Lula ainda não entendeu a crise

Tomara que na reunião de hoje, os assessores do presidente o informem de forma mais precisa e bem informada o que está acontecendo com a crise aqui no Brasil.

O Brasil já foi atingido, como disse na coluna Panorama Econômico de sexta-feira da semana passada, e não é por uma marola. E mais: ao contrário do que devem ter dito ao presidente, a Aracruz e a Sadia, empresas que tiveram problemas, não estavam apostando contra o real, estavam apostando que o real continuaria forte, e por isso perderam dinheiro.

O problema não é o presidente não entender a crise, porque para isso os presidentes têm Ministérios. O problema é que pelas declarações do presidente percebe-se que ele está sendo mal informado do tamanho e complexidade do problema. Miriam Leitão





BOVESPA OPERA COM FORTE BAIXA



A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) segue operando com baixa na casa dos dois dígitos na tarde desta segunda-feira (6). Às 13h57, o Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, recuava 12,15%, aos 39.109 pontos.O mercado opera sob forte tensão depois da nova interrupção das operações, provocada pela queda de 15% no Ibovespa, às 11h44. Às 12h44, na retomada dos negócios, o indicador caía 15,45%, aos 37.638 pontos.
Portal G1




BRASIL S.A – UM MEDO QUE SE ESPALHA
Em meio à desconfiança que se generaliza, pessoas comuns sacam suas economias e bons pagadores são tratados com suspeita – Correio Braziliense

A confusão e o pânico, com bancos caindo como goiabas podres do pé e espalhando sujeira para todos os lados, vão continuar. O mundo financeiro está no escuro, mas o pouco que se pode ver adiante não é animador. Já se fala que está havendo uma silenciosa corrida aos bancos nos Estados Unidos. Inseguros, os norte-americanos estão preferindo retirar o dinheiro depositado. É a crise de confiança, que domina os mercados de crédito, chegando aos cidadãos.

Bem, se os bancos não confiam uns nos outros para emprestar seu dinheiro, não se pode pedir que as pessoas o façam. Esse receio está por trás da inclusão no pacote aprovado pelo Congresso norte-americano, na sexta-feira, da elevação da garantia de depósitos de US$ 100 mil para US$ 250 mil temporariamente. É uma boa medida para os clientes, mas não vai impedir fortes perdas, segundo o oráculo do momento, o economista Nouriel Roubini.

Pelos seus cálculos, com dados do primeiro semestre, US$ 1,9 trilhão depositados não estão segurados mesmo com a ampliação da cobertura. Uma corrida generalizada aos bancos seria catastrófica. O medo de uma situação como essa explica, por exemplo, a garantia lançada ontem pelo governo da Alemanha de que vai pagar os depósitos dos clientes em caso de quebra do banco hipotecário Hypo Real Estate. Para evitar o pânico, o porta-voz do Ministério das Finanças, Torsten Albig, anunciou oficialmente que o Estado garantirá todos os depósitos de correntistas particulares. Sem limite de valor...

Limpar a sujeira
É mais barato usar o dinheiro dos contribuintes para limpar a sujeira de alguns do que permitir que o medo se espalhe e contamine todo o sistema financeiro. É a lógica para justificar o objetivo do pacote US$ 700 bilhões de socorro elaborado nos Estados Unidos. E é o mesmo objetivo do Banco Central brasileiro ao liberar dinheiro dos depósitos compulsórios (que os bancos são obrigados a manter reservados no BC) para que grandes instituições comprem pequenas e médias sob o risco de quebrar. Tudo para não deixar o pânico e a desconfiança continuarem se espalhando.

Aliás, é preciso deixar claro que o pacote norte-americano, aprovado na sexta-feira, não vai resolver o problema todo. O objetivo é impedir que mais bancos e outras instituições financeiras vão à bancarrota, aumentando ainda mais a sensação de insegurança e medo no mercado. Mesmo que alcance o objetivo, o que não é certo, nada resolve do impacto na economia real, cujos sinais de desaceleração (ou mesmo de recessão, como no caso da Europa) são cada vez mais fáceis de perceber.

Mais ameaças
A grande preocupação atual é com os fundos de hedge, que estariam enfrentando grandes saques. Para cobrir as saídas, estão vendendo ativos (papéis) em que tinham aplicado o dinheiro. Como os preços estão caindo em todo o mundo, ao se desfazerem dos títulos para cobrir os saques absorvem grandes prejuízos que vão explodir em seus balanços nos próximos meses.
Neles estaria a próxima bomba a explodir. Resta saber se o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, vai conseguir desarmá-la a tempo ou não, como aconteceu com os créditos hipotecários.

Parada cardíaca
A parada geral nos empréstimos não se restringe aos bancos. As empresas — a chamada economia real, que produz e emprega — estão sendo afetadas. Nos Estados Unidos, estima-se que as empresas precisam rolar dívidas bancárias de US$ 500 bilhões até o fim do ano para se manterem funcionando. E lá, como aqui, os juros para essas operações estão cada vez mais altos e as linhas de crédito curtas. “É claro agora que o sistema financeiro dos Estados Unidos — e até mesmo o sistema de financiamento ao setor empresarial — está em uma parada cardíaca e em risco de um colapso financeiro sistêmico”, é como, sem meias palavras, Roubini abriu seu último comentário da semana passada.

No Brasil, as primeiras vítimas foram os exportadores, que dependem de financiamento bancário para produzir o que foi encomendado. E os bancos pequenos e médios, que não conseguem se abastecer de dinheiro dos grandes, como vinham fazendo tranqüilamente até a poucas semanas. À medida que o clima mundial for azedando e a oferta de crédito continuar diminuindo, mesmo para tomadores que são excelentes pagadores, o efeito sobre a economia real vai se aprofundando.




OBRAS DO PAC SOB SUSPEITA
A suspensão da concorrência para a contratação das obras do pátio de aeronaves e de terraplenagem do Terminal de Passageiros 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, anunciada pela Infraero, prova o acerto da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgada na véspera, de incluir esse contrato entre os que deveriam ser paralisados por causa da existência de irregularidades graves. As obras do Aeroporto de Guarulhos estão entre dezenas de casos semelhantes. De um conjunto de 153 contratos e obras federais que fiscalizou em 2008, para orientar o governo e o Congresso na elaboração e discussão do Orçamento de 2009, o TCU encontrou em 48 (quase um terço do total) irregularidades tão graves que recomendou sua paralisação. Leia matéria
aqui, no Estadão

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