Eles odeiam o povo. Eles odeiam os pobres. Eles precisam é de cadeia, não de escola gratuita! Ou: Uma pequena crônica da luta de classes

Eu entendo Rafael. Como ele é contra o “estado burguês explorador”, decidiu, então, explorar o estado burguês — sustentado pelos trabalhadores, né?, como diriam os marxistas.

Felipe de Ramos Paiva, assassionado na USP - Os maconheiros e socialistas não dão a mínima pra ele; estão combatendo o "estado burguês" Aqui


Por Reinaldo Azevedo - Veja Online
Felipe de Ramos Paiva, o estudante assassinado na USP, era filho de gente pobre, como se lê no post abaixo. Morava com os pais em Pirituba, um bairro da periferia de São Paulo. Se você é carioca, eu diria que é mais ou menos como se um garoto de Bento Ribeiro — não do Leblon ou de Ipanema — conseguisse entrar numa das universidades mais concorridas do país. Se você é de Belo Horizonte, é como se Felipe fosse do Taquaril, entendeu?, não do Sion ou do Carmo. Se você é de Curitiba, Felipe era de Cidade Industrial, não do Batel ou Champagnat. Se você é de Porto Alegre, Felipe era de Bom Jesus, não de Três Figueiras ou Bela Vista.

Esse era Felipe. Quando foi assassinado, um setor incrivelmente cruel e vigarista da imprensa paulistana tentou caracterizá-lo como um individualista, que só pensava em subir na vida, obcecado, vejam que crime!, pelo desempenho escolar e pela ascensão profissional. Os ricos de várias gerações acham que gente assim não merece muito respeito; vêem traços de arrivismo. A ele se atribuía uma frase: “O que é meu ninguém toma”. Tentaram usá-la para caracterizar um temperamento meio esquentado — no fundo, a canalha o responsabilizava pela própria morte. Pior ainda: ele havia comprado um carro usado blindado. Suprema ousadia! Foi morto antes que conseguisse entrar no veículo por marginais acoitados na USP.

Os maconheiros que invadiram a Reitoria, ao contrário de Felipe, não são de Pirituba, Bento Ribeiro, Taquaril, Cidade Industrial, Bom Jesus… Os maconheiros que invadiram a reitoria são filhos da classe média alta e da burguesia, que descobriram as glórias do socialismo e são contra a presença da PM, que estaria lá em nome da opressão do capital! É claro que seus pais não são necessariamente culpados, mas deu para perceber que muitos deles foram se solidarizar com suas crias. Aqueles delinqüentes são também filhos do laxismo, do vale-tudo, da falta de rigor.

A canalha não deixa de ter certa razão. Há, sim, traços de luta de classes no conflito da USP. Só que os autoritários, as elites perniciosas (porque existe a boa elite, é evidente!), os aproveitadores, os exploradores são exatamente estes que se vestem com andrajos de grife para falar em nome da liberdade.

No fundo, essa gente odeia pobre!

No fundo, essa gente odeia os Felipes Ramos de Paiva.

No fundo, essa gente acha que a universidade é uma questão privada, que pertence a seu grupo social, a seu estamento. Por isso não querem a PM por lá. Entre outras razões, PM também é povo. E eles odeiam o povo em nome do qual falam.

O invasor da Reitoria é a Tereza Cristina que fuma maconha!

Eles não precisam de escola, não! Eles precisam é de cadeia!

Fascistas!

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