Alan Marques/Folha
No vácuo de uma solenidade no Planalto, Dilma Rousseff trocou um dedo de prosa com os repórteres. Falou sobre crise.
Disse que é “forte” e deve ser “duradoura”. Mas acha que o impacto sobre o Brasil sera menor agora do que foi em 2008.
De resto, afirmou que rema na contramaré dos mandachuvas da Europa e dos EUA. Como assim?
"A minha pauta é completamente diferente da pauta dos países desenvolvidos. Os países desenvolvidos discutem crise, dívida soberana e dívida de banco…”
“…Nós, aqui, discutimos investimento, redução de imposto, crescimento e como é que nós vamos cada vez mais ampliar o espaço do Brasil no mundo."
Houve um tempo em que o pedaço desenvolvido do mundo flutuava sobre o mercado sem controle enquanto o resto do planeta se afogava.
Nessa época, dizia-se que a inundação era sinal de pujança do modelo e que, quando a maré subia, todos os que seguiam o manual subiam junto.
Os fatos desmontavam a propaganda. A maré só levantava alguns barcos –os de sempre— e afogava o resto.
Hoje, com os porões carregados de papelório sem lastro, os antigos iates olham para os ex-afogados com uma ponta de inveja.
Na década de 90, dirigentes dos países mais ricos chegaram a recomendar ao Banco Mundial e ao FMI que moderassem suas exigências em relação aos mais pobres.
Era como se atirassem botes salva-vidas aos afogados.
Hoje, ex-ricos olham para o Silvio Berlusconi, cochicham sobre o bunga-bunga e sentem uma ponta de vergonha.
Simultaneamente, a China paira sobre os náufragos como bucaneiro em busca de oportunidades. E Dilma entoa o seu mantra: “Minha pauta é outra.”
PS - Sim, a pauta é outra, corrupção e cara de paisagem! Nos países desenvolvidos todos estariam na cadeia.MOVCC
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