclarecimentos convincentes tenham surgido.
O apagão de informações, além de ser um descaso com o cidadão, contribuinte e consumidor, deixa espaços vagos para galhofas, como a atitude da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados.
Na semana passada a Comissão aprovou a inclusão de convite à Fundação Cacique Cobra Coral para que esta entidade esotérica envie um representante capaz de explicar aos parlamentares as causas do apagão. A fundação, conforme consta do seu site, "foi criada para intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza". Outros convidados da Comissão são os ministros da Casa Civil, Dilma Roussef, e das Minas e Energia, Edison Lobão. Valor Econômico –
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