O companheiro José Eduardo Cardozo
mirava no Supremo Tribunal Federal ao acionar, nesta terça-feira, a espingarda
que só dispara cretinices: “Se fosse para cumprir muitos anos em alguma prisão
nossa, eu preferiria morrer”, comunicou ao país. Com uma única frase, baleou os
dois pés. Além de confirmar que não merece continuar no cargo que ocupa desde
janeiro de 2011, o ministro da Justiça desqualificou-se de vez para continuar
sonhando com uma toga do STF.
Segundo o art. 1 ° do Decreto 6.061 de 15 de março de
2007, as atribuições do Ministério da Justiça incluem o “planejamento,
coordenação e administração da política penitenciária nacional”. Ao confessar
que prefere a morte a uma temporada nos presídios que governa há dois anos (e o
PT há dez), José Eduardo Cardozo conferiu a ele próprio e a seu partido um
vistoso atestado de incompetência ─ assinado por José Eduardo Cardozo. Deveria
ter assinado no minuto seguinte o pedido de demissão.
A frase também proíbe Dilma Rousseff de indicar para
uma vaga no STF o porquinho que sobrou da trinca completada por José Eduardo
Dutra (que não voltou da viagem) e Antonio Palocci (abatido depois de
comprovado que não tem cura). Não pode ser juiz quem acha que condenar um culpado
à prisão equivale a entregar-lhe um vale-suicídio. No Supremo, Cardozo
ampliaria, e tornaria ainda mais radical, a bancada dos ministros da defesa por
enquanto restrita a Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
Em março de 2010, ao anunciar que desistira de
disputar a reeleição, o então deputado federal do PT paulista culpou o sistema
eleitoral: “Já me submeti a situações constrangedoras, mas cheguei ao meu
limite”, discursou. Nesta semana, Cardozo ultrapassou o limite da tolerância do
Brasil sensato. Não seria má ideia culpar o sistema penitenciário e voltar para
casa.
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