A desvalorização abrupta do bolívar, com impacto esperado sobre uma inflação já alta (taxa anual de 15%) e uma economia estagnada (o PIB venezuelano caiu 2,9% em 2009), soa como sinal de que o modelo chavista dá sinais de esgotamento. Mais ainda diante da crise financeira global deflagrada em setembro de 2008. Com o caixa baixo em razão da baixa dos preços do petróleo — praticamente a única fonte de divisas do país e, sob Chávez, o fermento de subsídios e políticas sociais assistencialistas —, o “socialismo bolivariano” tornou-se refém do mercado internacional de divisas. Por Silvio QueirozEssa ironia decorre de opções que mesmo economistas de esquerda (até os marxistas) consideram hoje temerárias. Uma delas, especialmente relacionada às dificuldades presentes da Venezuela, foi a decisão do presidente de responder à crise global com uma política generalizada de substituição de importações. Para incentivar determinados setores industriais, por exemplo, o governo recorre a subsídios e outras medidas protecionistas que distorcem as relações econômicas e acabam retardando o desenvolvimento, ao invés de induzi-lo.
O retrato dos impasses que confrontam o “socialismo do século 21” — segundo a definição propositalmente vaga de Chávez — está no paradoxo de que um país com abundância de petróleo e gás tenha de racionar eletricidade. De maneira análoga, a natureza política do projeto chavista baliza a resposta do governo a cada um dos desafios: invariavelmente, o caminho é o dirigismo estatal, marca registrada das fracassadas experiências socialistas do século 20. – Correio Braziliense
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