A Comissão de Ética da Presidência da
República decidiu pedir nesta segunda-feira explicações sobre a atuação do
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no caso da investigação da formação
de cartel na compra de trens em São Paulo. Vamos entender esse negócio.
Se a comissão acha que a atuação é
absolutamente regular, descarta de início qualquer iniciativa, mesmo um pedido
de explicações. Se avalia que, aparentemente ao menos, há algo de estranho ou
irregular, cobra a explicação — que pode ou não ser considerada satisfatória.
Se não for, há uma espécie de advertência, que tem um peso, digamos, moral. A
comissão não pune ninguém. Vinícius de Carvalho, presidente do Cade, já foi
advertido por ter omitido as suas óbvias relações com o deputado Simão Pedro.
Por que Cardozo, quando menos, deve
explicações — e explicações, avalio eu, sobre o inexplicável? Segundo ele
próprio diz, foi ele quem entregou para a PF os três documentos, todos sem
assinatura, que fazem pesadas acusações contra os tucanos. O ministro diz estar
apenas cumprindo a sua obrigação. É? O ministro envia à PF toda denúncia
anônima que chega às suas mãos? Ora…
A partir deste fim de semana, as coisas se
complicaram. Segundo o delegado Romeu Tuma Júnior, o caso do cartel de trens
compõe um dos dossiês montados pelos petistas para atingir a oposição. É o que
está escrito no livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”.
Pergunta óbvia: o ministro mandará à Polícia Federal o livro escrito por Tuma
Júnior, que agora faz uma denúncia com assinatura?
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