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Geraldo Alckmin, José Serra, Aécio Neves, Itamar Franco e Antonio Anastasia (Foto: Marcelo Sayao/EFE)
José Serra aproveitou o maior comício da campanha tucana nestas eleições, neste domingo no Rio, para fazer um duro discurso contra a corrupção e o PT. O candidato, que já havia usado parte de seu programa eleitoral para repercutir a reportagem dessa semana de VEJA – que revela que o Ministério da Justiça era pressionado a produzir dossiês contra adversários -, usou o evento com mais de 2.000 pessoas para condenar este e outros recentes escândalos ligados à Casa Civil.
“Chega de escândalos. Precisamos no Brasil de um governo que tenha caráter, que se traduza na verdadeira honestidade. Não podemos viver uma situação de mentira permanente”, destacou ele. “Hoje, a democracia tem sido transgredida e a imprensa, intimidada. Para nós, democracia não é instrumento de chegar ao poder e solapá-lo, mas um modo de viver.”
No discurso, o candidato ainda elogiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pela “dignidade” com a qual se comportou em eleições passadas, quando era presidente. “O presidente Fernando Henrique não cometeu nenhuma transgressão. Conduziu com dignidade, não foi além de declarar o seu voto (na campanha presidencial de 2002). Hoje, nós vemos o contrário: o governo deixado de lado para se encarnar em um partido, em uma candidatura.”
Digite aqui o resto do postVotos do PV – As críticas ao governo federal, e consequentemente à ex-ministra chefe da Casa Civil e candidata do PT à Presidência Dilma Rousseff, ocorreram no Rio de Janeiro não por acaso. Serra precisa conquistar no estado os votos que foram para a então candidata do Partido Verde, Marina Silva, no primeiro turno – que ficou à frente dele na votação carioca. Apesar de ela ter optado por uma posição neutra no segundo turno, seu companheiro de partido Fernando Gabeira, que disputou o governo do Rio, estava no comício tucano – e foi ovacionado.
Além de Gabeira, o PSDB apostou em todos os nomes de peso do partido para a caminhada carioca, como os senadores e o governador eleitos de Minas Gerais, Aécio Neves, Itamar Franco e Antonio Anastasia, além do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin. Todos, com os discursos devidamente afinados. “Chega de bandalheira. Vamos botar decência do Brasil”, bradou Aécio. “Vivemos um momento histórico. O Brasil quer dizer que quer ética. Chega de atraso do PT com o aparelhamento do estado. Serra representa o avanço”, completou Alckmin.
Coube a Itamar Franco – que também teve seu comportamento enquanto presidente exaltado por Serra – o discurso mais contundente contra Luiz Inácio Lula da Silva. “O presidente esquece a Constituição Federal, nega o Tribunal Superior Eleitoral e esquece que ele não inventou o Brasil. Quando isso acontece, a única forma de reagir é pelo voto.”
Mais apoio - Intelectuais presentes ao evento também fizeram coro ao discurso dos tucanos. O poeta Ferreira Gullar, que caminhou ao lado dos militantes, disse apoiar Serra por ser “contra falcatruas e demagogias”. “Não quero que o Brasil continue nas mãos do maior mentiroso que já surgiu na história política brasileira, Lula”, disse o poeta. “Serra tem uma folha de trabalho invejável e Dilma não tem nada, não fez nada.”
O PSDB ainda usou, logo no início do evento, um discurso gravado de três minutos do jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT – e que declarou apoio a Serra nestas eleições. “É inconcebível que uma das democracias mais importantes do mundo seja assombrada”, afirmou ele. “Propomos uma firme mobilização a favor da Constituição.”
Precaução - Os discursos de Serra e aliados foram feitos em cima de um caminhão de som, que era seguido por milhares de pessoas pela Praia de Copacabana. Inicialmente, o candidato tentou caminhar entre os militantes, mas desistiu, para evitar tumulto. Um empurra-empurra teria começado logo após ele deixar o hotel onde estava hospedado e ser cercado pela multidão.
Depois de passar maus bocados na capital fluminense na última quarta-feira – quando foi agredido durante um evento semelhante -, o tucano teve segurança reforçada neste domingo. Além de dez seguranças particulares havia ainda cerca de cem policiais militares. Para evitar que militantes petistas se infiltrassem, policiais à paisana também ficaram monitorando a orla.
(Carolina Freitas e Cecília Ritto, do Rio de Janeiro)
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