A manhã
do dia 1º de janeiro de 2014 nos trouxe a notícia de que o Brasil fechou o ano
com o impostômetro da Associação Comercial de São Paulo marcando R$ 1,7
trilhões pagos pelos brasileiros, em impostos, ao longo de 2013. Neste momento,
transcorridas poucas horas do novo calendário, ele já está contabilizando uma
arrecadação de R$ 3,6 bilhões. Só isso já seria uma péssima notícia. No
entanto, sabemos todos: por mais que se pague imposto, sempre falta dinheiro às
prefeituras, aos estados e à União. E a solução é tungar o cidadão.
Nos
últimos dias, repetiu-se a fórmula desonesta, tramposa, velhaca, pela qual a
receita do imposto sobre a renda e o salário de quem trabalha pode ser
permanentemente aumentada sem necessidade de mexer nas alíquotas. O governo federal
anunciou a correção da tabela de incidência do IR em percentual inferior ao da
inflação confessada pelos medidores oficiais. Na mesma batida, a autoridade
fiscal federal anunciou um aumento de seis pontos percentuais na alíquota do
IOF aplicado sobre saques em moeda estrangeira no exterior. A troco de quê?
Para equalizar com o valor já vigente para as compras com cartão de crédito,
ora essa.
Em vez
de pagarmos 0,38% passaremos a pagar 6,38%. Fica-se com a impressão de que o
governo “fez justiça” – porque era injusto que uma operação pagasse menos
imposto do que a outra. No entanto, como bom punguista, o governo apenas
arrumou um outro bolso para enfiar a mão.
O
resultado é que, ano após ano, sob os olhos do Poder Judiciário e do Congresso
Nacional, sem ninguém que nos defenda, estamos pagando mais tributo sobre a
mesma renda e mais tributo sobre os mesmos bens e serviços. É a infeliz lei da
nossa vida: os fatores determinantes da carga tributária nacional – gastança,
privilégios, corrupção e incompetência – exigem que o poder público se dedique
a tungar os cidadãos.
SISTEMA INÍQUO
Nossos
tímpanos calejaram de escutar que o país vive sob um sistema econômico iníquo,
que gera aberrantes desníveis de renda e concentração de riqueza. Tão repetida
cantilena tem sido música ambiental para a troca de afeto e carícias entre o
populismo e o esquerdismo, e não faltam devotos do Estado para apadrinharem
esse casamento que promete gerar igualdade, justiça e prosperidade. De nada
vale os fatos berrarem pela janela que isso é loucura. Se ouvissem a voz dos
fatos compreenderiam que estão pretendendo resolver um problema através da
reprodução de suas causas.
O
efeito da repetição é tão eficiente que quem escreve o que acabei de escrever
passa a ser malvisto. De nada vale dizer que o problema do Brasil está no
sistema político e não no sistema econômico. De nada vale afirmar que não há
concentração de renda maior do que aquela promovida por um aparelho estatal que
fica com 40% de tudo que a nação produz! De nada vale informar que tão brutal,
perversa e inútil captação de recursos para custear a rapina aos cofres do
Estado só faz travar o desenvolvimento do país.
Mais
ganancioso e perverso, só traficante. Mas a repetição dos chavões contra o
setor privado produz a cegueira política sem a qual ninguém se deixaria
conduzir pelo nariz para o abismo, crente de que, graças ao Estado, os pobres
estão, mesmo, comendo filé mignon.
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