Presidente ofereceu asilo a Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por adultério - ESTADÃO
Robert F. Worth , The New York Times
WASHINGTON- O establishment conservador do Irã parece ter reagido friamente a um apelo do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para permitir que a iraniana Sakineh Ashtiani, acusada de adultério, obtenha asilo no Brasil e não seja morta por apedrejamento no país islâmico.
A reação ao apelo feito no fim de semana pelo presidente Lula pode criar uma distensão na relação cada vez mais cordial entre Irã e Brasil. O caso pode também reforçar o que os críticos do regime iraniano encaram como uma forma primitiva de justiça, particularmente repulsiva quando se trata de mulheres.
Embora nenhuma autoridade iraniana tenha comentado a oferta brasileira, a Jahan News, serviço de notícias ultraconservador do Irã, considerada uma agência que reflete fielmente o pensamento do governo, informou, no domingo, que o apelo de Lula era uma "clara interferência nos assuntos domésticos do Irã".
Ainda segundo a agência, a oferta brasileira foi feita "sob influência da mídia estrangeira". Sakineh, de 43 anos, pode não ser apedrejada porque o Judiciário iraniano ainda está examinando a sentença proferida por um tribunal de primeira instância. De acordo com a Jahan News, em vez disso, ela seria enforcada.
Sakineh foi acusada de ter uma "relação ilícita" com dois homens. Ela negou as acusações. O caso da iraniana chamou a atenção do mundo para a reputação do Irã com relação aos direitos humanos. O país é um dos poucos que aplicam a pena capital para casos de adultério.
No início, Lula havia rejeitado os >pedidos de grupos de defesa dos direitos humanos para usar sua influência com o Irã e tentar impedir a execução de Sakineh. No entanto, ele mudou de ideia no fim de semana, durante uma viagem de campanhaao lado de sua candidata, Dilma Rousseff. "Se minha amizade e afeição pelo presidente do Irã são importantes e se essa mulher está causando problemas lá, nós a acolheremos aqui no Brasil", disse.
Os EUA apoiaram a iniciativa do presidente brasileiro. Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, Washington espera que o apelo seja ouvido pelo governo do Irã.
Espionagem
"O apedrejamento, no século 21, é um ato de barbárie e deve ser extinto", afirmou Crowley. "O caso chamou a atenção da comunidade internacional. Diante do fato de o Brasil ter se envolvido e apresentado seu desejo de resolvê-lo, esperamos que o Irã o ouça."
Crowley acrescentou ainda que os EUA esperam a libertação dos três americanos presos há um ano no Irã, acusados de espionagem. Lula tentou mediar o caso, mas não obteve sucesso. "Gostaríamos de ver nossos excursionistas voltarem para casa", disse Crowley.
Colaborou Denise Chrispim Marin
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