Transcrito do NOVO JORNAL [Natal, 08/05/2011]
Por Franklin Jorge
Eis a pergunta que não quer calar: o que faz alguém que se apresenta como “paladino da moralidade” participar de um governo que tem a corrupção como uma marca registrada? Um governo que tem sido permanentemente bombardeado com denúncias e que se tornou freguês da vigilância do Ministério Público, cioso da defesa do patrimônio e do cumprimento das leis?
É a pergunta que muitos desejariam fazer ao chefe da Casa Civil da Prefeitura do Natal, o probo e excelentíssimo dr. Kalasans Bezerra, homem sisudo e de cara amarrada, sempre vestido de preto, que está me processando sob a alegação de que o chamei de “ambientalista de araque”, uma simples frase – embora verdadeira – que desonerou em apenas três palavras a (até então) aparentemente sólida estrutura moral do cioso comissionado que abusa da própria caratonha para impor um papel que os fatos têm se encarregado de desmoralizar ou colocado em dúvida.
Pois bem: no próximo dia 11, quarta-feira, o Sr. Moralidade Pública – que já fingiu ser também ambientalista… – terá a oportunidade de, perante um juiz de direito, responder a essa pergunta que não quer calar. Trata-se da segunda ação, no gênero, que ele move contra mim; a primeira, julgada em setembro do ano passado, foi arquivada pelo juiz que a considerou ociosa e sem fundamento jurídico. Uma ação nula, portanto.
Ora, o que faz alguém que se apresenta como “paladino da moralidade” participar de um governo que tem a corrupção como uma marca registrada??? É muito estranho, estranhíssimo, esse comportamento de dupla personalidade, não acha, leitor? Um moralista num ninho de maracutaias. É sobre isto que o dr. Kalasans devia se pronunciar, para fazer-se respeitado no exercício de uma função pública. Não processar jornalistas e perseguir colegas, como faz com vários servidores da prefeitura, comissionados ou de carreira.
Vou arriscar um palpite: talvez, em sua extremada moralidade, reconhecida até por alguns dos nossos mais conspícuos vereadores, queira o dr. Kalasans impor-se o sacrifício de conviver nesse meio espúrio e duvidoso para penitenciar-se com o louvável intuito de resgatar todos aqueles que se deixaram corromper pelo poder absoluto e, em consequência dessa fraqueza, colocaram em risco valores caros àqueles que fazem bom conceito da honra e de uma folha profissional ilibada. Deve ser isto: Kalasans recebeu o espírito de Madre Teresa e, por amor a Natal, está fazendo esse tremendo sacrifício de posar como o último moralista do Partido Verde.
É verdade que seus desafetos (e não são poucos) não se cansam de persegui-lo com denúncias infundadas que fazem os leigos pensar mal do moralista de estimação de Micarla, a Diana desse pastoril de nulidades do qual o chefe da Casa Civil parece ser a única exceção: moralidade andou e esbarrou na cara de pau do Sr. Kalasans Bezerra, o moralista de plantão que tem a pretensão de dar foros de seriedade à corja que se aboletou na Prefeitura de Natal para aflição dos natalenses… Só pode ser isto: espírito de sacrifício e abnegação encruada.
Kalasans parece não confiar em seu próprio talento histriônico e, por isso, através de uma ação penal, quer que todos acreditem que ele é o que diz ser e não o cara que se abala com uma simples frase com apenas 20 caracteres que acabou botando abaixo toda fama de moralista ciosamente cultivada por essa figura que pode até, aos olhos de muitos, parecer ridícula e, mesmo, extemporânea, especialmente depois do seu envolvimento em denúncia recente de “nepotismo cruzado”. Como se sabe, Kalasans teve dois filhos seus irregularmente contratados pela Câmara Municipal de Natal… É escusado dizer que ninguém acreditou em suas “explicações” (como o ex-presidente Lula, Kalasans também não sabia de nada…). A não ser que, além de moralista profissional, o chefe da Casa Civil da prefeita Micarla de Souza, seja também um pai desnaturado, um pai ausente e completamente ignorante do que se passa no âmbito da sua própria família. Parece-me que foi isto o que ele quis nos dizer com a sua negativa, ou seja, com a alegação de que desconhecia que seus filhos se locupletariam com cargos públicos obtidos dessa maneira duvidosa.
Escrevo estas linhas depois de ler os jornais desta sexta-feira. E, dentre o que li a respeito da malograda gestão verde, pincei uma nota escrita pelo jornalista Fábio Araújo, do Diário de Natal, sobre o que é “nepotismo cruzado”. Eis o que interessa saber: “(…) É o que acontece quando, impedido por lei de nomear seus parentes, o político ou o gestor público faz articulações para que eles consigam espaço em outros órgãos…” Resta saber agora se os filhos de Kalasans receberam algum benefício enquanto prevaleceu a dupla nomeação, além desse mimo feito às custas da verba pública.
A propósito, também acabei de ler – desta vez em matéria de primeira página do NOVO JORNAL – sobre a decretação do “estado de emergência” pela prefeita de Natal, um assunto que suscita uma outra pergunta do público: que faz o dr. Kalasans Bezerra na prefeitura?
Como chefe da Casa Civil de Micarla, nota-se a sua ausência; a ausência do agente articulador da prefeita, ou seja, do sujeito nomeado para “coordenar” (e não perseguir) o estafe da prefeita. Pelos noticiários, não é o que está acontecendo. Kalasans está deixando o dever de casa por fazer, mostrando-se assim um agente público relaxado, como fica bem demonstrado no presente caso.
Ocupado em coisas pessoais – o que inclui perseguição a jornalistas e demais secretários municipais que lhe despertam a inveja -, Kalasans falhou com as suas obrigações para com o cargo de chefe da Casa Civil: não trabalhou, ou seja, não reuniu o secretariado para discutir e implementar ações em defesa da cidade, duplamente ameaçada pelas intempéries e pela incúria e despreparo dos gestores municipais. Daí porque, segundo noticiário da Tribuna do Norte, a “prefeita decreta emergência sem plano de ações”…
A ação que faltou ao excelentíssimo dr. Kalasans Bezerra, que, como chefe da Casa Civil, devia estar mostrando trabalho e não processando jornalistas que só podem ser acusados de cumprir com o seu dever de bem informar ao público. Portanto, além de “ambientalista de araque” com que o mimoseei o ano passado, diria que o chefe da Casa Civil é irresponsável e relapso. Não admira o colapso administrativo que fez soçobrar a atual gestão do município que o escolheu para cargo muito acima da sua capacidade profissional.
Um comentário:
trabalha para a micarla? tá explicado.
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