De mascarados sem máscara e mascarados de cara limpa — e de pau! Ou: Como colaborar com a violência

Por Reinaldo Azevedo - Veja Online

Sei que o título ficou parecendo, assim, um trocadilho à maneira Marina Silva. Mas pretendo emprestar sentido à coisa.
No post anterior, há uma matéria importante de Pâmela Oliveira, da VEJA.com. Coincide com a apuração dos “Reinaldo’s Blocs”, que são os meus agentes infiltrados nos protestos, que me mandam mensagens por SMS — apagando em seguida dos próprios celulares. Fica evidente, no texto anterior, a parceria entre o comando dos grevistas e os black blocs. Na verdade, quando os primeiros anunciam o fim da “manifestação”, o que fazem, na prática, é fornecer uma senha para os outros entrem em ação. É como se fosse um “Agora pode!”. Dá-se, então, a autorização para o vale-tudo. A Justiça, infelizmente, está a dizer que é mesmo assim, que esses são métodos válidos da luta. “Ah, nenhum juiz entrou nesse mérito…” Bem, nem seria necessário, não é mesmo? Mas cuido deles na madrugada.
Assim, à diferença do que sustentam JN e GloboNews, em vez de serem grupos distintos, black blocs e grevistas formam uma unidade, cada um atuando em estágios diferentes da baderna. Os sindicalistas, sem máscaras, a mascaram de manifestação pacífica. E os black blocs, mascarados, revelam a sua real natureza. O jornalismo tem de decidir se endossa a versão dos sem-máscara mascarados, que mentem, ou a dos mascarados sem máscara, que dizem, à sua maneira, a verdade.
Quem convoca os protestos sabe muito bem com quem pode e vai contar. “Ah, então, agora, todo mundo que convocar manifestação de rua estará endossando a ação dos black blocs?” Se estes não forem hostilizados e contidos, a resposta é “sim”. Ora, quem não quer se misturar com bandido pede a colaboração da própria polícia. Ocorre que tanto no Rio como em São Paulo os que convocaram os protestos contam com os truculentos para enfrentar os policiais e, assim, consolidar a imagem de uma Polícia Militar truculenta, o que é endossado por muitos jornalistas. Em São Paulo, os ditos “manifestantes” cantavam uma trovinha mais ou menos assim: “Alckmin, só um toque: o governo tem a PM, e o povo, os black blocs”. Enquanto setores da imprensa insistirem em flertar com a bagunça, isso não vai parar. Fazer uma distinção que não existe colabora objetivamente com a violência. Ponto.
Por Reinaldo Azevedo

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