“O mal a evitar”, eis o título da peça. A certa altura, anota: “O Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República”. Por que Serra?
“[...] Não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do país ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos...”
“...O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País”.
Noutro trecho, o editorial anota: “O que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer...”
“...O que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção”.
O editorial dedica a Lula críticas azedas. Já nas primeiras linhas, faz referência a declarações recentes do patrono da candidatura de Dilma Rousseff:
“A acusação do presidente da República de que a imprensa ‘se comporta como um partido político’ é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado...”
“...Tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside...”
“...[...] Mas ele está enganado. Há uma enorme diferença entre ‘se comportar como um partido político’ e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país”.
O Estadão chama Lula de “dono do PT”. Acusa-o de “investir pesado na empulhação de que a imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por motivos partidários”.
Para o jornal, é Lula “quem age em função de interesse partidário”, não a imprensa. É ele “quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder”.
Sem citar o nome de Dilma, o texto reponsabiliza Lula “pela invenção de uma candidata para representá-lo no pleito presidencial”. Anota que, “se eleita”, a pupila do presidente vai “segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada”.
O texto sustenta que, para se manter no poder, “Lula e seu entorno” recorrem a um “vale tudo” que inclui: “alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso”.
De resto, o editorial anota que Lula “despreza a liturgia” do cargo e “se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação”. Com isso, “hipnotiza os brasileiros”.
Conclui: “Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar: ‘Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?’ Este é o mal a evitar”. Aqui, a íntegra do editorial do Estadão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário