A banalização dos símbolos

Prof.ª Aileda de Mattos Oliveira
(Membro da Academia Brasileira de Defesa)


O ministro da Defesa, num dos seus desastrados discursos, pretendeu que o passado seja esquecido, embora a reciprocidade não ocorra, pois sua colega de outra pasta deseja, como a Rainha de Copas, cortar as cabeças de quem não admite rezar pelas contas de seu rosário, na ladainha da tal Comissão punitiva.

Não há como esquecer o passado ao ver a senhora Rousseff em função presidencial, pondo em prática a arte da dissimulação em benefício de seus objetivos políticos, que não se modificaram, apesar do tempo. Há que se admitir, no entanto, que os seus artifícios de captação de simpatia pode ter surtido efeito a alguns, como ao Tríplice Comando. O ministro que deseja que se pense somente no futuro deve se sentir recompensado com o comportamento servil do trio que esqueceu o passado.

As notícias desagradáveis se sucedem e dão ciência de que os atos executados pelos que deveriam resguardar a aura dos símbolos de suas respectivas Instituições, a fim de estimularem a sua conquista com o respeito de quem os recebe, respondem, agora, pela perda do caráter místico que os envolvia, esvaziando-os de seu valor histórico e afetivo, pela banalidade de sua distribuição.

Sem que apresentasse serviços relevantes à nação brasileira, sem qualquer estudo sobre segurança, ou, ainda, sem que determinasse o urgente reaparelhamento das Forças Armadas, para que cumpram bem a sua função constitucional de defendê-la (a nação, é claro), a senhora em questão recebe, em cerimônia reservada, a insígnia de Grã-Mestra da Ordem do Mérito da Defesa. “Pela primeira vez, uma mulher foi condecorada com esta medalha.” Isto não é apenas um contrassenso. É um absurdo!

Num só dia, no seu proeminente colo, foram espalhadas mais três outras condecorações representativas das Corporações contra as quais lutou, para implantar o seu ideário de desagregação nacional.

O quinto símbolo, a Grã-Cruz, “o mais elevado grau das condecorações”, segundo o mesmo noticiário*, recebeu “automaticamente”, ao galgar o pódio mais cobiçado pela esquerda: o trono brasílico. Presentemente, é a senhora mais ‘amedalhada’ em tão pouco espaço de tempo, dando curso à megalomania de seu antecessor.

Resulta esta adulação num acinte àqueles que, por justo merecimento, receberam os mesmos símbolos e sofrem, agora, nivelamento com a casca grossa da rebeldia política. Verdadeiros cidadãos, contribuíram, de alguma forma, para portarem tais distinções. Além disso, registra-se uma afronta às tradições que alimentam, desde o nascedouro, as Instituições Militares Brasileiras, ao concederem homenagens a quem nada fez pelo Brasil.

Levando-se em conta a vulgaridade das ações, chega-se também a uma conclusão vulgar, mas lógica, sobre o que leva os três comandantes a aceitarem a untuosidade de um ambiente onde se ombreiam com o antidemocrata e delator dos “camaradas”, assessor agora, do ministro que deseja apagar a história.

A vulgaridade da conclusão, e a reiteração é intencional, está à altura do que mostra as fotos na imprensa, que se aproveita da fraqueza daqueles que tinham o dever de permanecerem fortes. Aceitarem, sem uma nuvem de constrangimento, um diálogo cordial com notórios adversários das Forças Constitucionais das quais são representantes, não é somente uma contradição, mas um ajeitamento de interesses, numa demonstração de que, onde há festa e coquetel, os estômagos ditam a norma da trégua ideológica.

Longe de Brasília, tem-se a impressão de que o país se tornou um grande povoado promíscuo, ideologicamente falando. Analisada a questão com visão crítica, com o direito assegurado de contribuinte que sustenta o poder público, e tendo a distância geográfica como fator positivo de isenção reflexiva, chega-se à outra dolorosa conclusão: a de que a simbologia da caserna vai, aos poucos, perdendo o seu valor místico, em razão de seus guardiões utilizarem seus signos representativos, em favor da manutenção de suas próprias funções.

Lamentável, sob todos os aspectos, que se tornem frequentes tais ocorrências, já que o hábito transforma-se em intimidade excessiva com defensores de uma doutrina que jamais teve, como objetivo, a unidade nacional, a unidade social e a defesa dos interesses políticos da nação.

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