Os jornais, em geral, foram um tanto suaves com Marta Suplicy, após o debate de ontem, pela Band. Tentaram colocar “panos quentes” enquadrando os dois candidatos (Marta e Kassab) no mesmo nível, como se isto fosse possível. Mas quem assistiu ao debate, não teve dúvidas: A petista mostrou-se totalmente desequilibrada, ofensiva, cansativa e vingativa, enfim, deu-nos uma clara mostra do que ela chama estar “mais experimentada” como política.
Com uma desvantagem monstruosa nas pesquisas de intenções de votos, Marta está sendo orientada pelo seu “marqueteiro” (Carlos Zarattini), a partir “para o vale tudo”, atacar na linha abaixo da cintura e a meter o dedo nos olhos do candidato democrata Kassab, numa clara demonstração de desespero. Por Gáucho/Gabriela
O Reinaldo Azevedo abordou sobre o “lamaçal da campanha petista” com brilhantismo, em “O Dever da Resistência” – leia aqui
Mas é muito mais contundente - chega a ser testemunhal até - quando um jornalista que já foi assessor de imprensa do PT escreve sobre o assunto, demonstrando sua repulsa pela baixaria petista.
Com uma desvantagem monstruosa nas pesquisas de intenções de votos, Marta está sendo orientada pelo seu “marqueteiro” (Carlos Zarattini), a partir “para o vale tudo”, atacar na linha abaixo da cintura e a meter o dedo nos olhos do candidato democrata Kassab, numa clara demonstração de desespero. Por Gáucho/Gabriela
O Reinaldo Azevedo abordou sobre o “lamaçal da campanha petista” com brilhantismo, em “O Dever da Resistência” – leia aqui
Mas é muito mais contundente - chega a ser testemunhal até - quando um jornalista que já foi assessor de imprensa do PT escreve sobre o assunto, demonstrando sua repulsa pela baixaria petista.
Eis um trecho do texto de Kennedy Alencar, na Folha:
“O PT já foi vítima de baixarias eleitorais. A maior delas: o episódio Miriam Cordeiro. Em 1989, o candidato Fernando Collor de Mello, num sinal do que viria a ser no governo, atacou pessoalmente Lula da Silva. Logo, o PT e Marta deveriam ser os primeiros a evitar o lamaçal. É uma baixaria utilizar aspectos da vida privada numa campanha. Pena que Marta tenha enveredado por esse caminho. Pena que recorra a uma dissimulação desleal. O tucano Geraldo Alckmin já saiu menor do que entrou desta eleição. Ela corre risco maior ao mandar a ética às favas. Pode perder muito feio.” Mais aqui - “Marta e PT passam do limite na TV”
Em 2002, o publicitário Duda Mendonça inventou o "Lulinha Paz & Amor" porque a maioria dos brasileiros se recusava a eleger o "Lula ex-metalúrgico quase sempre de mal humor", derrotado três vezes antes.
A maioria dos paulistanos esperava uma Marta menos Fávre e mais Suplicy no momento em que ela tenta se reeleger prefeita pela segunda vez. Marta em estado bruto e com a arrogância à flor da pele enfrentou, ontem, um adversário ameno e com cara de bom moço no debate promovido pela Rede Bandeirantes de Televisão.
"Virgem Maria", espantou-se Gilberto Kassab depois de uma intervenção particularmente dura de Marta. "Virgem Maria" - deve ter repetido parte dos assistentes do lado de cá da telinha. Uma idéia do que viria à noite fora oferecida ao longo do dia na forma de um comercial da campanha de Marta no rádio e na televisão.
O comercial faz insinuações a respeito da vida privada de Kassab (DEM). Uma voz de homem não identificada diz que o eleitor tem o direito de saber se Kassab é casado e se tem filhos. "Você sabe mesmo quem é o Kassab? Sabe de onde ele veio? Qual a história do seu partido?" - pergunta a voz. Para deixar como últimas perguntas: "Sabe se ele é casado? Tem filhos?" Outro comercial na mesma linha critica o passado político de Kassab e pergunta por fim: "Será que ele esconde mais coisas?"
Marta se fez de boba quando jornalistas sugeriram que os comerciais nada tinham a ver com a sua biografia de apresentadora de programa de televisão onde orientava as pessoas a desfrutarem dos prazeres do sexo.
- O que você está querendo insinuar? - respondeu Marta à pergunta de uma jornalista da Folha de S. Paulo. "São direitos de informação que todo mundo tem que ter".
Desesperada com a derrota que se avizinha, Marta mandou todos os escrúpulos às favas e tentou arrombar a porta da vida privada do seu adversário.
Tem cabimento, sim, examinar a trajetória política de Kassab - assim como Kassab, se quisesse, poderia examinar a trajetória política de Marta. Não tem cabimento, o menor cabimento, discutir-se se Kassab é casado ou solteiro, se tem filhos ou não. Suponho que ele seja solteiro, sem filhos. Do contrário já teria se exibido por aí na companhia da família.
Sim, mas o que há de relevante nisso? No que pode mudar o voto do eleitor a informação sobre o estado civil de Kassab?
Sejamos claros: a ultra-liberal sexológa Marta, que não renuncia ao sobrenome do ex-marido, quer sugerir que Kassab é gay. Correligionários no Rio do candidato a prefeito Eduardo Paes (PMDB) se valem do mesmo jogo baixo e sujo contra Fernando Gabeira (PV). No caso de Gabeira, bocas de aluguel percorrem a zona oeste da cidade e faixas da zona sul disseminando o boato de que ele é gay, viciado em drogas e ateu.
De Lula, em 1989, a turma de Fernando Collor disse que congelaria os depósitos das cadernetas de poupança. Foi Collor que congelou. De Gabeira se diz que reforçará com drogas a merenda escolar.
O Instituto Datafolha pôs Kassab 17 pontos percentuais à frente de Marta em pesquisa de intenção de voto divulgada na semana passada. O Ibope divulgará amanhã nova pesquisa sobre a eleição em São Paulo.
Marta tinha dois caminhos igualmente limpos para sair do episódio eleitoral ainda em curso: o primeiro, contrariar todas as previsões e derrotar Kassab. O segundo, perder para ele, mas manter intacto seu expressivo patrimônio eleitoral e a imagem de uma política respeitável. Tudo indica que Marta escolheu um terceiro caminho - o do abastardamento.
Quando Marta sugere que não criará mais taxas, é o tipo da afirmação que não cria segurança para os eleitores paulistanos, afinal, Marcos Zaratini (seu coordenador de campanha) foi um dos que aprovaram a CPMF. Que segurança se pode ter com essa gente adora criar impostos?
Hoje, na rádio, Marta comparou gestões no ringue e "venceu" Kassab por nocaute. Na mensagem, locutores simularam uma luta de boxe entre ela e Kassab, na qual Marta vence o oponente. Leia aqui, o que Marta seguramente não teve tempo de comentar na Rádio. Subestimar a capacidade do eleitor é uma coisa gravíssima, uma ofensa.
Ninguém se animou ainda a fazer uma dessas enquetes, depois do debate de ontem, para ver como ficou a situação dos candidatos. Com certeza, Kassab ganhou novos eleitores. Por Gaúcho/Gabriela
SINAL DE ALERTA
O fracasso de algumas candidaturas claramente ligadas ao presidente Lula preocupou a turma da ministra Dilma Rousseff, candidata a presidente, em 2010, que depende da tal transferência de votos. Por Cláudio Humberto
FIM DO CAPITALISMO? Por Denis Lerrer Rosenfield – O Estado de São Paulo
A crise nos EUA tem suscitado as mais contraditórias manifestações, não apenas no que diz respeito às medidas adotadas, mas também às suas conseqüências propriamente ideológicas, políticas. Formadores de opinião que eram contra as medidas "capitalistas" de Lula passam a defendê-las, criticando o mesmo capitalismo. Em particular, no Brasil, os efeitos ideológicos têm sido importantes, pois os setores de esquerda mais atrasados parecem ter ganho maior vigor nestas últimas semanas. E a crise tende a se prolongar por vários meses.
O presidente Lula não primou pela responsabilidade em suas primeiras manifestações, ao colocar o Brasil como uma ilha de tranqüilidade num oceano de tormentas. As críticas ao presidente Bush e ao capitalismo têm sido acompanhadas do elogio às políticas adotadas no País, como se estas tivessem sido uma opção ao capitalismo. A contradição é flagrante. O País está atravessando a crise mundial graças ao fato de ter adotado uma política capitalista responsável.
Deu autonomia operacional ao Banco Central, manteve o câmbio flutuante, conservou o superávit fiscal (mesmo que o tenha feito via aumento dos impostos), teve uma gestão rigorosa da taxa de juros e conservou as metas de inflação. Ou seja, o êxito atual se deve, precisamente, ao abandono de importantes bandeiras socialistas do PT. O êxito se deve à adoção de uma política "neoliberal". Paradoxalmente, isso está servindo ao propósito de uma reanimação de propostas esquerdizantes, quando estas, se praticadas, teriam levado o Brasil a uma crise de dimensões incomensuráveis.
Temos algo do seguinte tipo: capitalistas aqui e acolá, como se uns devessem abandonar sua denominação própria, passando a se chamar socialistas ou outro nome equivalente. A razão que tem sido avançada é a de que se torna necessária uma maior regulação do Estado, como se isso significasse retorno ao socialismo. Pulula nos meios de comunicação a expressão "fim do capitalismo". Ora, regulações e instituições sempre fizeram parte de uma economia de mercado. Na sua ausência, crises foram criadas ou potencializadas. Mesmo historicamente, o mercado só começou a se desenvolver quando instituições - a saber, normas, regras e contratos por todos respeitados - passaram a vigorar. O problema, contudo, é que no Brasil a leitura do papel do Estado e de suas instituições pode ser outra, a de que convém aparelhar ainda mais partidariamente a máquina estatal e aumentar o número de funcionários públicos.
Essa leitura da crise pode ter como desfecho uma ainda maior hipertrofia do Estado brasileiro, com aumento da burocracia, de regulações e, mais preocupante, maior aparelhamento partidário e ideológico das agências reguladoras. O mote pode ser: a crise americana nos ensina que devemos aumentar as regulações. E isso se traduziria pelo seguinte: mais companheiros nas agências reguladoras e nos órgãos do Estado. Pior ainda, aplicação de medidas ditas "socializantes" para contra-restar os efeitos perniciosos do capitalismo. Pragmaticamente, o governo reconhece a obrigação de reduzir os gastos correntes, aumentar as linhas de crédito para as empresas exportadoras e o agronegócio, manter o Banco Central independente, mas, por outro lado, pende igualmente para aumentar os seus gastos, ingerir nas agências reguladoras e relativizar a propriedade privada.
Talvez o conceito mais adequado para caracterizar a atual situação seja o de "destruição criadora", elaborado por Joseph Schumpeter, em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia. O capitalismo, ciclicamente, produz crises, que geram grandes perdas para alguns setores e ganhos para outros. Alguns estão efetivamente perdendo e outros estão ganhando, por exemplo, comprando ações de empresas desvalorizadas pela queda de suas cotações. O papel dos bancos de investimento será certamente reavaliado no seu modo atual de funcionamento, sobretudo nos EUA. Criam-se novas oportunidades e novas formas de desenvolvimento futuro, por maior que seja o impacto presente. Nada disso, no entanto, significa o fim do capitalismo nem a emergência do socialismo. O capitalismo e o Estado em que este se dá aprendem com suas crises e avançam em novos patamares. Claro que há um espaço, e grande, para que erros sejam cometidos. Isso não significa, porém, que a economia de mercado estaria com seus dias contados.
O que mais se lê nos jornais, no entanto, é que o capitalismo estaria exibindo o seu fracasso. É curioso. A cada crise, Marx dizia a mesma coisa no século 19 e morreu no seu sofá pensando que, infelizmente, não teria tempo para presenciar a crise final. O que Marx pensou corretamente é que as crises fazem parte do desenvolvimento do capitalismo, sendo, por assim dizer, estruturais ao seu processo. Equivocou-se, porém, ao considerar que haveria uma crise terminal, na qual soariam as trombetas do juízo final, com a salvação socialista da humanidade. Nada disso, no entanto, aconteceu e o capitalismo soube se renovar, contrariando todos esses prognósticos.
Não se devem confundir novas regulações necessárias de um mercado financeiro que passou a operar sem regras com a necessidade de anulação do próprio mercado. Ou, ainda, o problema pode ser colocado em termos de necessidade de maior transparência e fiscalização de operações financeiras, para que estas passem a atuar segundo princípios que deveriam reger uma economia de mercado e foram parcialmente abandonados.
Não é demais ressaltar novamente que o fato de o Brasil estar atravessando relativamente bem a tormenta internacional se deve precisamente a ter feito uma gestão capitalista responsável, não seguindo nenhuma aventura. Poder-se-ia mesmo dizer que, nos últimos anos, a gestão dos mercados financeiros no Brasil foi mais responsável do que a americana, por ter seguido melhor os princípios de uma economia capitalista.
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia n UFRGS. E-mail: denisrosenfield@terra.com.br
Hoje, na rádio, Marta comparou gestões no ringue e "venceu" Kassab por nocaute. Na mensagem, locutores simularam uma luta de boxe entre ela e Kassab, na qual Marta vence o oponente. Leia aqui, o que Marta seguramente não teve tempo de comentar na Rádio. Subestimar a capacidade do eleitor é uma coisa gravíssima, uma ofensa.
Ninguém se animou ainda a fazer uma dessas enquetes, depois do debate de ontem, para ver como ficou a situação dos candidatos. Com certeza, Kassab ganhou novos eleitores. Por Gaúcho/Gabriela
SINAL DE ALERTA
O fracasso de algumas candidaturas claramente ligadas ao presidente Lula preocupou a turma da ministra Dilma Rousseff, candidata a presidente, em 2010, que depende da tal transferência de votos. Por Cláudio Humberto
FIM DO CAPITALISMO? Por Denis Lerrer Rosenfield – O Estado de São Paulo
A crise nos EUA tem suscitado as mais contraditórias manifestações, não apenas no que diz respeito às medidas adotadas, mas também às suas conseqüências propriamente ideológicas, políticas. Formadores de opinião que eram contra as medidas "capitalistas" de Lula passam a defendê-las, criticando o mesmo capitalismo. Em particular, no Brasil, os efeitos ideológicos têm sido importantes, pois os setores de esquerda mais atrasados parecem ter ganho maior vigor nestas últimas semanas. E a crise tende a se prolongar por vários meses.
O presidente Lula não primou pela responsabilidade em suas primeiras manifestações, ao colocar o Brasil como uma ilha de tranqüilidade num oceano de tormentas. As críticas ao presidente Bush e ao capitalismo têm sido acompanhadas do elogio às políticas adotadas no País, como se estas tivessem sido uma opção ao capitalismo. A contradição é flagrante. O País está atravessando a crise mundial graças ao fato de ter adotado uma política capitalista responsável.
Deu autonomia operacional ao Banco Central, manteve o câmbio flutuante, conservou o superávit fiscal (mesmo que o tenha feito via aumento dos impostos), teve uma gestão rigorosa da taxa de juros e conservou as metas de inflação. Ou seja, o êxito atual se deve, precisamente, ao abandono de importantes bandeiras socialistas do PT. O êxito se deve à adoção de uma política "neoliberal". Paradoxalmente, isso está servindo ao propósito de uma reanimação de propostas esquerdizantes, quando estas, se praticadas, teriam levado o Brasil a uma crise de dimensões incomensuráveis.
Temos algo do seguinte tipo: capitalistas aqui e acolá, como se uns devessem abandonar sua denominação própria, passando a se chamar socialistas ou outro nome equivalente. A razão que tem sido avançada é a de que se torna necessária uma maior regulação do Estado, como se isso significasse retorno ao socialismo. Pulula nos meios de comunicação a expressão "fim do capitalismo". Ora, regulações e instituições sempre fizeram parte de uma economia de mercado. Na sua ausência, crises foram criadas ou potencializadas. Mesmo historicamente, o mercado só começou a se desenvolver quando instituições - a saber, normas, regras e contratos por todos respeitados - passaram a vigorar. O problema, contudo, é que no Brasil a leitura do papel do Estado e de suas instituições pode ser outra, a de que convém aparelhar ainda mais partidariamente a máquina estatal e aumentar o número de funcionários públicos.
Essa leitura da crise pode ter como desfecho uma ainda maior hipertrofia do Estado brasileiro, com aumento da burocracia, de regulações e, mais preocupante, maior aparelhamento partidário e ideológico das agências reguladoras. O mote pode ser: a crise americana nos ensina que devemos aumentar as regulações. E isso se traduziria pelo seguinte: mais companheiros nas agências reguladoras e nos órgãos do Estado. Pior ainda, aplicação de medidas ditas "socializantes" para contra-restar os efeitos perniciosos do capitalismo. Pragmaticamente, o governo reconhece a obrigação de reduzir os gastos correntes, aumentar as linhas de crédito para as empresas exportadoras e o agronegócio, manter o Banco Central independente, mas, por outro lado, pende igualmente para aumentar os seus gastos, ingerir nas agências reguladoras e relativizar a propriedade privada.
Talvez o conceito mais adequado para caracterizar a atual situação seja o de "destruição criadora", elaborado por Joseph Schumpeter, em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia. O capitalismo, ciclicamente, produz crises, que geram grandes perdas para alguns setores e ganhos para outros. Alguns estão efetivamente perdendo e outros estão ganhando, por exemplo, comprando ações de empresas desvalorizadas pela queda de suas cotações. O papel dos bancos de investimento será certamente reavaliado no seu modo atual de funcionamento, sobretudo nos EUA. Criam-se novas oportunidades e novas formas de desenvolvimento futuro, por maior que seja o impacto presente. Nada disso, no entanto, significa o fim do capitalismo nem a emergência do socialismo. O capitalismo e o Estado em que este se dá aprendem com suas crises e avançam em novos patamares. Claro que há um espaço, e grande, para que erros sejam cometidos. Isso não significa, porém, que a economia de mercado estaria com seus dias contados.
O que mais se lê nos jornais, no entanto, é que o capitalismo estaria exibindo o seu fracasso. É curioso. A cada crise, Marx dizia a mesma coisa no século 19 e morreu no seu sofá pensando que, infelizmente, não teria tempo para presenciar a crise final. O que Marx pensou corretamente é que as crises fazem parte do desenvolvimento do capitalismo, sendo, por assim dizer, estruturais ao seu processo. Equivocou-se, porém, ao considerar que haveria uma crise terminal, na qual soariam as trombetas do juízo final, com a salvação socialista da humanidade. Nada disso, no entanto, aconteceu e o capitalismo soube se renovar, contrariando todos esses prognósticos.
Não se devem confundir novas regulações necessárias de um mercado financeiro que passou a operar sem regras com a necessidade de anulação do próprio mercado. Ou, ainda, o problema pode ser colocado em termos de necessidade de maior transparência e fiscalização de operações financeiras, para que estas passem a atuar segundo princípios que deveriam reger uma economia de mercado e foram parcialmente abandonados.
Não é demais ressaltar novamente que o fato de o Brasil estar atravessando relativamente bem a tormenta internacional se deve precisamente a ter feito uma gestão capitalista responsável, não seguindo nenhuma aventura. Poder-se-ia mesmo dizer que, nos últimos anos, a gestão dos mercados financeiros no Brasil foi mais responsável do que a americana, por ter seguido melhor os princípios de uma economia capitalista.
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia n UFRGS. E-mail: denisrosenfield@terra.com.br
5 comentários:
O Kassab devia processar esta mulher pelas insinuações. Foi um debate deprimente, baixo e agressivo, bastante comum na roda dos petistas.
Debate Marta x Kassab
por Lúcia Hippólito
Tremendo barraco
O debate entre Marta Suplicy e Gilberto Kassab ontem à noite na TV Bandeirantes quase descamba para grossa pancadaria.
Marta escolheu uma estratégia arriscadíssima: atacar, atacar, atacar, como homem.
Tudo para desestabilizar Kassab e obrigá-lo a reagir. Aí, ela se defenderia como mulher, vítima de uma grosseria, um preconceito.
Bom, se este era o objetivo, a tentativa foi coroada de fracasso.
Marta ganhou o primeiro bloco. Apanhou o adversário de surpresa, repisando na pergunta: qual é o verdadeiro Kassab, o prefeito que veta determinados projetos importantes para a população de São Paulo, ou o candidato da propaganda, que promete levar a população de São Paulo ao paraíso?
Conseguiu colocar Kassab na defensiva, tendo que explicar vetos e propostas.
Mas aí, ao voltar para o segundo bloco, Marta errou a mão. Não fez mais nada do que repisar e repisar a pergunta, transformando-a num bordão cuja eficácia se perdeu. E mais: começou a acusar o adversário de mentir.
Kassab reagiu. E ganhou. Conseguiu não agredir Marta, impedindo-a de se vitimizar. Quem saiu de vítima foi o prefeito, quando Marta o acusou de mentiroso. Pediu direito de resposta e levou.
Respondendo a uma acusação de Marta sobre as companhias em que ele andava, Kassab a acusou de andar na companhia de Delúbio Soares e de petistas que carregam dólares na cueca, de gente envolvida no mensalão.
Marta pediu dois direitos de resposta. Não conseguiu. Perdeu a serenidade. E perdeu o debate.
Irritadíssima, passou a tratar o adversário com desdém, gesticulando muito, e com a voz visivelmente alterada.
Apelou para o presidente Lula, elogiou rasgadamente sua administração, tentou nacionalizar o debate. Tudo em vão. Ela errou feio na dosagem do ataque e da agressão.
Não custa repetir: ataque pessoal não é para amadores. É recurso perigoso, que só pode ser usado por quem sabe que tem uma bomba nas mãos. Caso contrário, vitimiza o adversário.
Nas considerações finais, Marta foi constrangedora. Falou pequeno, mesquinho, medíocre mesmo. Não estava à altura do que a cidade de São Paulo espera de seu prefeito.
(...)
Lúcia Hippólito é cientista política, historiadora e jornalista, especialista em eleições, partidos políticos e Estado brasileiro.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/luciahippolito
Sempre achei que "demarcar território" fosse coisa típica dos machos, de cachorro, não de cadela.
Para analista, Marta cometeu erro que vai marcar sua carreira
Guilherme Meirelles - da Agência Estado
Questionar a vida pessoal do candidato Gilberto Kassab (DEM) com insinuações preconceituosas foi um erro que deverá marcar a carreira política da ex-prefeita e candidata Marta Suplicy (PT). A avaliação é do cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise. Autor de duas obras que tornaram-se 'best sellers' no segmento de não-ficção, caso dos livros "A Cabeça do Brasileiro", com 21 mil exemplares vendidos, e "A Cabeça do Eleitor", que vendeu 10,5 mil exemplares desde abril, Almeida considera que a decisão de Marta Suplicy, em ter levado ao horário gratuito o fato de Kassab não ser casado e não ter filhos, deverá ter efeito eleitoral nulo.
"Ainda mais por ser algo contra o que ela sempre defendeu em sua carreira, uma visão de mundo mais aberta". Para o cientista político, o efeito poderá ser reverso. "Deverá haver uma perda de votos em setores da classe média, como aqueles que votaram na Soninha no primeiro turno".
Na opinião de Almeida, a iniciativa em tocar em detalhes íntimos relativos à sexualidade pode ter sido uma forma de "blindar" o voto na candidata em áreas onde ela teve um bom desempenho no primeiro turno. Segundo o cientista político, o eleitor das classes D e E, morador principalmente em bairros extremos da periferia de São Paulo, é mais conservador em questões relativas à moral. "Mas mesmo assim ela pode perder alguns votos que já conquistou", adverte.
Para Alberto Almeida, na hora do voto, o eleitor não está preocupado com a vida pessoal do candidato. "Não quer saber se é casado, se tem filhos ou é homossexual. Ele quer alguém que seja um bom administrador, que resolva os problemas da cidade". Ele recorda a eleição municipal de 1996, quando Celso Pitta foi eleito com expressiva votação. "Isto, segundo o IBGE, em uma cidade que conta com minoria de população negra, comparada aos brancos e pardos".
Um eventual preconceito aludido pela candidata Marta Suplicy e até pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com lideranças evangélicas na sexta-feira também não procede. "É mais um discurso de vítima do que propriamente a realidade. Até pode haver preconceito devido à nacionalidade (argentina) de seu segundo marido. Mas é irrelevante", diz. Na opinião de Almeida, as críticas pessoais estão mais envolvidas com o que ele acha um "desgaste político" da ex-prefeita. "Houve suspeitas sobre eventual participação do Luis Favre (marido de Marta) em assuntos ligados à coleta de lixo e licitações, além de outros episódios políticos que pesaram, como as taxas criadas em sua administração e o caso do mensalão, em Brasília".
Almeida também não acredita que a atual tendência manifestada nas pesquisas de intenção de voto venha a se modificar nos próximos dias. "Ela está perdendo tempo de propaganda com algo que não lhe trará resultado", diz.
ESTADÃO
Marta nega insinuação de homossexualidade contra Kassab
Do UOL:
Em sabatina do jornal "Folha de S.Paulo" nesta segunda-feira, a candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PT) não poupou o adversário Gilberto Kassab (DEM) dos ataques que inflamaram sua campanha no segundo turno. A petista voltou a criticar a gestão do atual prefeito, a quem tachou de "duas caras", atrelou sua imagem à do ex-prefeito Celso Pitta, de quem Kassab foi secretário, mas negou que tenha havido exagero em sua propaganda eleitoral, que abordou a vida pessoal do candidato à reeleição.
A polêmica teve início com as inserções da petista em que o locutor pergunta: "Você sabe mesmo quem é o Kassab? Sabe de onde ele veio? Qual a história do seu partido?" Em seguida, aparece a foto do prefeito: "Sabe se ele é casado? Tem filhos?"
Marta afirmou que desconhece as inserções. "O que compete a mim aqui, eu falo, debato. Agora, a condução da campanha de televisão, o marqueteiro conduz, ele faz", alegou. Questionada sobre se as perguntas feitas na propaganda não traziam insinuação de homossexualismo, a candidata afirmou: "Não acho. É uma pergunta como qualquer outra".
Após a insistência dos jornalistas que conduziam a sabatina, no entanto, a candidata defendeu que é preciso conhecer a vida pessoal do candidato em quem se vai votar. "Se a senhora se candidatar, eu tenho direito de saber, se é casada, se é viúva, o dia inteiro me perguntam tudo", afirmou à jornalista Vera Guimarães Martins. "A vida é política", completou, ao responder se o fato de ser casado e ter filhos também faz parte de uma trajetória política. "As pessoas podem entender o que quiserem. Eu entendo que as pessoas têm que saber sobre o candidato. Aliás, elas devem saber sobre o candidato."
A petista disse ainda ter sido vítima de invasão de privacidade em toda a sua carreira na política e negou que a campanha do PT esteja apelando para o preconceito. "Talvez eu seja a pessoa mais perseguida. Aliás, a "Folha", a vida inteira, a pessoa que mais invadiram a privacidade fui eu. Quando eu me separei, eu vivi com um repórter da Folha uma semana, de dia e de noite, para fotografar quem entrava na minha casa. Da minha boca, vocês não vão escutar um preconceito ou baixar nível de campanha. Da minha parte, não existe isso. Eu acho que estão interpretando além da conta. Eu acho importante saber a trajetória, não de uma forma sexista como vocês fazem comigo."
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(Comentário meu DE NOBLAT): Marta tirou o dela da reta e atribuiu ao seu marqueteiro a responsabilidade pela condução da campanha na televisão. Tentou, assim, escapar da má repercussão provocada pelo comercial onde um locutor pergunta se Kassab é casado e se tem filhos.
Nenhum marqueteiro teria autonomia suficiente para produzir uma peça de propaganda dessas sem consultar antes o seu cliente - no caso, a candidata. Marta sofisma. Para não dizer que mente. Diz uma meia-verdade para não dizer que diz uma mentira inteira.
Quando reclama de ter tido sua vida privada sempre vigiada por jornalistas, esquece de acrescentar que em diversas ocasiões ela quis que fosse assim e colaborou para que fosse assim. No dia do seu casamento com Luis Favre, por exemplo, fez questão de posar vestida de noiva para a capa da revista Caras.
O comercial que pergunta se Kassab é casado, se tem filhos, é preconceituoso, sim. É sexista, sim. Como seria preconceituoso e sexista um comercial que insinuasse que Marta traiu o ex-marido antes de se separar dele.)
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