DOCUMENTOS APREENDIDOS INDICAM VALORES PAGOS A PT E PMDB
Empreiteira pagou propina a aliados de Sarney, suspeita PF. Total seria de R$ 2,9 mi, por conta da obra da eclusa de Tucuruí; STJ parou Operação Castelo de Areia após defesa questionar provas colhidas
Relatório da Polícia Federal, produzido durante a Operação Castelo de Areia, afirma que a empreiteira Camargo Corrêa acertou o pagamento de propina de pelo menos R$ 2,9 milhões ao PT e ao PMDB referente à obra da eclusa de Tucuruí, no Pará, citando como supostos beneficiários integrantes do grupo político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que controla o Ministério de Minas e Energia. Por Fernando Barros de Mello e Lílian Christofoletti
Os supostos pagamentos constam em arquivos digitalizados apreendidos com Pietro Bianchi, diretor da construtora. Os registros foram feitos à mão em 15 de maio de 2008 e depois escaneados. A Folha obteve documentos inéditos que constam da investigação.
A Camargo Corrêa informou ontem que não irá se manifestar sobre documentos que estão sub judice. Desde a semana passada, o Superior Tribunal de Justiça suspendeu a Operação Castelo de Areia após a defesa da empresa questionar a legalidade das provas colhidas.
José Sarney e outros citados negam as suspeitas, que dizem servir para "criar escândalos".
No manuscrito apreendido, há registro de que foram repassados aos partidos 3% de uma parcela recebida pela empreiteira para a construção da eclusa, de R$ 97 milhões. Ao lado, há a indicação de que os recursos destinados ao PMDB foram repassados a "Astro/Sarney".
Sarney, segundo a PF, é "provavelmente" Fernando Sarney, filho do presidente do Senado. E "Astro", diz o relatório, é Astrogildo Quental, diretor financeiro da Eletrobrás e ex-secretário estadual do Maranhão no governo de Roseana Sarney.
Fernando Sarney foi o padrinho de Quental na Elebrobrás, como mostram grampos de outra operação, a Faktor (ex-Boi Barrica), na qual o filho do senador foi indiciado pela PF.
Quental também foi investigado na Operação Faktor. Ele era um dos principais interlocutores de Fernando Sarney ao telefone em conversas gravadas com autorização judicial. A PF chegou a dizer que Quental defendia os interesses do grupo de Fernando na Eletrobrás.
De acordo com o documento apreendido na Castelo de Areia, o repasse até 15 de maio de 2008 foi de R$ 1,5 milhão, restando saldo de R$ 1,4 milhão a ser pago. Há ainda informação sobre liberação naquela data de R$ 500 mil ao PMDB.
No manuscrito, o pagamento ao PT está ligado ao nome Paulo. Ao analisar esse documento, os peritos da PF disseram não tê-lo identificado. Em outro registro de pagamentos relacionados à mesma obra, de dois meses antes, ao lado da sigla PT está anotado o nome Paulo Ferreira, que a PF suspeita ser o tesoureiro do partido.
No fim do documento e num tom mais apagado (realçado pelos peritos) lê-se "acordo de 3% dos pagamentos de eclusa". Para a PF, "fica claro que há um acordo para repasse de dinheiro condicionado a pagamentos da obra da eclusa".
Um terceiro documento apreendido mostra um valor de R$ 150 mil relacionado à obra HGI, sigla para a usina de Jirau, segundo código usado pela própria empresa. Mais uma vez a inscrição é acompanhada do nome "Astro", que, para a PF, é Astrogildo Quental.
Outros documentos apreendidos pela PF citam mais aliados do grupo de Sarney. Um manuscrito registra pagamento de R$ 300 mil (em três parcelas de R$ 100 mil) ao lado da inscrição "Ex. Min. Sil.". Segundo a PF, "ao que tudo indica" trata-se do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau.
Rondeau deixou o ministério em 2007, após ter sido investigado na Operação Navalha. Ele também foi citado na Faktor.
Há ainda um manuscrito citando R$ 500 mil a "Lobinho". Diz a PF que é o "apelido comumente relacionado a Edison Lobão Filho, filho e suplente do senador Edison Lobão, atual ministro de Minas e Energia". Esse pagamento seria "por dentro", mas há referência a igual parcela com a inscrição "PF", que os peritos dizem ser abreviação de "por fora". Folha de São Paulo
Empreiteira pagou propina a aliados de Sarney, suspeita PF. Total seria de R$ 2,9 mi, por conta da obra da eclusa de Tucuruí; STJ parou Operação Castelo de Areia após defesa questionar provas colhidas
Relatório da Polícia Federal, produzido durante a Operação Castelo de Areia, afirma que a empreiteira Camargo Corrêa acertou o pagamento de propina de pelo menos R$ 2,9 milhões ao PT e ao PMDB referente à obra da eclusa de Tucuruí, no Pará, citando como supostos beneficiários integrantes do grupo político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que controla o Ministério de Minas e Energia. Por Fernando Barros de Mello e Lílian Christofoletti
Os supostos pagamentos constam em arquivos digitalizados apreendidos com Pietro Bianchi, diretor da construtora. Os registros foram feitos à mão em 15 de maio de 2008 e depois escaneados. A Folha obteve documentos inéditos que constam da investigação.
A Camargo Corrêa informou ontem que não irá se manifestar sobre documentos que estão sub judice. Desde a semana passada, o Superior Tribunal de Justiça suspendeu a Operação Castelo de Areia após a defesa da empresa questionar a legalidade das provas colhidas.
José Sarney e outros citados negam as suspeitas, que dizem servir para "criar escândalos".
No manuscrito apreendido, há registro de que foram repassados aos partidos 3% de uma parcela recebida pela empreiteira para a construção da eclusa, de R$ 97 milhões. Ao lado, há a indicação de que os recursos destinados ao PMDB foram repassados a "Astro/Sarney".
Sarney, segundo a PF, é "provavelmente" Fernando Sarney, filho do presidente do Senado. E "Astro", diz o relatório, é Astrogildo Quental, diretor financeiro da Eletrobrás e ex-secretário estadual do Maranhão no governo de Roseana Sarney.
Fernando Sarney foi o padrinho de Quental na Elebrobrás, como mostram grampos de outra operação, a Faktor (ex-Boi Barrica), na qual o filho do senador foi indiciado pela PF.
Quental também foi investigado na Operação Faktor. Ele era um dos principais interlocutores de Fernando Sarney ao telefone em conversas gravadas com autorização judicial. A PF chegou a dizer que Quental defendia os interesses do grupo de Fernando na Eletrobrás.
De acordo com o documento apreendido na Castelo de Areia, o repasse até 15 de maio de 2008 foi de R$ 1,5 milhão, restando saldo de R$ 1,4 milhão a ser pago. Há ainda informação sobre liberação naquela data de R$ 500 mil ao PMDB.
No manuscrito, o pagamento ao PT está ligado ao nome Paulo. Ao analisar esse documento, os peritos da PF disseram não tê-lo identificado. Em outro registro de pagamentos relacionados à mesma obra, de dois meses antes, ao lado da sigla PT está anotado o nome Paulo Ferreira, que a PF suspeita ser o tesoureiro do partido.
No fim do documento e num tom mais apagado (realçado pelos peritos) lê-se "acordo de 3% dos pagamentos de eclusa". Para a PF, "fica claro que há um acordo para repasse de dinheiro condicionado a pagamentos da obra da eclusa".
Um terceiro documento apreendido mostra um valor de R$ 150 mil relacionado à obra HGI, sigla para a usina de Jirau, segundo código usado pela própria empresa. Mais uma vez a inscrição é acompanhada do nome "Astro", que, para a PF, é Astrogildo Quental.
Outros documentos apreendidos pela PF citam mais aliados do grupo de Sarney. Um manuscrito registra pagamento de R$ 300 mil (em três parcelas de R$ 100 mil) ao lado da inscrição "Ex. Min. Sil.". Segundo a PF, "ao que tudo indica" trata-se do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau.
Rondeau deixou o ministério em 2007, após ter sido investigado na Operação Navalha. Ele também foi citado na Faktor.
Há ainda um manuscrito citando R$ 500 mil a "Lobinho". Diz a PF que é o "apelido comumente relacionado a Edison Lobão Filho, filho e suplente do senador Edison Lobão, atual ministro de Minas e Energia". Esse pagamento seria "por dentro", mas há referência a igual parcela com a inscrição "PF", que os peritos dizem ser abreviação de "por fora". Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário