BRASILEIROS ENDIVIDADOS E NA “MERDE” (MOVCC)
Total de salários pagos em um ano pela indústria caiu mais que o valor do 13.º, segundo estudo da Fiesp
A massa salarial na indústria brasileira de transformação diminuiu R$ 13 bilhões em um ano de crise financeira internacional. A soma dos salários pagos pelas empresas do setor caiu de R$ 190 bilhões para R$ 177 bilhões entre outubro de 2008 e setembro de 2009. A diferença entre os dois valores supera em R$ 900 milhões os R$ 12,1 bilhões que serão pagos de 13º salário aos trabalhadores da indústria em geral neste ano. Por Marcelo Rehder
As informações são de um levantamento inédito feito por José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O trabalho confirma que o estrago da crise global no mercado de trabalho na indústria foi além do corte no emprego.
No período analisado, a massa de salários caiu 5,3%, relativamente menos do que a produção industrial, cuja retração chegou a 8%, porém mais que o emprego, que recuou 4,1%.
"Na crise, as empresas cortaram horas extras, além de demitirem, o que em muitas empresas foi feito de uma forma seletiva, mandando embora funcionários de maiores salários", explica Roriz Coelho.
O executivo ressalta que empresas e trabalhadores, em sua grande maioria paulistas, chegaram a acordos para redução temporária de jornada e de salários na fase mais aguda da crise.
Apesar da retomada da atividade econômica observada desde o início deste ano, tanto a produção quanto a massa salarial e o emprego continuam abaixo dos níveis do período anterior à crise.
O pessoal ocupado na indústria, por exemplo, passou de 7,03 milhões em outubro de 2008 para 6,74 milhões em setembro último. Perderam-se 286 mil empregos. Contudo, só no último mês de outubro, o setor recuperou 74,5 mil vagas, conforme os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
NO BOLSO
Boa parte dos postos de trabalho foi ocupada por trabalhadores que haviam sido demitidos pelas empresas do setor no auge da crise. O problema é que os salários pagos na indústria encolheram.
Jairo Soares da Silva, de 22 anos, morador em Arujá, na região metropolitana de São Paulo, sentiu o problema no bolso. Ele perdeu o emprego de ajudante-geral em uma fábrica de tecidos para automóveis em novembro do ano passado, depois de dois anos na empresa.
Jairo ficou desempregado até agosto, quando, então, foi chamado para trabalhar como operador de prensa numa empresa de equipamentos para construção civil. O salário é de R$ 700 por mês, R$ 50 a menos que recebia no emprego anterior.
Apesar da redução no salário, o trabalhador já faz planos de consumo. "Vou economizar para dar entrada na compra de um carro", diz Silva, que é solteiro e mora com os pais.
Indústria só volta ao nível pré-crise em um ano
Varejo cresce acima do esperado
A expectativa de especialistas é de que recuperação da produção seja alcançada somente no fim de 2010, enquanto os níveis de emprego e renda seriam recuperados no ano seguinte. Desde que os investimentos sejam retomados, dizem os analistas.
"É complicado e leva tempo recompor os postos de trabalho destruídos na indústria", diz o gerente da pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Cimar Azeredo Pereira. Já o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, observa que a indústria tem recuperado vagas relativamente bem nos últimos dois meses. "O saldo ainda está negativo, porque o corte foi muito pesado."
As previsões indicam que a taxa de investimentos em relação ao PIB só voltará aos níveis de 2008 em 2011. "É preciso criar um ambiente favorável para que a retomada dos investimentos ocorra num prazo mais curto", diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). - O Estado de São Paulo
Total de salários pagos em um ano pela indústria caiu mais que o valor do 13.º, segundo estudo da Fiesp
A massa salarial na indústria brasileira de transformação diminuiu R$ 13 bilhões em um ano de crise financeira internacional. A soma dos salários pagos pelas empresas do setor caiu de R$ 190 bilhões para R$ 177 bilhões entre outubro de 2008 e setembro de 2009. A diferença entre os dois valores supera em R$ 900 milhões os R$ 12,1 bilhões que serão pagos de 13º salário aos trabalhadores da indústria em geral neste ano. Por Marcelo Rehder
As informações são de um levantamento inédito feito por José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O trabalho confirma que o estrago da crise global no mercado de trabalho na indústria foi além do corte no emprego.
No período analisado, a massa de salários caiu 5,3%, relativamente menos do que a produção industrial, cuja retração chegou a 8%, porém mais que o emprego, que recuou 4,1%.
"Na crise, as empresas cortaram horas extras, além de demitirem, o que em muitas empresas foi feito de uma forma seletiva, mandando embora funcionários de maiores salários", explica Roriz Coelho.
O executivo ressalta que empresas e trabalhadores, em sua grande maioria paulistas, chegaram a acordos para redução temporária de jornada e de salários na fase mais aguda da crise.
Apesar da retomada da atividade econômica observada desde o início deste ano, tanto a produção quanto a massa salarial e o emprego continuam abaixo dos níveis do período anterior à crise.
O pessoal ocupado na indústria, por exemplo, passou de 7,03 milhões em outubro de 2008 para 6,74 milhões em setembro último. Perderam-se 286 mil empregos. Contudo, só no último mês de outubro, o setor recuperou 74,5 mil vagas, conforme os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
NO BOLSO
Boa parte dos postos de trabalho foi ocupada por trabalhadores que haviam sido demitidos pelas empresas do setor no auge da crise. O problema é que os salários pagos na indústria encolheram.
Jairo Soares da Silva, de 22 anos, morador em Arujá, na região metropolitana de São Paulo, sentiu o problema no bolso. Ele perdeu o emprego de ajudante-geral em uma fábrica de tecidos para automóveis em novembro do ano passado, depois de dois anos na empresa.
Jairo ficou desempregado até agosto, quando, então, foi chamado para trabalhar como operador de prensa numa empresa de equipamentos para construção civil. O salário é de R$ 700 por mês, R$ 50 a menos que recebia no emprego anterior.
Apesar da redução no salário, o trabalhador já faz planos de consumo. "Vou economizar para dar entrada na compra de um carro", diz Silva, que é solteiro e mora com os pais.
Indústria só volta ao nível pré-crise em um ano
Varejo cresce acima do esperado
A expectativa de especialistas é de que recuperação da produção seja alcançada somente no fim de 2010, enquanto os níveis de emprego e renda seriam recuperados no ano seguinte. Desde que os investimentos sejam retomados, dizem os analistas.
"É complicado e leva tempo recompor os postos de trabalho destruídos na indústria", diz o gerente da pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Cimar Azeredo Pereira. Já o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, observa que a indústria tem recuperado vagas relativamente bem nos últimos dois meses. "O saldo ainda está negativo, porque o corte foi muito pesado."
As previsões indicam que a taxa de investimentos em relação ao PIB só voltará aos níveis de 2008 em 2011. "É preciso criar um ambiente favorável para que a retomada dos investimentos ocorra num prazo mais curto", diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). - O Estado de São Paulo
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