Junte uns vinte pares de cabocos. De preferência desses que perambulam tomando cana e se prostituindo pelas ruas da cidade. Melhor ainda, se colocar uns macuás catarrentos no meio. Acomode essa cambada numa área com mata e água.
Com plástico, madeira e palha de qualquer palmeira ajude a improvisar e construir uns abrigos em círculo. Durante 60 dias, alimente-os com macaxeira, arroz e farinha, mocororó e caxiri. Um pouquinho de cachaça também: eles adoram ficar lombrados.
Após esse período de adaptação, quando todos estiverem bem sujinhos e desleixados, chame gente da Funai, Incra, Ibama e uns servidores do Ministério do Meio Ambiente. Se tiver uma ONG de plantão, melhor. Gente da igreja pode reforçar a receita. Convença esses burocratas sonhadores que a “tribo” está ali desde o tempo em que Adão era cadete. Pronto. É só esperar. Logo, uma nova reserva indígena será criada. Crônica do Aroldo
Deu certo em Roraima, vai dar certo em outros lugares.
Em Niterói (RJ), supostos índios oriundos de Parati, invadiram área de preservação ambiental numa das regiões mais nobres do lugar e fundaram a aldeia Tekoa Itarypu (com cá e ipissilone fica mais charmoso; mais “original”). Usando contas e miçangas, compradas em armarinhos da cidade, eles fazem uns colares e os vendem para incautos dizendo ser artesanato tupi-guarani. Agora, argumentando que a área teria sido um sambaqui, usando amplos conhecimentos do Artigo 231 da Constituição Brasileira, reivindicam o lugar para a “tribo”.
Em Brasília, no terreno onde será erguido o Setor Noroeste, 32 “indígenas” de nove famílias ergueram uma “oca”, batizaram-na com o pomposo nome Santuário dos Pajés e dizem que estão lá desde que King Kong era macaco prego. A Funai e o governo do Distrito Federal não reconhecem a área como território indígena. Graças a Deus. Interessante é que esses “índios” do cerrado falam com carregado sotaque nordestino. Usando bom assessoramento de ongs e gente da igreja, os cabocos vêm dando trabalho.
Aproveitando a onda, eu ando pensando em cruzar a ponte sobre o rio Tacutu, arregimentar uns negros guianenses, trazê-los para o Brasil e acomodá-los no Parque Anauá. Depois de dar-lhes lições básicas de maculelê, é só chamar o povo do Ministério do Meio Ambiente e convencê-los que a comunidade está ali desde o tempo em que coronel Mota jogava bolinha. Pronto. Serei o mentor do primeiro quilombola roraimense.
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Escrevi o artigo acima no primeiro semestre de 2009. Nem bem assimilamos a questão Raposa Serra do Sol, surge uma tal Fundação Chico Mendes reivindicando centenas de milhares de hectares na região da Serra da Lua para criação de um parque Nacional.
Chico Mendes tinha lá suas idéias e foi assassinado. Humano, cheio de defeitos como eu, o transformaram em mártir e, se ninguém tomar tenência, vão querer canonizá-lo.
O Instituto Chico Mendes, criado pela filha e viúva do seringueiro morto, está sendo investigado por desvio de R$ 685 mil de recursos públicos (Revista Época - Internet - 30/11/2009). Estamos no Brasil: é uma instituição “séria como essa” que se arvora a proteger os lavrados roraimenses.
Como diria seu Pedrinho: "Tô bom de morrê, meu filho...!" Fontebrasil
Com plástico, madeira e palha de qualquer palmeira ajude a improvisar e construir uns abrigos em círculo. Durante 60 dias, alimente-os com macaxeira, arroz e farinha, mocororó e caxiri. Um pouquinho de cachaça também: eles adoram ficar lombrados.
Após esse período de adaptação, quando todos estiverem bem sujinhos e desleixados, chame gente da Funai, Incra, Ibama e uns servidores do Ministério do Meio Ambiente. Se tiver uma ONG de plantão, melhor. Gente da igreja pode reforçar a receita. Convença esses burocratas sonhadores que a “tribo” está ali desde o tempo em que Adão era cadete. Pronto. É só esperar. Logo, uma nova reserva indígena será criada. Crônica do Aroldo
Deu certo em Roraima, vai dar certo em outros lugares.
Em Niterói (RJ), supostos índios oriundos de Parati, invadiram área de preservação ambiental numa das regiões mais nobres do lugar e fundaram a aldeia Tekoa Itarypu (com cá e ipissilone fica mais charmoso; mais “original”). Usando contas e miçangas, compradas em armarinhos da cidade, eles fazem uns colares e os vendem para incautos dizendo ser artesanato tupi-guarani. Agora, argumentando que a área teria sido um sambaqui, usando amplos conhecimentos do Artigo 231 da Constituição Brasileira, reivindicam o lugar para a “tribo”.
Em Brasília, no terreno onde será erguido o Setor Noroeste, 32 “indígenas” de nove famílias ergueram uma “oca”, batizaram-na com o pomposo nome Santuário dos Pajés e dizem que estão lá desde que King Kong era macaco prego. A Funai e o governo do Distrito Federal não reconhecem a área como território indígena. Graças a Deus. Interessante é que esses “índios” do cerrado falam com carregado sotaque nordestino. Usando bom assessoramento de ongs e gente da igreja, os cabocos vêm dando trabalho.
Aproveitando a onda, eu ando pensando em cruzar a ponte sobre o rio Tacutu, arregimentar uns negros guianenses, trazê-los para o Brasil e acomodá-los no Parque Anauá. Depois de dar-lhes lições básicas de maculelê, é só chamar o povo do Ministério do Meio Ambiente e convencê-los que a comunidade está ali desde o tempo em que coronel Mota jogava bolinha. Pronto. Serei o mentor do primeiro quilombola roraimense.
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Escrevi o artigo acima no primeiro semestre de 2009. Nem bem assimilamos a questão Raposa Serra do Sol, surge uma tal Fundação Chico Mendes reivindicando centenas de milhares de hectares na região da Serra da Lua para criação de um parque Nacional.
Chico Mendes tinha lá suas idéias e foi assassinado. Humano, cheio de defeitos como eu, o transformaram em mártir e, se ninguém tomar tenência, vão querer canonizá-lo.
O Instituto Chico Mendes, criado pela filha e viúva do seringueiro morto, está sendo investigado por desvio de R$ 685 mil de recursos públicos (Revista Época - Internet - 30/11/2009). Estamos no Brasil: é uma instituição “séria como essa” que se arvora a proteger os lavrados roraimenses.
Como diria seu Pedrinho: "Tô bom de morrê, meu filho...!" Fontebrasil
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