A
representante da Presidência da República em São Paulo fez exatamente o que
Dilma fez em Brasília: cacifada por Lula, passou a reger o parasitismo do PT
O
Globo
Nesses
tempos de devoção às minorias, não é justo deixar de destacar a contribuição de
Rosemary Noronha para a causa feminina. O Brasil progressista explode de
orgulho por ser governado por uma mulher — que aliás deu a Rosemary sua chance
de brilhar — e não pode agora se esquecer de reverenciar mais uma expoente do
gênero. Assim como Dilma, Rose chegou lá. O fato de estar enrolada com a
polícia é um detalhe.
Rose
e Dilma escreveram seus nomes na história do Brasil por serem, ambas,
utensílios de Lula. A finalidade de cada uma para o ex-presidente não vem ao
caso. O que importa é que ambas funcionaram muito bem. Como se nota pelo
ufanismo nacional em torno de Dilma, não se espera mais da mulher moderna
opinião própria, autonomia e iniciativa. Basta botar um tailleur vermelho, um
colar de pérolas e decorar suas falas. E muito importante: falar o mínimo, para
errar pouco.
Até
outro dia isso era piada entre Miguel Falabella e Marisa Orth (“cala a boca,
Magda!”). Hoje é sinal de poder.
O
grande símbolo feminino brasileiro da atualidade, que desperta a admiração de
Jane Fonda — que tempos! — não tinha feito nada de extraordinário na vida até
ser levada pela mão do padrinho ao topo. O feminismo realmente mudou muito.
Lá
chegando, seu maior mérito foi usar vestido e não ser o Lula (para os que não
suportavam mais o ogro bravateiro), ou ser o Lula de vestido (para os que
seguem venerando o filho do Brasil). Sem nenhum plano de governo, com um
ministério fisiológico de cabo a rabo, sem um mísero ato de estadista em dois
anos de mandato, Dilma se destaca por ser ou não ser Lula, dependendo do ponto
de vista. É a apoteose da nulidade, que o Brasil progressista e feminista
consagra com aprovação recorde.
Diante
desses novos valores, seria injusto não consagrar Rosemary também. A
representante da Presidência da República em São Paulo fez exatamente o que
Dilma fez em Brasília: cacifada por Lula, passou a reger o parasitismo do PT,
cuidando da nomeação de companheiros e dando blindagem política às suas
peripécias para sucção do Estado.
No
caso de Dilma, a grande orquestra fisiológica foi desmoronando ao vivo, com
nada menos que sete ministros nomeados (e protegidos até o fim) por ela caindo
de podres, graças à ação da imprensa. A mulher-modelo de Jane Fonda ainda havia
parido uma Erenice, a quem preparava para ser a dama de ferro de seu governo
(Jane não pode imaginar o que seria isso) — derrubada por fazer na Casa Civil
algo muito parecido com as operações fantásticas de Rosemary. Até o uso da Anac
como balcão de negócios se repetiu. Por que só Dilma é ícone feminino, se
Rosemary mostrou ser um prodígio da mesma escola?
Por
algum mistério insondável, a Polícia Federal não fez escutas nos telefones de
Rose, ou diz que não fez. As conversas da mulher que regia uma quadrilha
grudada em Lula, se apresentando como sua namorada, e que tramou até sabotagem
ao julgamento do mensalão — o mesmo que Lula tentara com Gilmar Mendes — não
interessou aos investigadores. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
disse que não havia motivos para grampear Rosemary — uma suspeita que está
impedida pela Justiça de sair de sua cidade.
Esses
ministros farsescos do PT podiam ao menos ser mais criativos. Mas não precisa,
porque o Brasil engole qualquer coisa.
Marcos
Valério disse que Lula teve despesas pagas pelo esquema do mensalão e autorizou
operações bancárias do valerioduto. É comovente a desimportância atual dessas
declarações. Lula é o líder de um projeto político montado para a permanência
no poder a qualquer custo — e essa fraude está exaustivamente demonstrada pelo
mensalão, por Dirceu, Erenice, Palocci, Pimentel, aloprados, Rosemary e
praticamente todo o estado-maior petista, tanto de Lula quanto de Dilma,
flagrados em tráfico de influência para se aferrar ao poder na marra. O que mais é preciso denunciar?
O
eleitor brasileiro está brincando com fogo. Enquanto o desemprego estiver
baixo, vai continuar afiançando a fraude que finge não ver. O país vai sendo
empurrado com a barriga pelos fisiológicos — e essa conta vai chegar.
O
governo desistiu de controlar a inflação, que vai se afastando da meta (apesar
da mudança de cálculo que reduziu o índice). A gastança pública é disfarçada
com truques contábeis para esconder o déficit. A arrecadação brutal banca a
farra dos companheiros, sem sobra para investimentos decentes — e tome
literatura de trem-bala e tarifas mentirosas de energia, que já multiplicam os
apagões por manutenção precária.
Como
se viu na funesta CPI do Cachoeira, a mafiosa Delta comandava o planejamento da
infraestrutura terrestre.
Mas
está tudo bem, e oito governadores podem ir de cara limpa prestigiar Lula e sua
democracia de aluguel. Se este é o país que queremos, Rosemary é a mulher do
ano.
Um comentário:
O que se diz por aí é que a Rose era a segunda dama do Brasil durante o governo Lula.
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