"É porque sou mulher", diz iraniana condenada à apedrejamento

Notícia Terra
A iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento em seu país por adultério, disse que as autoridades de Teerã mentem ao afirmar que ela também foi sentenciada por planejar o assassinato do marido, revela o jornal britânico The Guardian neste sábado. "É pelo fato de ser mulher. Pensam que podem fazer tudo contra as mulheres neste país", disse, por meio de um intermediário que não quis se identificar por razões de segurança.

Na quinta-feira, Mossadegh Kahnemui, um alto magistrado da justiça iraniana, disse à membros do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU (CERD) que "esta mulher, além de duplo adultério, foi considerada culpada de complô para matar seu marido".
Segundo o magistrado, "seu caso ainda está sendo examinado no Irã e nada foi decidido até o momento".
"Mentem. Estão preocupados com o interesse internacional sobre meu caso e tratam, desesperadamente, de distrair a atenção e confundir a imprensa para poder me matar em segredo", declarou Sakineh, 43 anos.

"Fui declarada culpada de adultério e me absolveram do assassinato. O homem que matou meu marido foi identificado e preso, mas não está condenado à morte", disse a Sakineh, que tem dois filhos.
Sakineh diz ainda ao jornal que assinou um documento sobre sua condenação à pena capital sem compreender que seria apedrejada, porque não entendeu a palavra árabe utilizada. "Quando meus colegas de cela me disseram o que eu seria apedrejada até a morte, eu desmaiei na instantaneamente".
Declarou ainda que está mais vulnerável sem seu advogado, Mohammed Mostafaie, que fugiu para a Turquia.
Sakineh foi condenada à morte em 2006 por ter mantido uma "relação ilegal" com dois homens, após o assassinato de seu marido.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs no dia 31 de julho asilo a Sakineh, um oferecimento apoiado por Washington, mas denunciado pelas autoridades iranianas, para quem a proposta teria sido feita sob emoção.

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