CELSO ARNALDO ARAÚJO
Quando viaja em seu avião oficial, um Airbus 319
CJ ,comandado pelo brigadeiro Joseli Parente Camelo, a presidente
proíbe terminantemente turbulências na rota. Para garantir que a determinação
seja cumprida à risca e o piloto não tente engambelá-la, atribuindo solavancos
a incontornáveis intempéries de percurso, ela adicionou mais uma expertise à
sua longa lista de competências técnicas: embora ainda leve um baile das chuvas
que todo verão castigam a região serrana do Rio, aprendeu a interpretar cartas
meteorológicas aeronáuticas altamente complexas. Com os dados em mãos,
altera rotas oficiais, refaz planos de voo, alonga viagens ─ aliás, não está
nem aí para o consumo de combustível. Tudo porque ela detesta avião que balança
─ mas não cai. Dilma revogou a lendária expressão céu de brigadeiro. O céu dela
é sempre melhor.
A lenda da supergerente sem cabeça, que continua a ser alardeada
com medo e reverência por seus áulicos e por boa parte da mídia, ganhou neste
domingo, na página A8 da Folha (Dilma invade a cabine do
piloto e vira corneteira dos voos oficiais), seu lance mais
surreal: é Dilma quem pilota o Airbus da Presidência ─ sem encostar no manche
de comando, só com broncas e interpelações. A se acreditar na matéria, Dilma se
tornou uma controladora de tráfego aéreo mais eficiente que os engenheiros da
Nasa em Houston que conseguiram trazer de volta à terra a errante Apolo 13. Ela
inventou um jeito de evitar as inevitáveis turbulências aéreas: é só voar do
jeito que ela quer.
A matéria ocupa apenas um quarto inferior de página, mas, por
seu inacreditável viés de mistificação, é um retrato aberrante deste governo ─
ao mesmo tempo absurdo e prepotente ─ e renderia várias anotações no impagável
“Diário de Dilma” na revista Piauí.
Na
matéria da jornalista Natuza Nery, o Airbus 319 que foi a Roma lotado de
aspones, para a posse do Papa Francisco, e voou batendo lata para a Etiópia,
esta semana, quase se transforma num cenário do Zorra Total. “Ela detesta
quando o avião presidencial sacode em pleno ar”, escreve a jornalista, num
simulacro do idioma da personagem, sem explicar se seria possível o Airbus
sacudir em pleno chão. Se foi por medo de avião que Belchior pegou pela
primeira vez na sua mão, o medo da turbulência faz Dilma pegar no pé do pobre
brigadeiro Joseli, que nesses momentos preferiria estar bombardeando Pearl
Harbor a bordo de um caça Zero.
Essa fábula da superpiloto de controle remoto comprada pela Folhacoloca Dilma
analisando complicadíssimas cartas meteorológicas para alterar o plano de voo
do avião presidencial se detectar que o Aerobus vai enfrentar turbulência.
Claro, ela conhece os 39 tipos de cumulus nimbus ─ pileus, velum, incus, etc ─
melhor do que conhece seus 39 ministros. O brigadeiro Joseli já sabe que não
deve duvidar nunca dessa expertise da patroa. Ou ela irá, lá na frente,
verificar se as alterações de rota foram acatadas. Para isso, segundo a
matéria, “fez questão de aprender a ler os enigmáticos dados do painel da
cabine do piloto”. Quando sente que o chão parece faltar sob o Airbus a 30 mil
pés de altura, costuma perguntar ao oficial, no tom que fez Sergio Gabrieli
chorar: “Joseli, por que o avião está sacudindo? Que curva é essa?”.
Se o avião estiver balançando muito, ela permanece em seu lugar,
com os cintos atados, que não é doida: nessas situações, segundo a Folha,
Dilma interpela o oficial quatro estrelas por um botão ao lado da poltrona.
“Quando o Airbus sacode, é fatal”, diz a repórter, sem perceber o perigo de
associar a palavra “fatal” a um avião que sacode. Ela se referia a Dilma, a
femme fatale a bordo. “A campainha toca. E, dependendo da trepidação, toca com
muito vigor”.
Ou seja: balançou, lá vem bronca. Segundo a matéria, o
brigadeiro faz sempre o que a presidente manda, até mesmo uma viagem em
zigue-zague de Brasília a Porto Alegre, “para fugir do agito”, queimando
querosene, é claro. Certa vez, relata a Folha,
o desvio foi tão grande que o Aerodilma fez a curva em Mato Grosso antes de
aterrissar em Brasilia, por causa das nuvens carregadas e ameaça de balanço.
Outro dia, dois pilotos da TAM foram demitidos por justa causa
ao permitirem que o cantor Latino se sentasse à cadeira do comandante, durante
o voo, para fazer uma foto. A matéria de domingo da Folharevela que
Dilma chega a mudar o plano de voo do avião presidencial quando poderia, quem
sabe, tomar um Engov.
Não é o
cumulus?
***
Comentário: Quando se trata das excentricidades e esquisitices dos grandes gênios fica divertido ler. Agora, quando se trata de gente medíocre que posa toda a arrogância, é, então, atribuir-se qualidades de gênio que faz essa senhora se considerar superior aos outros. "Apenas os medíocres estão sempre no seu máximo".(William Maugham). Pois bem. Nós vivemos no "país maravilha" criado na imaginação do criador e da criatura, onde existe uma ZONA FRANCA da existência. Lá são outorgados todos os diplomas e doutorados para quem ainda não consegue concluir uma só frase....MOVCC
Nenhum comentário:
Postar um comentário