O caminhão da ditadura indecente: As caixas onde estão os votos de Henrique Capriles para serem queimadas.

Por Augusto Nunes - Veja Online

O candidato Nicolás Maduro resolveu transformar o chefe em múmia tarde demais: o processo de decomposição já começara. O motorista de ônibus que virou piloto de país vai descobrir em pouco tempo que também a tentativa de mumificação do regime tropeçou no péssimo estado de conservação do cadáver. O chavismo continuará vagando no palácio algum tempo, mas a revolução bolivariana, como resumiu nosso Reynaldo-BH no post publicado na seção Feira Livre, já apodrece numa urna de vidro. Hugo Chávez vivia anunciando a chegada iminente do socialismo do século 21. Foi com métodos do século 19 que o sucessor trapalhão ganhou a eleição. A oposição só perdeu para a fraude.

Ainda que o resultado oficial traduzisse a verdade, os 49,07  % do total de votos atribuídos a Henrique Capriles bastariam para informar que Maduro precipitou a agonia da ditadura envergonhada instituída a partir de 1999. Raríssimas vezes os vencedores oficiais de uma eleição tiveram de engolir, com sorrisos de aeromoça, tantas e tão contundentes derrotas. A avassaladora máquina de propaganda, a transformação do leviatã estatal num onipresente e onipotente pai-patrão, a ampliação obscena da fábrica federal de insultos e calúnias, a compra de gratidão com dinheiro do petróleo ─ nada disso impediu que metade do eleitorado dissesse não ao enviado do espírito santo que no momento se disfarça de passarinho.

Os estragos provocados pela votação do candidato oposicionista vão muito além da implosão da arrogância dos sacerdotes da seita. A performance de  Capriles também abalou a fé dos devotos do chefe-supremo insepulto (o repertório de milagres produzidos por Chávez tem limites, descobriram neste domingo), confirmou que os institutos de pesquisa viraram comerciantes de porcentagens, baixou a crista de marqueteiros grávidos de autoconfiança e comprovou, de novo, que as análises assinadas por jornalistas brasileiros são tão confiáveis quanto as previsões de Guido Mantega. Vai ser divertido acompanhar as acrobacias da turma no esforço para justificar o fiasco.

O que tem a dizer João Santana, por exemplo? O ministro de Venda de Nuvens encurtou o expediente em Brasília para conferir dimensões amazônicas a um triunfo já consumado pelos institutos de pesquisa. Entrou na campanha com mais de 70% dos votos. Saiu com 20 pontos a menos. Se é que existiram, milhões de votos saíram pelo ralo das ideias do alquimista que enxerga uma rainha em Dilma Rousseff. Foi Santana quem aconselhou Maduro a confundir-se com Chávez, adotar uma discurseira de galo-de-briga doidão, empoleirar-se na urna de vidro e entrar para a história como inventor do velório-comício. Deu no que deu.

O desfecho do confronto reiterou que a oposição venezuelana aprendeu com os erros do passado e percorre o caminho certo. Pela segunda vez em poucos meses, evitou disputas internas mesquinhas para unir-se em torno de um político capaz de expressar o pensamento dos insatisfeitos com o chavismo. Um em cada dois venezuelanos entendeu que Capriles falou em seu nome. No Brasil, 45 milhões de eleitores procuram há anos um candidato que se oponha ao lulopetismo sem medo e sem mesuras. Mas a oposição oficial só interrompe as férias que já duram dez anos para trocar sopapos e desaforos na sala de jantar.

Um ano e meio antes da eleição presidencial, pesquisas encomendadas já garantiram a Dilma Rousseff um segundo mandato. Em vez de mirar-se no exemplo da Venezuela, os caciques do PSDB, do PPS e do DEM perdem com pontapés no vizinho o tempo que deveriam dedicar a socos no fígado do governo mais bisonho do Brasil republicano. Antes de exibir a combatividade que sempre lhe faltou, a oposição oficial terá de reencontrar a vergonha perdida há mais de 10 anos.

O caminhão do Maduro indecente: As caixas onde estão os votos de Henrique Capriles para serem queimados. 

domingo, abril 14, 2013

Fiscal exibe cédula usada por venezuelanos que moram na Espanha (Foto: Terra 

Um comentário:

Anônimo disse...

Venezuela de hoje... Brasil de amanhã.