Senador italiano vê "patetice" de Tarso

Além do parlamentar, ministro ironiza titular da Justiça por criticar 'fascismo crescente' no país

As críticas feitas pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, ao que chamou de "fascismo crescente" na Itália, geraram reações em Roma ontem, tanto do governo como no Legislativo. "A amizade entre a Itália e o Brasil é tal que podemos ignorar mais uma vez a patetice dita pelo senhor Genro", replicou o presidente do Senado, Maurizio Gasparri. O ministro da Defesa, Ignazio La Russa, também foi irônico ao dar "parabéns" ao ministro brasileiro.

Foi Tarso Genro quem concedeu o status de refugiado político ao ex-guerrilheiro de extrema esquerda Cesare Battisti, em janeiro - o que foi considerado ilegal pelo Supremo Tribunal Federal na primeira parte do julgamento do italiano. Por Andrei Netto

Na última quinta-feira, o ministro da Justiça defendeu a permanência do ativista no Brasil. "A Itália não é um país nazista nem fascista, mas vem sendo constatado um crescimento preocupante do fascismo em parte da população italiana", afirmou Tarso, citando uma das razões pelas quais, segundo ele, o Lula da Silva deve confirmar seu parecer favorável à permanência de Battisti no País, contrariando a decisão do STF.

Ontem, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, o premiê Silvio Berlusconi e o ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini, mantiveram silêncio diante das declaração do ministro de Lula. O único representante do Executivo a falar do assunto foi o ministro da Defesa, ao ser questionado por jornalistas. "Genro é livre para expressar suas opiniões, como fazemos aqui na Itália", ironizou

Ignazio La Russa. "Em governos fascistas, a liberdade de expressão é limitada." Ele ainda completou seu comentário sobre Tarso: "Parabéns."

Embora soe agressiva, a crítica a um viés fascista do governo de Silvio Berlusconi, formado em coalizão com o partido de extrema direita Liga Norte, não é exclusividade de Tarso. Na França, durante o processo de extradição da ex-guerrilheira Marina Petrella, em 2008, um dos argumentos usados pelos defensores do refúgio político era o conservadorismo do governo italiano. Na campanha por sua permanência em Paris, intelectuais como o filósofo Bernard-Henri Lévy fizeram referências ao "extremismo crescente da sociedade italiana". O Estado de S. Paulo

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