Lula garante que Senado aprovará hoje ingresso de Venezuela no bloco

Interrompendo seu discurso para fazer a única improvisação em dez minutos da leitura de um texto sem surpresas, durante o encontro de cúpula do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva olhou para o colega Hugo Chávez e garantiu publicamente: "Finalmente amanhã (hoje), no Brasil, o Senado vai aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul." Há seis semanas a Comissão de Relações Exteriores do Senado deu sinal verde à adesão, mas o governo não sentiu mais segurança suficiente para colocar o assunto em votação no plenário. "Espero que se aprove", disse Chávez em seguida.

O venezuelano deu uma rápida mostra de que as reuniões do bloco poderão ser mais demoradas e tensas. Ao começar sua intervenção, já foi avisando aos demais participantes: "Vocês correm um risco. Lula, da última vez, disse que a reunião foi muito curta porque eu não vim."

De fato, falou improvisadamente por 25 minutos. Revelou que tem conversado com o jornalista de esquerda Ignacio Ramonet, do francês "Le Monde Diplomatique", que "está empenhado em fazer não sei quantas perguntas para um livro que está escrevendo". Soltou petardos "à direita deste continente", bateu boca com a chanceler mexicana sobre o golpe de Estado em Honduras e voltou a levantar dúvidas sobre as reais motivações das bases militares americanas na Colômbia.

Segundo o presidente venezuelano, as bases são um ponto de apoio para os Estados Unidos, que querem declarar guerra a "toda a América do Sul". Disse que a Venezuela "detectou muito movimento, nos últimos dias, nas bases de Curaçao e de Aruba" - um indício, de acordo com ele, de que algum passo militar pode ocorrer em breve.

Sobre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que ele não foi "lento nem preguiçoso" em manter as políticas americanas "do passado", mesmo tendo prometido mudanças. "Dizem que estou incitando a violência, como na questão da Colômbia. Que estou ameaçando a Colômbia com uma guerra. Isso é o último (que desejo). Se você quer a paz, prepare a guerra."

Chávez chegou até a brincar com a situação do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya. "Imaginem se, em qualquer de nossos países, haja um golpe amanhã ou depois de amanhã. Suponhamos que haja um golpe na Venezuela e o Hugo Chávez tenha que ir meter-se na Embaixada do Brasil (...)". (DR) - Valor Econômico

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