Eu sei, leitor, que os bárbaros já venceram. Mas Corisco não se entrega. Nunca!

Por Reinaldo Azevedo - Veja Online
Luiz Inácio Lula da Silva é hoje o chefe de um verdadeiro bando — no que concerne às agressões ao Artigo 5º da Constituição, é “bando” mesmo! — que confunde liberdade de expressão com crime. Assim, é razoável e, na verdade, esperado, que este mesmo Lula confunda crime com liberdade de expressão. Se a própria imprensa — em escala mundial; também a nossa! — não sabe uma diferença entre uma coisa e outra, quem ganha::o crime ou a liberdade?

Pois bem… O mesmo Lula que quer submeter a imprensa brasileira ao controle estatal, sob o pretexto de garantir as liberdades, propõe, IRONICAMENTE (e é bom deixar claro que ele está fazendo uma ironia) manifestações em favor da liberdade de Julian Assange — que, note-se, está preso em razão de um processo a que responde na Suécia, que nada tem a ver com o sua atividade de vazador de documentos secretos. Ele inventou que tudo não passa de uma conspiração, e a versão colou. Vocês sabem como são os suecos com esse negócio de regime discricionário, não é mesmo? Quando penso em país autoritário, Cuba, China ou Rússia vão lá para o fim da fila; a primeira referência que me vem é mesmo a Suécia!

A sociedade da hiper-informação coincide com a sociedade da hiper-estupidez! Faz sentido: num mundo em que tudo é horizontal, em que a própria educação não serve mais para hierarquizar valores, liberdade e crime se confundem; Lula vira estadista, e Assange substitui Kant!

O Babalorixá de Banânia usa os vazamentos em favor do proselitismo antiamericano o mais vagabundo, o mais vulgar, expresso, como sempre, naquela língua que lembra o português. Leiam:
“O que acho estranho é que o rapaz que estava desembaraçando a diplomacia foi preso, e eu não estou vendo nenhum protesto contra a liberdade de expressão. Não tem nada contra a liberdade de expressão de um rapaz que estava colocando a nu um trabalho menor que alguns embaixadores fizeram”.

Fui buscar o áudio para me precaver da possibilidade de que a repórter da Folha tivesse se equivocado ao atribuir a Lula um chamamento em favor de um “protesto contra a liberdade de expressão”. Mas ela transcreveu tudo certinho. Ele falou aquela besteira mesmo. Muitos dirão que o homem só se atrapalhou na expressão do pensamento e que estou pegando em um de seus pés… Diria que um pensamento atrapalhado não pode gerar uma fala muito melhor do que aquela que se lê acima.

Ora, quem fala em liberdade de expressão? O sujeito que quer criar uma agência — ELE QUER, NÃO FRANKLIN MARTINS, MERO PAU-MANDADO! — para regular o conteúdo do que se veicula no rádio e na TV, conferindo a um braço do Poder Executivo a prerrogativa discricionária de punir veículos que cometam transgressões? Quais? Aquelas que esse tal braço assim definir. Numa reunião nesta manhã com parlamentares petistas, Lula atacou violentamente a oposição — esta mesma que está muda e manca e que gasta sua pouca energia atirando contra os próprios aliados.

Lula estava, reitero, fazendo uma ironia, uma provocação. Este senhor já tentou expulsar do Brasil um repórter americano que informou, o que é fato, que ele gosta de tomar umas canas, coisa de que ele próprio faz praça. Falasse a sério, estaríamos diante do seguinte paradoxo: no Brasil, o Apedeuta quer criar embaraços à liberdade de uma imprensa que se move nos limites do que lhe garante a Constituição; já no que diz respeito ao WikiLeaks, ele se faz um libertário mesmo diante da prática criminosa.

A sua opinião sobre os diplomatas americanos é ridícula. Ao contrário do que diz, os vazamentos provaram, com exceções aqui e ali, a boa qualidade das informações que produzem, mesmo em assuntos nem tão relevantes assim. Decisões realmente importantes não foram tomadas trocando esse tipo de mensagem. Ainda assim, a comunicação é protegida, e deve ser, por lei. O presidente brasileiro não é o primeiro a tirar uma casquinha dos EUA. Álvaro Linera, vice-presidente da Bolívia — o verdadeiro esquerdista do governo Evo Morales, que é só um cocalero, um falso índio bocó —, criou um site espelho do WikiLeaks “para que as pessoas tenham noção das barbaridades e insultos da infiltração americana” no continente. Jornais bolivianos estão debaixo do porrete cocalero-bolivariano, mas Linera, discípulo de Emir Sader, é um libertário quando se trata do WikiLeaks!

Criminalização da atuação legal
Os vazamentos do WikiLeaks — que pouco se interessa pelas tiranias do planeta — estão servindo, com a colaboração de certa imprensa babaca, para criminalizar ações da diplomacia americana que se enquadram no mais rigoroso figurino do que se faz mundo afora nessa área. Fidel Castro também já manifestou gratidão pelo nobre trabalho de Julian Assange. Em breve, Mahmoud Ahmadinejad, Kim Jong-Il e Hu Jintao podem fazer o mesmo. É isto aí: como diria Chico Buarque, que gosta de quem fala grosso com Washington, vamos deixar em paz as tiranias e jogar merda na Geni da democracia americana, esse bando de hipócritas.

Lula se une a alguns tontinhos da “transparência” que, ao chamar de liberdade de imprensa o crime, estão prontos para chamar de crime a liberdade de imprensa. O WikiLeaks serve hoje aos autoritários do mundo inteiro interessados em difamar os americanos, denunciando suas supostas hipocrisias. Como sabemos, o bom é não ser hipócrita, como a China e o Irã não são, certo?

Os “libertários” que babam por Julian Assange estão tentando nos provar que a democracia errou; certos estão os que usam menos conversa e mais forca e bala na nuca. Por ali, a liberdade jamais será hipócrita porque as tiranias têm ao menos a virtude da sinceridade.

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