Se o tamanho da
confusão é maior que o estoque de embustes, Lula emudece até ser socorrido pela
crônica amnésia nacional — ou pelo aparecimento de outra encrenca que faça
andar a fila de casos político-policiais que envolvem o ex-presidente. Foi
assim, por exemplo, quando se descobriu a roubalheira do mensalão. Ou quando um
avião da TAM explodiu na pista de Congonhas. Ou quando a imprensa revelou
amostras da soberba gastança bancada com cartões corporativos.
Como o truque
funcionou nos episódios anteriores, o mágico de circo resolveu reapresentá-lo
para engambelar a plateia perplexa com o Rosegate. Desta vez não deu certo. A
mudez malandra sobre a pornochanchada fora da lei que estrelou ao lado da
primeiríssima amiga Rosemary Noronha só serviu para atestar que Lula não tem
como sair do atoleiro em que se meteu.
Imposto pela enxurrada
de ladroagens, bandalheiras, perguntas sem resposta e abjeções de variado
calibre abastecida por quadrilheiros acampados no escritório da
Presidência da República em São Paulo, o mais longo e estrepitoso silêncio de
Lula é também o mais patético. Neste domingo, completou 52 dias. Amanhã serão
53. A coluna só vai encerrar a contagem quando o fugitivo da imprensa, no
momento homiziado em Angra dos Reis, recuperar a voz — e tratar de usá-la para
explicações mais convincentes do que as que deve ter balbuciado em casa.
O país que pensa exige
respeito. Patroa é uma coisa, pátria é outra. Fartos de tanta tapeação, milhões
de brasileiros não aceitam ser tratados como se fossem um bando de marisas
letícias.
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