Diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, Ronald Burgess; Irã pode ter urânio suficiente para bomba em um ano
O Irã poderá produzir, com o número de centrífugas que já possui instaladas, uma quantidade suficiente de urânio altamente enriquecido para construir uma bomba nuclear em um ano, disse o chefe da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA nesta quarta-feira.
No entanto, o país provavelmente precisaria de três a cinco anos para construir uma arma atômica "utilizável", disseram autoridades do Pentágono.
Diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, Ronald Burgess; Irã pode ter urânio suficiente para bomba em um ano
"O consenso geral --sem saber o número exato de centrífugas em jogo-- é que estamos falando de um prazo de um ano", disse o tenente-general Ronald Burgess ao Senado, questionado sobre quanto tempo levaria para que o Irã produza uma quantidade suficiente de urânio altamente enriquecido para fazer uma única arma nuclear se a liderança assim decidir. Folha Online
Porém, "a experiência diz que se leva de três a cinco anos" para passar de ter o suficiente de urânio altamente enriquecido a ter uma "arma que seja utilizável, algo que de fato possa criar uma detonação, uma explosão que seria considerada uma arma nuclear", disse o general James Cartwright, vice-presidente do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA.
Nesta quarta-feira, o diretor da Agência Iraniana de Energia Atômica, Ali Akbar Salehi, disse que seu país já produziu 5 quilos de urânio enriquecido a 20%, em uma medida que desafia as exigências dos Estados Unidos em relação ao controvertido programa nuclear iraniano.
O Irã diz que necessita de tal material para um reator usado para pesquisas médicas. O nível de enriquecimento é bem abaixo dos 90% necessários para construir uma arma nuclear. No entanto, os EUA temem que esse seja um passo no processo de enriquecimento ainda maior.
Os EUA e seus aliados acusam o Irã de pretender construir uma bomba atômica, mas Teerã nega. Em uma relatório divulgado hoje, a agência de notícias iraniana Isna cita Salehi dizendo que o Irã precisará de 1,5 quilos de urânio enriquecido por mês para abastecer o reator.
Michele Flourney, sub-secretária de Política de Defesa, disse que o presidente americano, Barack Obama, deixou claro que todas as opções para frear o programa nuclear do Irã estão na mesa mas "opções militares não são preferíveis e nós continuaremos a acreditar que a abordagem mais efetiva nesse momento é uma combinação de diplomacia e pressão."
Reunião
Os EUA, o Reino Unido, a França e a Alemanha discutem hoje com a China e a Rússia uma nova rodada de sanções contra Teerã proposta por Washington. Após semanas de atraso, a China concordou em discutir as medidas, que sofreram alterações para serem aceitas.
O Irã rejeita as acusações ocidentais de que mantém um programa secreto de desenvolvimento de armas nucleares, e diz que seu programa tem fins pacíficos.
No entanto, o Irã desafiou cinco resoluções do Conselho de Segurança (CS) da ONU, que exige que o país suspenda suas atividades com urânio enriquecido.
Obama discutiu a questão com o presidente chinês, Hu Jintao, durante a cúpula nuclear em Washington nesta semana. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, encontrou representantes dos cinco membros permanentes do CS da ONU na Alemanha e em Washington na noite da segunda-feira (12) para discutir a imposição de sanções.
Negociações
As negociações ficaram congeladas durante meses, mas entraram em uma nova fase na qual foram transferidas de capitais mundiais para Nova York. Os embaixadores das seis potências nucleares assumiram as negociações para elaborar uma nova resolução.
As quatro potências ocidentais esperam concordar com uma resolução que possam submeter ao CS da ONU "o mais rápido possível". A intenção é que o documento esteja pronto até o final de abril, mas diplomatas dizem acreditar que o processo demorará ao menos até junho.
As sanções propostas incluem medidas como: proibição do estabelecimento de novos bancos iranianos no exterior e da fundação de bancos estrangeiros no Irã; expansão das limitações no comércio de armas com o Irã, criando embargo similar ao existente à Coreia do Norte; aumento do número de indivíduos e companhias iranianas com vistos banidos e bens congelados, com foco na Guarda Revolucionária do Irã e nas companhias que o grupo controla; autorização da inspeção e apreensão de cargas suspeitas vindas do Irã; proibição de novos investimentos no setor de energia no Irã.
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