NO REINO DE CHÁVEZ
Presidente já fechou sete bancos e prendeu oito executivos, causando apreensão entre correntistas
A Venezuela de Hugo Chávez vive, nestes dias de calor, uma elevação ainda maior da temperatura para milhões de correntistas e poupadores. O fechamento de sete bancos e a prisão de oito executivos por suposta “gestão fraudulenta” leva a especulações sobre um incêndio que ameaçaria corroer a estabilidade econômica do país.
Aprisão de Arné Chacón, presidente do Banco Real, seguida da renúncia do seu irmão, o ministro de Ciência e Tecnologia, Jesse Chacón, acabou se transformando em símbolo da crise. Zero Hora tentou ontem, insistentemente, entrevistar Jesse Chacón. Muitas chamadas e quatro horas depois, ele atendeu seu telefone celular. Para dizer, educadamente, que não queria conversar. E explicou: Por Léo Gerchmann
– Quando decidiram deter meu irmão, apresentei minha renúncia ao presidente, para evitar suspeitas.
Coube à analista política Milagros Socorro dar a ZH um ácido depoimento do que vive seu país. E ela não economizou nas palavras:
– Chávez não é presidente. Não da Venezuela, não da República, das instituições. Não das nossas aspirações democráticas. Tudo foi feito de forma arbitrária e com absoluta ignorância sobre questões financeiras. É esse o presidente da Venezuela? Poderia ser do Zimbábue. É capaz de pôr em risco o sistema financeiro, de atentar contra a poupança dos cidadãos e seus empregos.
Os poupadores e correntistas atingidos chegam a 8% do total de depositantes. O suficiente para acender a fagulha dos protestos, que se espalham.
– É desesperador. Como cliente e como funcionária, temo pelo que vai acontecer. É a vida das pessoas que está ali, e a credibilidade de todo um sistema. Não é brincadeira. E os clientes antigos que atendo, me procuram e me pedem ajuda. Mas sou um deles. Nada posso fazer – queixou-se Idania Sánchez, bancária do Baninvest, que não quis entrar em detalhes sobre suas contas, mas revelou estar desistindo de comprar um carro.
O Central Banco Universal, o Baninvest e o Banco Real foram os últimos dos sete bancos fechados, em ação classificada pelos adversários de Chávez como prova do que seria o seu fracasso no combate à “promiscuidade entre setor público e privado” no país. Antes, haviam sido cerradas as portas dos bancos Canarias, Confederado, Bolívar e ProVivienda.
O governo rebate: define a crise no sistema bancário como sendo de pequenas dimensões e como um exemplo de sua ação anticorrupção. Chávez tem chamado os envolvidos no escândalo de “ratos nojentos de gravatas’’.
Outro dos presos é Ricardo Fernández, líder de grupo de investidores que comprou recentemente o Canarias, o Confederado, o Bolivar e o ProVivienda. Ele também está ligado ao governo – é um dos fornecedores de alimentos da rede estatal de supermercados Mercal, que vende a preços subsidiados.
Nos planos do governo, está a liquidação do Canarias e do Pro Vivienda, considerados em situação mais grave. Os outros cinco deverão ser recuperados, e dois deles, o Confederado e o Bolívar, serão estatizados. Zero Hora
Presidente já fechou sete bancos e prendeu oito executivos, causando apreensão entre correntistas
A Venezuela de Hugo Chávez vive, nestes dias de calor, uma elevação ainda maior da temperatura para milhões de correntistas e poupadores. O fechamento de sete bancos e a prisão de oito executivos por suposta “gestão fraudulenta” leva a especulações sobre um incêndio que ameaçaria corroer a estabilidade econômica do país.
Aprisão de Arné Chacón, presidente do Banco Real, seguida da renúncia do seu irmão, o ministro de Ciência e Tecnologia, Jesse Chacón, acabou se transformando em símbolo da crise. Zero Hora tentou ontem, insistentemente, entrevistar Jesse Chacón. Muitas chamadas e quatro horas depois, ele atendeu seu telefone celular. Para dizer, educadamente, que não queria conversar. E explicou: Por Léo Gerchmann
– Quando decidiram deter meu irmão, apresentei minha renúncia ao presidente, para evitar suspeitas.
Coube à analista política Milagros Socorro dar a ZH um ácido depoimento do que vive seu país. E ela não economizou nas palavras:
– Chávez não é presidente. Não da Venezuela, não da República, das instituições. Não das nossas aspirações democráticas. Tudo foi feito de forma arbitrária e com absoluta ignorância sobre questões financeiras. É esse o presidente da Venezuela? Poderia ser do Zimbábue. É capaz de pôr em risco o sistema financeiro, de atentar contra a poupança dos cidadãos e seus empregos.
Os poupadores e correntistas atingidos chegam a 8% do total de depositantes. O suficiente para acender a fagulha dos protestos, que se espalham.
– É desesperador. Como cliente e como funcionária, temo pelo que vai acontecer. É a vida das pessoas que está ali, e a credibilidade de todo um sistema. Não é brincadeira. E os clientes antigos que atendo, me procuram e me pedem ajuda. Mas sou um deles. Nada posso fazer – queixou-se Idania Sánchez, bancária do Baninvest, que não quis entrar em detalhes sobre suas contas, mas revelou estar desistindo de comprar um carro.
O Central Banco Universal, o Baninvest e o Banco Real foram os últimos dos sete bancos fechados, em ação classificada pelos adversários de Chávez como prova do que seria o seu fracasso no combate à “promiscuidade entre setor público e privado” no país. Antes, haviam sido cerradas as portas dos bancos Canarias, Confederado, Bolívar e ProVivienda.
O governo rebate: define a crise no sistema bancário como sendo de pequenas dimensões e como um exemplo de sua ação anticorrupção. Chávez tem chamado os envolvidos no escândalo de “ratos nojentos de gravatas’’.
Outro dos presos é Ricardo Fernández, líder de grupo de investidores que comprou recentemente o Canarias, o Confederado, o Bolivar e o ProVivienda. Ele também está ligado ao governo – é um dos fornecedores de alimentos da rede estatal de supermercados Mercal, que vende a preços subsidiados.
Nos planos do governo, está a liquidação do Canarias e do Pro Vivienda, considerados em situação mais grave. Os outros cinco deverão ser recuperados, e dois deles, o Confederado e o Bolívar, serão estatizados. Zero Hora
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