Hoje, dia 9 de
novembro, completam-se 24 anos da queda do Muro de Berlim, marco histórico que
simboliza o fracasso do socialismo e a vitória do capitalismo liberal na Guerra
Fria. Em 2009, quando foi aniversário de duas décadas desse momento incrível,
escrevi um texto para o jornal GLOBO, que vai abaixo:
Vinte
anos depois
Dia 9
de novembro de 1989, 23h17, duas palavras selaram o destino da Guerra Fria. Uma
multidão gritava em uníssono: “Abram! Abram!”. Eram os alemães do lado
oriental, exigindo o direito de atravessar para o lado ocidental. O guarda
responsável da fronteira finalmente cedeu, e ordenou: “Abram tudo”. Os portões
escancararam-se. Era o fim do Muro de Berlim, ícone do regime socialista que
vinha mantendo o próprio povo em cárcere desde 1961.
Inúmeras
causas podem ser apontadas para esta conquista. De um lado, parece inegável o
papel desempenhado pelos americanos, em especial o presidente Reagan, que
exigiu em 1987: “Senhor Gorbatchov, derrube este Muro!”. Atrás da retórica, um
expressivo gasto militar que expôs a incapacidade do regime socialista de
acompanhar o ritmo americano. O colapso econômico do sistema soviético era cada
vez mais evidente. A queda no preço do petróleo daria o golpe fatal. O
contraste com o dinamismo das nações capitalistas era gritante demais.
Papel
fundamental na derrubada do Muro, entretanto, foi exercido por alguns
importantes líderes do Leste Europeu. Eis o que demonstra o jornalista Michael
Meyer em “1989: O Ano que Mudou o Mundo”. Meyer foi chefe da sucursal da
revista Newsweek na Alemanha Oriental durante o desenrolar dos
eventos e pôde verificar in loco os fortes ventos da mudança
soprando na região. Ele mostra como alguns “reformistas”, convencidos de que o
sistema não funcionava, tomaram decisões cruciais que culminaram na derrocada
completa do socialismo.
Entre
esses líderes, Miklós Németh merece destaque, por seu corajoso golpe no governo
comunista húngaro. Por meio de suas articulações políticas, a fronteira da
Hungria com a Áustria seria aberta, fazendo um buraco na Cortina de Ferro. Os
regimes comunistas sempre tiveram a necessidade de impedir a livre saída do
povo, para não deixar que os cidadãos descontentes – quase todos – votem com
seus pés. Assim, a fotografia de soldados húngaros cortando um trecho da cerca
de arame farpado que separava a fronteira austro-húngara ganhou o mundo.
Outra
grande conquista se deu na Polônia, onde o movimento Solidariedade, liderado
por Lech Walesa, conseguiu uma incrível vitória pacífica nas eleições que o
regime comunista, sob intensa pressão popular, aceitou realizar. Nas palavras
de Meyer, “para os anticomunistas de todos os lugares, era como tomar um grande
gole de coragem”. Aquilo que antes parecia impossível passava a ser visto como
viável.
A
Alemanha Oriental seria a próxima da lista, apesar da postura intransigente do
poderoso dirigente Honecker. Não dava mais para conter o desejo de liberdade do
povo. O Muro de Berlim representava a cicatriz da Europa dividida. Sua queda
marca o fim da Guerra Fria, com a humilhante derrota socialista. Vinte anos
depois, esta data merece ser celebrada, para jamais esquecermos os horrores do
socialismo, que, por onde passou, deixou um rastro de miséria, escravidão e
terror.
Alguns
intelectuais e “movimentos sociais”, infelizmente, tentam ressuscitar na
América Latina o que foi devidamente enterrado no Leste Europeu. Sob um novo manto,
o “socialismo do século XXI” quer inegavelmente seguir os mesmos passos
fracassados do passado. A diferença é o discurso hipócrita da “revolução
bolivariana”, com que se pretende hoje vestir a ditadura, dando-lhe uma
roupagem democrática. Trata-se do uso da “democracia” para destruir as nossas
liberdades individuais mais básicas. O alerta antigo vale mais que nunca:
“Aqueles que ignoram o passado estão condenados a repeti-lo”.
A pedido da Atlas
Foundation, gravei ainda um pequeno comentário em inglês (com legenda) em
homenagem a esta importante data:
Por fim, segue esta emocionante performance do “Winds of Change”, da banda Scorpions, para lembrar que os ventos de mudança ainda sopram, e que o socialismo será sempre, cedo ou tarde, derrotado, pois o ser humano clama por liberdade:
Que momento glorioso ver aquele muro ser destruído!
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