Uganda-Venezuela: Declaração ultrajante

CHÁVEZ RECEBE DURAS CRÍTICAS POR DEFENDER O EX-DITADOR IDI AMIM DADA

Funcionários do governo de Uganda expressaram ontem ultraje com as declarações do presidente da Venezuela, que na sexta-feira passada se perguntou em voz alta, num discurso, se o ex-ditador de Uganda, Idi Amin Dada (1925-2003), foi tão brutal quanto historiadores dizem que foi.

Embora não exista uma cifra exata, estima-se que durante a ditadura de Amin, entre 1971 e 1979, meio milhão de pessoas foram assassinadas em Uganda. Os opositores ao governo eram torturados e executados.

"Nós pensávamos que ele era um canibal" disse Chávez na sexta-feira sobre Amin. "Eu tenho dúvidas... não sei, talvez tenha sido um grande nacionalista, um patriota".

BRUTAL
A porta-voz do partido governista de Uganda, o Movimento Nacional de Resistência, Mary Karoro O kuut, disse que o ex-ditador nã o merece os elogios feitos por Chávez.

"Qualquer um que diga que Amin era bom, existe algo de ruim com essa pessoa. Amin era brutal, matou muitos ugandenses e forçou milhares ao exílio. Existe algo de mal com alguém que elogia a Amin."

Tamale Mirundi, secretário do presidente de Uganda, Yoweri Museveni, lembrou o histórico de torturas e assassinatos do ex-ditador, que incluíram uma das esposas do ex-ditador. "Se você se casa com uma mulher e depois a mata, então você não merece ser chamado de um bom marido", disse.

"Isso é o que fez Amin. Algumas das suas ideias podem ter sido boas para Uganda, mas a maneira como ele as implementou foi desesperadora.O modo como matou um número grande de ugandenses impede que e seja qualificado de nacionalista", acrescentou Mirundi.

PAIS EXECUTADOS
Um cidadão ugandense, James Kizza Baliruno, disse estar ultrajado pelos elogios do presidente venezuelano a Idi Amin, já que os soldados do então ditador o obrigaram a assistir como matavam seus pais quando ele tinha apenas 4 anos, na década de 1970.

"Está além da minha compreensão que alguém possa chamar a Amin de herói", disse. Os funcionários do governo de Uganda não disseram se tomarão alguma ação concreta contra a Venezuela, que não tem nem representação diplomática no país africano.

SAIBA +
Hugo Chávez definiu, na última sexta-feira, o terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como "Carlos, o Chacal", de "lutador revolucionário", e disse que está pagando prisão perpétua na França "injustamente". A declaração foi prestada perante cerca de 150 delegados de partidos de esquerda de 40 países reunidos em Caracas.

O terrorista, capturado no Sudão em 1994, cumpre a pena por três atentadosna França, entre 1982 e 1983, que deixaram 11 mortos e 190 feridos. Jornal de Brasília

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