O bacharel e o grosseirão

Vez por outra aparece a conversa de qual presidente é "um estadista". Por Marcos Nobre - FSP


"Estadista" é alguém que não faz a gente passar vergonha. "A gente" quer dizer quem lê jornal. E "passar vergonha" significa parecer brasileiro. Lula atacou de brasileiro mais uma vez. Falou como se estivesse em uma roda de amigos sobre onde o Judiciário deveria ou não meter o seu nariz.

O ministro Marco Aurélio Mello respondeu: "Conhecemos o estilo do presidente. Às vezes, quando deixa o script e parte para o improviso, ele não nos surpreende, ele nos estarrece, como nos estarreceu por último". Traduzindo: quando alguém com a devida cultura e os devidos diplomas universitários escreve o discurso e Lula apenas lê, "a gente" respira aliviado. Quando se mete a falar por conta própria, é de "passar vergonha".

Mas o ministro do STF é magnânimo, acha que o presidente e seu governo ainda podem aprender.

Por isso completou: "Eu tentei, numa atuação pedagógica, alertar o governo quanto à existência de uma lei que veda peremptoriamente qualquer criação de plano social no ano das eleições e também aumento de plano social".

O debate sobre o episódio foi tão sofrível quanto o próprio acontecimento. Ficou na oposição entre o grosseirão que não consegue ser estadista e o bacharel mestre-escola incompreendido.

Para ir além dessa superficialidade é preciso partir do pressuposto simples de que Lula não é um idiota. Toma decisões políticas equivocadas, com certeza, como qualquer outro político. Mas não compra briga à toa com parlamentares e com juízes.

Em termos políticos, o que realmente importa neste episódio é o isolamento paradoxal de Lula. É difícil encontrar um presidente mais popular. A economia vai de vento em popa. E, no entanto, parece que Lula não vai conseguir implementar nenhuma nova política de governo até o final de seu mandato.

A partir da derrota da CPMF, ficou claro que Lula não aprovará mais nada no Legislativo. A não-aprovação do Orçamento de 2008, por exemplo, significa colocar todo o governo a pão e água durante o ano inteiro. Sua "base parlamentar" não serve para aprovar nada. Serve apenas para impedir que a oposição tome conta de vez do Congresso.

Na defensiva no Legislativo, Lula resolveu partir para a ofensiva no STF. Indicou nada menos do que 7 dos 11 ministros e não quer perder essa vantagem. Aproveitando do isolamento de Marco Aurélio Mello no tribunal, fez-lhe uma provocação para convocar sua tropa à unidade. Se vai conseguir ou não manter esse último bastião, "a gente" vai saber em breve. Material do Sistema de Informações do DEM.


COMENTÁRIO
Ontem falávamos em casa, que a oposição é sempre muito educada nas respostas aos inconvenientes e despreparados que ocupam altos cargos nesse governo PT/FARC. E, imaginávamos o quanto deve ser difícil para um Ministro culto e educado responder ao "petista" Lula da Silva.

Lula aproveita e se inspira no respeito da lei eleitoral, que lhe assegura os milhões de votos inúteis, embora, os mais esclarecidos saibam que Lula é a corrupção oficializada.

Tomara que o exército Colombiano mostre de uma vez, a prova cabal de tudo aquilo que nós já sabemos, apenas pela observação. Mas, voltando a essa palavra "educação", relembro umas das melhores conclusões de - Mantegazza - "A educação é a higiene do espírito e do caráter, assim como a higiene é uma verdadeira educação do corpo". Por Gabriela/Gaúcho



SEM-TERRA DEVASTAM ÁREA DE 150 MIL HECTARES NO PARÁ

Acampamentos tomaram floresta em Tailândia; invasões começaram há 19 anos. Estimativa é do Sindicato dos Trabalhadores Rurais local; sem fiscalização, as áreas foram desmatadas e sua madeira foi vendida

A omissão do poder público nas decisões que envolvem as invasões de terra em Tailândia (a 218 km de Belém) permitiu que os sem-terra devastassem cerca de 150 mil hectares em 18 acampamentos abertos em áreas de floresta nativa, segundo estimativa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais local.

Cada hectare corresponde a 10 mil metros quadrados.
Algumas áreas foram tomadas por invasores há 19 anos e até hoje não há decisão sobre os pedidos de desapropriação. Sem fiscalização, as glebas foram desmatadas, e a madeira, vendida. Em vários acampamentos, os sem-terra, que não têm acesso a créditos oficiais, ergueram pequenas carvoarias para aumentar a renda. "O governo não faz reforma agrária e o pessoal não consegue financiamento", disse o presidente do sindicato, José Valdir Hoss.

No mais antigo acampamento do município, o Pindorama, 48 famílias dividem uma área de 3.453 hectares, a 24 quilômetros da cidade. Em 19 anos, a floresta que existia no local se transformou em terra arrasada.

No local, há casas, bares, associação e escola. Parte da vila tem energia elétrica. A maioria dos trabalhadores que hoje moram lá comprou glebas de colonos que viraram grileiros.

Poucos são os remanescentes da invasão de 89. Um deles é José Campelo da Silva, 61. Ele cercou cem hectares e, em dez anos, quase tudo virou pasto. "Na época, não sabia de IBAMA nem de lei sobre floresta."

Desde fevereiro, Tailândia é alvo de fiscalização na Operação Arco de Fogo. Ontem, mais 107 fornos de carvão em sete fazendas foram destruídos.

O Incra informou não ter "responsabilidade direta" sobre os acampamentos. A competência para tratar do caso seria, diz o órgão, dos movimentos sociais. No caso dos assentamentos, a eventual descoberta de crimes ambientais poderia levar o infrator à perda de seu lote. Quanto aos acampamentos, existiria a possibilidade de exclusão dos infratores da lista de beneficiários, desde que houvesse provas suficientes. Por Fábio Guibu da Agência Folha em Tailândia (PA)

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