A xepa do Bono

É emocionante acompanhar a garra de um astro do showbis em defesa de um espécime ameaçado de extinção em Brasília. 

Por Guilherme Fiuza - Época Online
O cantor Bono Vox (que já ficou sem Vox, de tanto discursar) encontrou-se com o ministro Guido Mantega. É o encontro mais enigmático do século.

Depois de tirar fotos com Dilma e com Lula, cumprindo o circuito do marketing populista, o líder do U2 foi ao encontro do ministro da Fazenda.

Mantega, como se sabe, encontra-se em plena frigideira. Na condição de homem-forte da economia, o ministro sempre foi fraco. Passou os oito anos de Lula vendo o Banco Central governar, e fazendo oposição “desenvolvimentista” a ele.

Mantido no governo Dilma a pedido do ex-presidente – fiel amigo dos amigos –, Mantega está caindo de maduro. Foi engolido pela sombra de Palocci, o homem-forte de fato.

O mercado anda zombando do ministro da Fazenda. Fez picadinho de suas medidas contra a queda do dólar e a expansão inflacionária do crédito.

E eis que, já dourado pela fritura, Mantega recebe a visita ilustre do astro pop.

O que Bono foi fazer lá?

Sua assessoria disse que ele foi conhecer os programas brasileiros de combate à pobreza. Terá errado de porta? Não apareceu ninguém para avisar ao cantor irlandês que a política de desenvolvimento social não mora no Ministério da Fazenda?

Não era o caso de avisar. Bono não tinha nada para falar com Mantega, mas foi lá assim mesmo. Qual era a grande causa do roqueiro desta vez?

Era uma causa nobre: atender ao singelo pedido de Dilma e Lula para que desse uma forcinha ao seu ministro agonizante. Um gesto humanitário.

É emocionante acompanhar a garra de um astro do showbis em defesa de um espécime ameaçado de extinção em Brasília. Bono Vox terá a eterna gratidão da população de parentes, amigos e partidários de Guido Mantega pela luta por seu cargo.

Uma mão lava a outra. Lula empresta a Bono um pouco do seu fetiche terceiro-mundista (tirando Kadafi e Ahmadinejad da foto), e Bono ajuda Lula a arrecadar fundos para o nascente instituto do filho do Brasil.

É bom negócio para todos. De quebra, com um pouco de sorte, ainda salvam o emprego de um pobre ministro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse Bono me dá nojo!