Estudantes decidem manter invasão à reitoria da USP
Lalo de Almeida/Folha
Alheios à decisão judicial que fixou prazo de 24 horas para a desocupação do prédio da reitoria da USP, os alunos rebelados decidiram manter a invasão.
A deliberação foi aprovada, por aclamação, em assembléia realizada na noite desta quinta (3).
Com isso, os alunos-invasores mudaram de status. De rebeldes de uma causa precária –a saída da PM do campus— viraram protagonistas de uma ilegalidade.
No despacho em que determinou a desocupação da reitoria, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti foi cuidadosa.
Anotou que a reintegração de posse deveria "ser realizada sem violência, com toda a cautela necessária à situação.”
Escreveu que, em nome da “boa convivência acadêmica”, representante da USP teria de negociar a saída com um porta-voz dos insurretos.
Porém, como que antevendo o pior, a magistrada também autorizou, se necessário, o recurso à "medida extrema": o uso da força policial.
Quer dizer: se levarem às últimas consequências a decisão de não sair, a rapaziada será, por assim dizer, “saída”. Na marra.
Iniciada na semana passada, a encrenca da USP foi empurrada para a fronteira do paroxismo.
A Polícia Militar passou a frequentar o campus depois que um aluno foi assassinado ao deixar a escola de economia da USP, em maio.
Nessa época, a rapaziada pedia mais segurança. Algo que a polícia universitária não se mostrava capaz de prover. A USP firmou, então, um convênio com a PM.
A estudantada não esboçou reação. A porca só torceu o rabo depois que os policiais militares abordaram estudantes que fumavam maconha na universidade.
Após entrar em confronto com a PM, um grupo de alunos invadiu o prédio da administração da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas.
Em reação convocada pelo Faceboock, cerca de 300 estudantes exibiram o rosto numa manifestação que pedia a permanência da PM.
Percebendo-se numa rebelião sem causa, a maioria dos rebelados deu meia-volta. Murchou a primeira invasão.
Súbito, uma minoria de descontentes decidiu invadir a reitoria. Deu-se perto da meia-noite de quarta (2).
Um par de vídeos levados à internet emprestaram à USP uma aparência de cadeia convulsionada.
Alunos com rostos cobertos, alguns armados de paus e cavaletes, forçaram o portão da reitoria até abrir o caminho.
Em resumo: enquanto a PM protegia os estudantes, beleza. No instante em que passou a importunar o fuminho, fora.
Além da ausência de uma boa causa e de método, falta à rapaziada uma dose de bom senso.
Querem continuar enrolando o baseado? Pois que fumem no quintal de casa, na rua, longe dos olhos da polícia.
Há sempre a alternativa de organizar uma marcha pela descriminalização do uso da maconha.
Nessa hipótese, nem precisarão esconder o rosto. A PM não pode reprimir. O STF já liberou.
O Supremo aprovou, por unanimidade, o voto do ministro Celso de Mello. Texto "muito bem baseado", na definição do colega Marco Aurélio Mello.
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