Felipe
Recondo, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Os ministros do Supremo Tribunal Federal já começam a debater
uma possível redução da pena do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza
por causa de sua contribuição às investigações que resultaram na condenação dos
acusados de integrar o esquema de pagamento de parlamentares durante o primeiro
mandato do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de Valério, que entregou ao Ministério Público Federal uma lista de
beneficiários dos pagamentos do mensalão, o presidente do PTB e deputado
cassado Roberto Jefferson também poderá ser beneficiado com redução da pena -
foi o político quem trouxe a público o esquema em 2005.
A pena imposta a Valério pelo mensalão supera 40 anos pelos crimes de
lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas, corrupção ativa
e peculato. Mas o tribunal ainda não mensurou os efeitos da contribuição dada
pelo operador às investigações. Um integrante do tribunal admite que a Corte
pode reduzir "drasticamente" a pena quando esse assunto for
discutido.
A discussão sobre a concessão de benefícios a Valério iniciada agora
pelos ministros do Supremo não tem relação com o mais recente depoimento do
empresário à Procuradoria-Geral da República. Em setembro, Valério procurou o
Ministério Público espontaneamente e, em seu relato, citou o nome de Lula, do
ex-ministro Antonio Palocci e afirmou ainda que dinheiro do valerioduto foi
usado para pagar pessoas que estariam chantageando o PT em Santo André, após a
morte do prefeito Celso Daniel em 2002.
Valério disse no depoimento de setembro que poderia fazer novas
revelações, mas pretende receber em troca sua inclusão no programa de proteção
a testemunhas - algo que poderia livrá-lo da cadeia, pois ele teria de mudar de
nome e passar a viver em um local sigiloso. O eventual benefício poderá ser
discutido no futuro, após a conclusão do julgamento em andamento no Supremo e a
eventual abertura de novo inquérito.
Agora, os ministros avaliam as contribuições prestadas anteriormente. A
lista fornecida por Valério com os nomes dos beneficiários do esquema foi
confirmada pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares - a ele cabia definir a quem
o dinheiro que passava pelas agências de publicidade de Marcos Valério seria
entregue.
Sem o rol de nomes, o Ministério Público Federal teria dificuldades de
chegar aos deputados que trocaram por dinheiro o apoio a reformas de interesse
do governo Lula no Congresso. AQUI.
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