Hugo Chávez com os dias contados

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está se aprofundando no mergulho em grave situação que não se deve desejar nem mesmo ao pior inimigo. Seu país enfrenta, além de crise energética sem precedentes, início de caos no abastecimento que começa a atingir amplos setores e faz ruir pilares sociais que o sustentam.

A diplomacia brasileira percebeu a enrascada na qual seu principal aliado está metido. Daí, a visita efetuada àquele país pelo assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, e pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, para se ter ideia do tamanho do imbróglio. Por Márcio Accioly

A Venezuela, segundo relatório da Corpolec (hidrelétrica subsidiária da estatal Edelca), deverá entrar em colapso energético até o final de abril próximo, creditando-se tal acontecimento à escassez de água que movimenta as turbinas do Complexo Hidrelétrico de Guri. Mas há quem enxergue outras causas.

A principal delas seria visível aparelhamento do Estado em setores estratégicos, inflado com a presença de protegidos que fazem a corte do presidente venezuelano. Gente que de energia nada entende, mas que se posiciona em funções e cargos de relevo, emitindo opinião e tomando decisões equivocadas.

Encurralado por dantesco cenário de impossível solução imediata, Chávez se alterna entre piadas e ameaças: ao impor racionamento de energia, em janeiro de 2009, ele afirmou ser medida indispensável “como se fosse uma dieta. É como se um indivíduo sofrendo de alta pressão arterial se visse obrigado a comer menos”.

Agora, no agravamento, ele ameaça abertamente dizendo que “ninguém se engane, pois dará resposta radical às manifestações de jovens que jogam pedras em guarnições militares” e são manipulados “pelos que pregam claramente uma rebelião”. Mas nada de explicar o porquê da falta de manutenção e investimento no setor elétrico.

O racionamento inicial excluiu a Capital, Caracas, mas no dia 2 de novembro último ele passou a ser aplicado. Foi tentativa desesperada de adiar inevitável desfecho. Os efeitos políticos do racionamento em Caracas foram traduzidos em crescentes manifestações que obrigaram o presidente a cancelá-lo depois de 41 dias.

A falta de energia promove falta de água corrente nas torneiras e a crise econômica mundial impõe queda na receita econômica do país (que vive da exportação de petróleo), fomentando recessão e desemprego e contribuindo agora para o desabastecimento de produtos de primeira necessidade.

A crise venezuelana causa problemas também ao Brasil, pois a matriz energética de Roraima foi completamente transferida para aquele país durante os mandatos (1995-2002), do governador Neudo Campos (PP). A energia venezuelana, saudada e louvada como “redenção” da economia roraimense, terminou por se transformar em estorvo.

O Estado, que no final do século XX tornou-se inteiramente dependente do Complexo Hidrelétrico de Guri, luta agora para evitar o apagão, mobilizando forças políticas e recursos que o coloquem novamente como formulador e gerente de suas próprias decisões.

O governador José de Anchieta (PSDB) vem se movimentando nas várias esferas de poder, em Brasília, buscando evitar o pior. As usinas termelétricas começaram a ser remontadas e tudo indica que Roraima não irá sofrer maiores danos.

Mas a situação na Venezuela vai atingir em pouco tempo seu grau de ebulição. As apostas são as de que Hugo Chávez não irá entregar os pontos, reconhecendo a própria incompetência. Na sede do governo, Palácio de Miraflores, a ordem é buscar culpados pelo desastre bolivariano. O presidente diz que só sairá de lá morto.
Fonte Brasil

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