O valentão patriótico

Quando Hugo Chávez ou os Castro incentivam suas turbas a baterem nos adversários, eles sentem que estão cumprindo com normas morais superiores vinculadas ao melhor destino da humanidade, algo que só eles conhecem.

Multiplica-se a violência na Venezuela. As turbas chavistas ameaçam, golpeiam e acossam os adversários do governo que se atrevem a protestar publicamente. Às vezes, eles usam armas de fogo. Eles se movimentam em motocicletas de onde disparam. Eles têm licença para fazer o mal. Isto é o que se espera deles. É o que eles fazem cheios de ardor ideológico. Eles não são doentes nem loucos. Eles não se sentem criminosos. Eles são valentões patrióticos. São revolucionários possuídos pela certeza de que os inimigos do chavismo são, obviamente, os inimigos da pátria, e que devem ser esmagados como baratas.
Por Carlos Alberto Montaner

Alguns anos atrás eu recebi em meu gabinete em Madrid a um homem jovem que, em sua adolescência, tinha sido um valentão patriótico. Alegou estar arrependido. Em 1980, quando estudava em uma escola secundária (tinha uns 14 anos) havia participado do assassinato de um professor durante “um ato de repúdio”. Em Cuba, os atos de repúdio são manifestações coletivas de ódio organizadas pela polícia política e pelo partido comunista. Sua função é aterrorizar a sociedade para que as pessoas obedeçam. Naquele ano, aconteceram milhares de atos de repúdio porque dezenas de milhares de pessoas queriam fugir da ilha. O professor, um mulato que ensinava Inglês, havia informado que desejava abandonar o país e o governo decidiu dar-lhe um exemplo, com seus próprios alunos. Eles começaram a gritar. O chamavam de “verme”. Cuspiram nele. Um dos alunos o bofeteou. Ele caiu no chão e começaram a chutá-lo. Eles o mataram com patadas. O esmagaram como a um “verme”.

Os jovens valentões patrióticos não sentiram nenhum remorso. Em abril de 1967, o Che havia prescrito a correta atitude moral que deveria acompanhar os revolucionários em sua “Mensagem à Tricontinental”: - “O ódio como um fator de luta; o ódio intransigente ao inimigo, que impulsiona para além das limitações do ser humano e o converte em uma eficaz, violenta, seletiva e fria máquina de matar". Ele era assim. Lênin era assim. Fidel e Raúl Castro são assim. Eles nunca tremeram o pulso no momento de eliminar um suposto inimigo da revolução. Os nazistas e fascistas eram assim. Os terroristas suicidas do mundo islâmico são assim. Convencidos da santidade da causa que defendem, os valentões patrióticos são capazes de qualquer coisa.

O valentão patriótico não deve ser confundido com os sicários ou com psicopatas. Os sicários são profissionais do crime. Os psicopatas não necessitam de razões ou justificativas para cometer assassinato ou prejudicar a um semelhante. Eles são indiferentes ao sofrimento dos outros. O valentão patriótico é outra coisa. Quando Hugo Chávez ou os Castro incentivam suas turbas a baterem nos adversários, eles sentem que estão a cumprir as normas de uma moral superior relacionada ao melhor destino da humanidade, algo que somente eles sabem. Por isto são tão perigosos. Não há ninguém mais letal do que um tipo poderoso e duro adstrito a uma ética de fins, disposto a ensaiar qualquer meio para atingir seus objetivos. Assim era Adolfo Hitler.

Esse é o grande risco do marxismo que hoje tentam revitalizar os partidários do Socialismo do século XXI. Marx postulava a inevitabilidade da luta de classes, ele acreditava que a violência era a parteira da história e defendia a ditadura do proletariado como uma forma de alcançar o paraíso sobre a terra. Aqueles que levaram a sério seus ensinamentos causaram a morte de cem milhões de pessoas durante o século XX. Não foi a única experiência nefasta contemporânea - o fascismo e o nazismo foram terríveis – porém foi o mais cruel episódio da história política da nossa espécie.

Lênin, Stalin, Mao, Fidel Castro, Pol Pot, Ceausescu, o resto desse bando destrutivo não eram assassinos em série. Eram valentões patrióticos.
Diário de América Tradução de Arthur para o MOVCC

Um comentário:

Luiz Miranda disse...

Ótimo o blogue, tenho entrado aqui sempre que posso, até mesmo para aprender. Acabo de abrir um blog, o http://emergencianacional.blogspot.com
onde espero a visita de vocês e seus amigos.
Nossa linha é muito similar, espero que gostem.
Mas onde estão os comentários da nova lei que Lula impôs e Dilma concordou a priori, que faz com que os invasores de terras sejam os legítimos proprietários, ao invés dos donos legítimos? Gente... vamos falar da coisa! Se a moda pega, olha aí o Foro de São Paulo dando certo! Cuidado com os vermelhinhos, não são flor que se cheire. Abraços e muito êxito!