A enorme popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se traduziu em votos. A ex-ministra Marta Suplicy, em São Paulo, não se beneficiou dela e vai ter de disputar o segundo turno, tendo tido ontem um desempenho aquém do esperado. Em Natal, Lula fez uma cruzada contra a candidata do PV, Micarla de Souza, e ela ontem venceu no primeiro turno. A baixa capacidade de transferir votos pode prejudicar os planos da ministra Dilma Roussef (PT), a candidata de Lula para disputar sua sucessão em 2010
Pouco depois de votar em uma escola próxima à sua casa, em São Bernardo do Campo, Lula recorreu de novo ao discurso dos ricos contra os pobres, e disse que a população mais pobre já não segue os chamados formadores de opinião. Para ele, uma das conseqüências da consolidação da democracia é a emancipação política e ideológica das pessoas de baixa renda.
- A mudança política está ocorrendo não só no Brasil, mas em todo o continente latino-americano. As pessoas mais pobres, que antes se deixavam levar pelo chamado formador de opinião pública, agora são seus próprios formadores de opinião. Eles é que estão formando opinião - disse Lula.
Acompanhado por dona Marisa Letícia, pelos candidatos a prefeito e vice de São Bernardo, Luiz Marinho e Frank Aguiar, e pelo deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), Lula votou às 9h30m, e foi com Marisa a outra seção eleitoral. Segundo Lula, a existência de eleições a cada dois anos serve de exercício para a população e aprimora a democracia.
- É bom a gente ter eleição de dois em dois anos porque isso permite que o povo brasileiro exercite a democracia até os últimos limites - disse.
Lula prevê o fortalecimento do PT nas eleições municipais. Provocado pelo repórter de um programa humorístico de TV, mostrou confiança na vitória de Marta Suplicy, candidata a prefeita de São Paulo.
- Numa eleição com três candidatos, a Marta saiu em primeiro no primeiro turno, isso é extraordinário. Agora, vai ganhar no segundo turno - disse ele de manhã, o que não se confirmou com as urnas abertas.
Sabe de quantos votos de fora do PSDB e do DEM o prefeito Gilberto Kassab precisa para se reeleger? De nenhum. Zero. Com 92% das urnas apuradas, Kassab e Alckmin têm juntos 3.333.848 votos - ou 55% do total computado até aqui. No segundo turno da eleição de 2004, Serra derrotou Marta Suplicy com 3.330.179 votos. Ou Marta atrai votos que foram de Alckmin, a se admitir que tomar os de Kassab será mais difícil, ou tchau e benção. Por Noblat
SÃO PAULO – ALCKMIN SE ARRISCA A PERDER DE NOVO
Geraldo Alckmin (PSDB) perdeu o primeiro turno da eleição para prefeito de São Paulo. Se demorar muito a anunciar seu apoio à reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), perderá também o segundo. Os eleitores não precisam que no segundo turno os candidatos derrotados no primeiro digam em quem eles devem votar. Esses candidatos é que precisam estar sintonizados com seus eleitores se quiserem sobreviver. Por Noblat
Vai revidar os ataques que Lula fez a ele e à candidata Micarla de Souza (PV), que prevaleceu em natal, no primeiro turno, com o seu apoio.
“Não posso deixar de realçar o viés chavista de Lula. Ele é um títere. Não consegue respeitar a oposição. É truculento. É sobre isso que vou falar...” “...O Lula veio a Natal para derrotar o líder da oposição. Ficou patente que, em política, a truculência é má conselheira. Ele se arrebentou.” Leia a entrevista de Agripino aqui, no Blog do Josias de Sousa
URNAS ELETRÔNICAS – “SHOW DE CIVILIZAÇÃO”
O Lula da Silva parabenizou nesta segunda-feira (6/10) a Justiça Eleitoral brasileira – em especial o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – e afirmou que “mais uma vez” o país demonstrou competência e organização. Apesar de 1.898 urnas eletrônicas substituídas em todo o país (5,01% do total), Lula afirmou que o equipamento deu “um show de civilização” durante o processo eleitoral.
Nunca antes neste país, tanta gente morreu ou foi ameaçada durante um processo eleitoral. Nunca se gastou tanto para realizar uma eleição, como se gastou neste ano.
O Lula consegue enxergar “civilização” num processo eleitoral manchado de sangue, que matou mais de 20 candidatos pelo Brasil afora. Isto, porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tem uma lista oficial de quantos candidatos foram assassinados no país.
Inclusive, a coisa foi tão civilizada que, ontem, o vereador eleito em Minas, Hélio José Jonas Pinheiro Bento (PR), de 40 anos, e seu filho de 16 anos foram assassinados supostamente por um rival político na região de Novo Cruzeiro no interior de Minas Gerais.
Foi um festival de prisões durante o pleito de ontem. Quase duas mil pessoas foram presas. Tivemos de tudo durante a votação: Desde envenenamento de mesários em Santa Catarina, depredação de urnas no Pará, roubo de urnas, agressão a mesários, menor de idade votando em Londrina, denúncias de irregularidades nas urnas, tiros etc etc. Tudo muito civilizado certamente.
Segundo o TSE, este ano foram gastos R$ 462 milhões dos cofres públicos, um acréscimo de R$ 112 milhões em relação à disputa de 2004. Segundo o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto, esse aumento foi decorrente do aumento do número de urnas eletrônicas pelo país, mais o custo da segurança no Rio de Janeiro, que custou R$ 31 milhões. Aliás, foram enviadas tropas do exército para o Brasil inteiro.
Qualquer otário sabe muito bem que o custo da violência impactou diretamente sobre o valor gasto nesta campanha “civilizada”. Na verdade, tivemos uma verdadeira “operação de guerra” este ano. Quanto às urnas eletrônicas, elas são tão civilizadas, que nem o vizinho Paraguai aceitou usá-las na sua última eleição.
O atraso verificado durante a apuração dos votos ontem, em São Paulo, cuja explicação ficou por conta de um problema técnico na totalização de votos, que segundo o TRE-SP foi por causa dos acessos, é algo que deve ser observado com rigor, afinal, vários especialistas alertaram que as urnas são passíveis de fraude.
Não é porque o Kassab ganhou (por uma diferença mínima) que vamos baixar a guarda. Quem garante que Marta realmente chegou ao segundo turno? Ou, até mesmo, que a diferença de votos tenha sido tão ínfima assim? Por Gaúcho/Gabriela
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