Presidente Uribe rejeita proposta de criar “aliança militar do Sul

Os 12 mandatários da América do Sul estarão reunidos em Brasília para a reunião que deverá institucionalizar a União das Nações Sul-Americanas (Unasur). O Celso Amorim (Defesa), disse que o conselho poderá ser lançado já na sexta-feira (23), durante a reunião constitutiva.

A Colômbia defenderá sua rejeição ao grupo. A criação de uma instância para complementar a indústria bélica da região, coordenar exercícios militares conjuntos e intercambiar efetivos de segurança entre outras coisas, são assuntos de muita expectativa e provavelmente irão gerar discórdia durante a reunião.

O presidente Uribe confirmou ontem pela rádio RCN radio, que "a Colômbia tem dificuldades para participar" (da UNASUR), porque acredita que a OEA cumpre esse propósito, além do que "nós temos o problema do terrorismo que nos obriga a ser muito cuidadosos nas tomadas de decisões".

O Brasil historicamente não mantém uma lista de organizações terroristas e resiste às pressões da Colômbia para classificar as Farc como tal. Já Hugo Chávez tem defendido dar um status de "beligerância" à guerrilha de esquerda. O colombiano disse ainda que já havia informado a Jobim que não entraria no conselho durante a visita do brasileiro a Bogotá, em abril. Segundo ele, a mesma negativa foi expressa ao presidente Lula da Silva durante a cúpula de Lima, na semana passada.

"O modelo de desenvolvimento da Colômbia não agrada alguns governos", que "pensam que o modelo correto de desenvolvimento é o modelo da hostilidade, de reviver monopólios estatais como únicos instrumentos de prosperidade". O mandatário colombiano disse ainda: “temos um modelo que prima por construir a confiança em nosso país e, por isso, estamos em dificuldades com países que tiveram uma postura, eu diria, muito política frente às FARC, enquanto nós temos uma postura de derrotar totalmente o terrorismo".


CHÁVEZ CONTRA-ATACA
As declarações de Uribe geraram reação do presidente venezuelano Hugo Chávez. "Uribe diz que prefere a Organização dos Estados Americanos (OEA), mas já sabemos o porquê, mas respeitamos o seu direito. (...) Lá estão os que querem continuar sendo lacaios indignos do império americano. Nós estamos dispostos a ser livres, soberanos e dignos", disse, em cadeia nacional obrigatória de rádio e TV.

Outro ponto: Uribe também recusou o convite do Lula da Silva para que a Colômbia presidisse o novo bloco devido à crise com seus colegas do Equador e Venezuela.

O certo é que este encontro em Brasília, que busca vida jurídica para a UNASUR, acontece justamente num momento que está marcado por diferenças ideológicas dos mandatários.


A BASE DOS EUA
Outro tema polêmico que envolve os países andinos em matéria de Defesa é a possível transferência da base militar norte-americana de Manta, no Equador, para a Colômbia, já que o presidente equatoriano, Rafael Correa, não renovará a licença para a base, que vence em 2010. O Uribe disse que essa guarnição não pode causar provocações aos vizinhos. "Nada que a Colômbia faça para derrotar o terrorismo com o apoio dos Estados Unidos, será desafiante para algum de nossos vizinhos", afirmou o mandatário. Fontes: Da Redação política do El Tiempo e do Noticiero Digital – Tradução – Arthur do MOVCC.




BRASIGUAIOS CONTRATAM PROTEÇÃO NO PARAGUAI

Brasileiros donos de fazendas temem a invasão de suas terras – Zero Hora


Fazendeiros brasileiros que vivem na fronteira do Paraguai com o Brasil, os brasiguaios, estão com medo. Instalados na chamada faixa de segurança do país, onde estrangeiros não poderão mais adquirir terras, eles temem perder suas propriedades ou vê-las invadidas e estão contratando milícias armadas para impedir uma possível ação de sem-terra paraguaios.

A medida que estabeleceu a faixa de segurança - uma área de 50 quilômetros ao longo da fronteira com Brasil, Bolívia e Argentina - , onde será proibida a compra de terras por estrangeiros, foi anunciada nesta semana. O governo garante, porém, que a norma não será retroativa, ou seja, não seria aplicada aos que compraram suas terras antes da vigência da regra - entre eles os brasileiros. Ainda assim, os brasiguaios estão temerosos e fazem investimentos para proteger suas propriedades - de olho também nas invasões promovidas recentemente por sem-terra.

Seguranças estão sendo contratados por preços que variam de R$ 12 (sem armas) a R$ 40 (com armamento pesado, como fuzis e metralhadoras) por 12 horas de trabalho. - O investimento não é baixo, mas assim evitamos prejuízos ainda maiores - justifica o brasileiro Aparecido Donizeti da Silva, dono de uma propriedade com 6 mil hectares na cidade de Colônia Iguazú.

Na vizinhança, outras duas fazendas foram ocupadas por sem-terra esta semana. Além disso, para quase tudo existe uma "taxa extra" cobrada pelas autoridades paraguaias. No caso de uma propriedade ser invadida, por exemplo, o custo de uma ordem de reintegração de posse não sai por menos de R$ 100 mil - valor que seria dividido entre juízes, promotores, e policiais.

Quem prefere as vias legais corre o risco de ver o caso se arrastar por mais de 10 anos, sem garantia de solução. Os brasileiros são responsáveis por quase 80% da produção de grãos no país vizinho - estima-se que cerca de 3,5 mil famílias brasileiras vivam nos Estados de Alto Paraná, Canindejú e San Pedro, as regiões de conflito. Donizeti da Silva e outros brasiguaios já pensam em voltar ao Brasil.

Agricultores e pecuaristas simpáticos ao Partido Colorado - que deixa o poder em agosto - também estão na mira dos invasores. A reforma agrária integral - um dos pilares da campanha do presidente eleito, o ex-bispo Fernando Lugo, do Partido Liberal - estimulou o atual impasse.


POR INVASÕES, PRODUTORES BUSCAM JUSTIÇA
Enquanto produtores de soja tinham reunião ontem na Corte Suprema do Paraguai para pedir "segurança jurídica" ante as invasões de terra que se intensificaram no país, o vice-presidente eleito paraguaio, Fernando Franco, reafirmou ontem sua rejeição às ações dos movimentos camponeses. As declarações de Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico, ocorrem depois que o presidente eleito, o esquerdista Fernando Lugo, voltou a defender as "ocupações" como legítimas - muitas delas têm como alvo propriedades de brasileiros e descendentes-, alimentando a divergência na base do governo que toma posse em agosto.Da Redação O Globo

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