O Lula da Silva saiu mais uma vez em defesa do Irã, dizendo que os EUA e a Rússia não têm “autoridade moral” para criticar o programa nuclear do país, porque possuem arsenal atômico. Em visita à Alemanha, Lula divergiu publicamente da chanceler Angela Merkel, pedindo paciência com o Irã. Merkel disse que o Irã viola os acordos internacionais sobre o tema há quatro anos.
Lula e Angela Merkel discordam publicamente sobre programa atômico de Teerã – Por Fernando Duarte - Enviado especial Berlim
Numa entrevista coletiva até então marcada por amabilidades, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, divergiram publicamente sobre o programa nuclear iraniano. Enquanto Merkel voltou a afirmar que sua paciência está no fim com a recusa de Teerã em aceitar a proposta de enriquecer o urânio até níveis suficientemente altos para uso pacífico, mas não militar, no exterior, Lula afirmou que é preciso mais paciência nas negociações e que falta autoridade moral a países como EUA e Rússia para fazer exigências e exigir sanções.
— Tratar o Irã como se fosse um país insignificante e aumentar a pressão não poderá resultar em coisa boa. Sempre há brecha para encontrarmos um jeito de mostrar que a paz é mais barata e eficaz. Mas autoridade moral para a gente pedir aos outros que não tenham é a gente também não ter. Espero que não haja arma nuclear em nenhum lugar do mundo. E que os EUA desativem as suas, que a Rússia desative as suas — disse Lula, sem mencionar que EUA e Rússia estão negociando uma redução de seus arsenais, e diante de uma relativamente surpresa Merkel.
Lula: ‘Aumentar o grau de paciência’
Pouco antes, Merkel havia feito questão de ressaltar que Brasil e Alemanha tinham posições distintas. Ela se disse frustrada com a falta de avanço nas negociações com Teerã e defendeu o estudo de novas sanções: — Eu e o presidente Lula temos os mesmo objetivos, mas devo dizer que, embora a Alemanha não queira encostar nenhum país contra a parede, o Irã há quatro anos tem violado acordos internacionais e não mostrou nenhum progresso nas negociações. Se o Irã continuar testando nossa paciência, será preciso estudar novas sanções.
O que o presidente brasileiro não levou em consideração na conversa com Merkel foi a atual falta de credibilidade de Teerã junto à comunidade internacional. A crise começou quando, em 2002, descobriu-se que o Irã mantinha um programa nuclear secreto há 18 anos. Há três meses, serviços secretos ocidentais mostraram para técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que o país estava construindo outra usina nuclear em sigilo — e com indícios de que ela não poderia ser usada para fins pacíficos. As novas descobertas fizeram a AIEA aprovar (apesar da abstenção do Brasil) uma resolução exigindo a interrupção do programa.
Ontem, Lula ressaltou o fato de ter se encontrado na mesma semana com os líderes de Irã, Israel e da Autoridade Nacional Palestina, e recentemente com os de EUA, França e Reino Unido.
Lula reafirmou o compromisso brasileiro com o uso pacífico da energia nuclear e, nas entrelinhas, cobrou do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, uma posição mais clara.
— O Irã tem uma cultura muito forte, 80 milhões de pessoas e problemas internos muito grandes. Precisamos aumentar o grau de paciência para estabelecer novo tipo de conversa e diminuir o grau de desconfiança generalizada que existe hoje. Minha posição é clara: o meu país tem um compromisso constitucional que proíbe a utilização de armas nucleares e assinou o Tratado de Não-Proliferação. Temos enriquecimento de urânio para uso
“O Irã há quatro anos tem violado acordos internacionais e não mostrou nenhum progresso nas negociações" - Angela Merkel
"Precisamos aumentar o grau de paciência para estabelecer novo tipo de conversa e diminuir o grau de desconfiança generalizada que existe hoje" - Luiz Inácio Lula da Silva – O Globo
AMORIM NO IRÃ
Dez dias depois de o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, vir ao Brasil, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, retribuiu a visita viajando ontem até Isfahan, a terceira maior cidade iraniana.
O propósito da viagem, que durou menos de 24 horas, foi dar continuidade aos assuntos iniciados em Brasília, o que inclui o polêmico programa de energia nuclear desenvolvido por Teerã. No momento em que Amorim conversava com Ahmadinejad, o Lula da Silva apelou, da Alemanha, para que a comunidade internacional mantivesse as negociações com o Irã. - JB Online
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