E o crime se alastra, o crime arrasa, o crime destrói, o crime dá medo!
O Sr Mário Couto (PSDB – PA) – Sr. Presidente, eu gostaria de focar um assunto importantíssimo para que a Nação tome conhecimento.
O Pará, tenho certeza absoluta, vive hoje momentos de insegurança na sua totalidade, nos seus 143 Municípios, na sua capital. A capital do Pará é a mais violenta do Brasil!
Olhem aqui, no dia 30 de agosto... Se a TV Senado puder, mostre este jornal para a Nação. Eu não desejo o mal da Governadora. Eu não desejo o mal do meu Estado, eu quero o bem do meu Estado. Mas olhem aqui: em agosto, este jornal do Estado do Pará, um dos jornais de grande circulação, já dizia o seguinte: “Campanha movida a bala”. Daí até o término das eleições, candidatos a Prefeitos, Prefeitos, Vereadores, candidatos a Vereadores, todos morreram. E quantos morreram?! Coordenadores de campanha. Bala, bala mesmo. E que providência se tomou para amenizar essa situação?
Ainda agora vi, Senador Mão Santa, V. Exª presidir uma sessão em homenagem às crianças deste meu País. Olhem aqui, olha aqui, Brasil, olhem o meu Estado como está: uma criança de 10 anos de idade... Dez anos de idade! Olhem como está o meu Estado! Dez anos de idade! Olhem, Senadores: uma criança jogada na rua, morta. Vísceras para fora. Retirada da sua casa, onde brincava com seus irmãos. Foi servida por um bandido, que, de tanto se servir da criança, tirou suas vísceras.
Não é o único caso, Brasil. Eu tenho mostrado aqui, desta tribuna, sistematicamente, a violência no meu Estado. Nada, absolutamente nada, Senador, absolutamente nada de providências são tomadas! E o crime se alastra, o crime arrasa, o crime destrói, o crime dá medo!
Nenhum cidadão paraense hoje tem coragem de andar tranqüilamente nas ruas do Pará, seja na sua cidade, seja na capital paraense! Nenhum cidadão paraense tem coragem!
Eu vou ler aqui, Senador Mão Santa, a carta de um cidadão, já não agüentando mais a violência no Estado do Pará.
O que dói, o que eu sinto, esta angústia que me vem no coração é por nenhuma providência ser tomada. Era preciso um Governador que tivesse pulso, que pudesse calçar umas botas e fosse para a rua, fazer com que aqueles bandidos soubessem respeitar os paraenses. Eles tomaram conta...
“Esta carta destina-se aos bandidos que assaltaram minha residência”. Veja, Senador Expedito – a rouquidão ainda é da campanha –, um cidadão, de tanto sofrer, um cidadão que vê seu Estado arrasado, tipo guerra.
Senador, hoje a pergunta no meu Estado é a seguinte: “Quem ainda não foi assaltado?” Senador, o caso desta menina de 10 anos de idade é bem mais forte do que o caso daquela menina de 12 anos de idade, que, há poucos meses, foi colocada numa cadeia – já vou terminar. Isso já está errado, porque não poderiam prender uma menina de 12 anos. Colocaram-na numa cadeia, no meio dos bandidos. Errado de novo. Os bandidos se serviram dessa criança, queimaram esta criança com cigarro. Essa criança, aos gritos, tentou chamar a atenção, para alguém vê-la presa, no meio dos bandidos, que se serviam dela todo dia. Essa criança sofreu como nunca!
O que aconteceu? Quem foi punido? Ah, a criança era pobre! Por isso, não havia quem falasse por ela. Abafaram tudo. Nada aconteceu com ninguém. A família não tinha condições de pagar.
Com esta é a mesma coisa: nada vai acontecer. E não é a primeira vez. Em várias cidades do Estado do Pará, o povo já se revoltou com casos semelhantes: queimaram câmara, fórum, prefeitura, em várias cidades do meu Estado. Parece mentira, mas é verdade.
E a Governadora ainda diz que tenho ódio dela. Não tenho, Governadora. Não tenho! Eu quero é o bem-estar do meu Estado; quero segurança para o meu Estado, Governadora! A senhora prometeu isso na sua campanha. Faça isso, Governadora! Fonte - Senado
A CARTA
“Esta carta destina-se aos bandidos que assaltaram minha residência [vejam aonde chegamos; vejam a revolta].
No dia 26 de julho passado, os senhores assaltaram a minha residência [está-se referindo aos bandidos], fazendo toda minha família de refém, trancando-nos em um dos quartos da casa. Ato contínuo, roubaram tudo o que puderam e coube em meu carro, que também foi roubado. Foram os mais diversos objetos, tais como televisores de 29 polegadas, forno microondas, DVDs, celulares, ventiladores, jóias, decodificador de sinais, luminárias, lupa eletrônica, relógios e até um sapato velho, isso sem falar nos objetos que no momento não lembro.
Ilustríssimos senhores bandidos, apesar do enorme prejuízo e dificuldade que os senhores me causaram, quero lhes avisar que já consegui comprar novamente o que os senhores roubaram.
A inércia da Polícia Civil neste caso específico é tão grande quanto a audácia dos senhores. Só consegui recuperar o carro, depenado, é claro, isto graças à competência da gloriosa Polícia Militar. Outros objetos meus, não vi mais nenhum.
Mas, ilustríssimos senhores bandidos, quero lhes dizer que meu endereço é o mesmo, não mudei e que aguardo ansioso a visita ilustre dos senhores, covardes e desgraçados, com uma condição, agora estou preparado. Vocês entrarão andando, mas dificilmente sairão vivos. Em minha casa quem manda sou eu, nela eu sou a Polícia, a Justiça, os Direitos Humanos e o Estatuto da Criança e do Adolescente, lá não metem o bedelho. Já que o Estado não tem interesse em acabar com a bandidagem, eu procurarei dar o meu jeito.Assim, ilustríssimos senhores bandidos, estou ansioso aguardando sua ilustre visita.
Sérgio S. Castro
Bancário e acadêmico de Direito.
Ananindeua (PA)”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário