Na Copa do Mundo de 1982, quando a fabulosa seleção brasileira foi surpreendentemente derrotada pela Itália, a "Gazzetta dello Sport" abriu a manchete histórica e hilariante: "Il Brasile siamo noi."
Agora, além do governo, do Judiciário, da imprensa e das famílias das vítimas de Cesare Battisti, os italianos de todos os times e partidos políticos estão se sentindo comparados a uma ditadura sul-americana. Perderam o humor e estão justamente insultados porque Tarso Genro e Lula estão achando que "a Itália é nóis".
Com sua autoridade em leis italianas, nosso ministro fez um julgamento soberano e devastador do seu sistema judiciário, da justeza dos processos e das condenações, e do respeito aos direitos dos acusados. Que, ao contrário de nós, eles muito prezam e respeitam.
Pena que o nosso impetuoso humanista ignore que o crime com motivação política é um agravante na Itália. Claro: roubar e usar o dinheiro para matar ou derrubar governos eleitos é mais grave do que para uso próprio. No Brasil, é justificativa para tudo, na tradição de nossa "esquerda revolucionária": a nobreza da causa, os fins justificam os meios, é tudo em nome do povo e da liberdade (sic).
Não, ministro, a Itália não é nóis. Tem uma tradição democrática e judiciária muito mais sólida do que a nossa, não recorreu ao terrorismo de Estado, a tribunais de exceção, prisões ilegais e torturas, mesmo nos "anos de chumbo". O Estado italiano apenas se defendia de movimentos que queriam derrubar o governo democrático pelas armas e instalar... nem eles sabiam o quê.
Apoiando Tarso, a tese da marolinha diplomática de Lula: "Temos uma relação tão forte com a Itália que não será um exilado que vai trazer animosidade nem com eles nem com o G-8." Berlusconi, a torcida do Milan, do Inter e da Juventus devem estar pensando a mesma coisa: "O Brasil não vai querer brigar com a Itália e o G-8 só por causa de um terroristazinho."
Criado na cultura do churrasco sangrento, em cavalgada desabrida pelos pampas da História, como um anti-Garibaldi sem Anita, Tarso Genro deve estar pensando que na Itália tudo acaba em pizza. – De NELSON MOTTA – O Globo
'THE ECONOMIST’ CRITICA TARSO E LULA PELA CONCESSÃO DE REFÚGIO A BATTISTI
Brasil - um lugar atrativo para foragidos
Um artigo publicado ontem na edição impressa da revista britânica "The Economist" criticou o Brasil pela concessão de refúgio para o ex-ativista italiano do grupo Proletários Armados para o Comunismo (PAC) Cesare Battisti. A revista cita o Rio como um "lugar atrativo" para quem foge da Justiça. "The Economist" lembra que a cidade já abrigou Ronald Biggs, que fugiu da Inglaterra depois de ser preso por roubar um trem postal.
O presidente Lula também é citado por ter dado pouca importância aos apelos italianos pela extradição ao "pensar que um país mais desenvolvido estaria dizendo ao país o que fazer". O artigo sustenta que "as razões do Brasil para proteger Battisti não são convincentes" e critica o ministro da Justiça, Tarso Genro, que representaria uma "tradição anacrônica" de exílio político em plena democracia. A revista afirma que o Brasil reluta em investigar o próprio passado.
O artigo faz referência indireta ao ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro, assassinado pela Brigada Vermelha em 1978, para afirmar que a Itália é menos tolerante sobre o assunto do que o atual governo brasileiro, que tem, "no partido de Lula, representantes que atuaram na extrema-esquerda na década de 70".
Na Itália, políticos declararam ontem apoio à proposta apresentada, quarta-feira, pelo ministro da Defesa, Ignazio La Russa, de convocar o embaixador italiano no Brasil, Michele Valensise, para consultas. O ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini, avalia "a conveniência" de chamar o embaixador.
Em Roma, o senador Stefano Pedica, do partido Itália de Valores, participou de um protesto contra a concessão do refúgio. Levava um carta com os dizeres: "Lula defende terroristas". Ele teve o apoio de militantes da organização conservadora Movimento pela Itália. O Globo
REFORÇO DO CAQUÉTICO
Oscar Niemeyer, que há alguns dias elogiou livro que, em sua visão, reabilita "a figura do grande líder soviético" Josef Stálin, adicionou ontem sua assinatura ao abaixo-assinado em apoio à decisão de Tarso Genro (Justiça) de conceder refúgio ao italiano Cesare Battisti. Painel Folha de S. Paulo
COMENTÁRIO: O Arthur pediu-me para comentar sobre o "Reforço caquético" da múmia que vive tentando se levantar entre os escombros da figura sanguinolenta de Stálin. Sem vontade nenhuma de comentar seu apoio a Tarso Genro, porque falar sobre Niemayer é entrar na fedentina da vida! Sem ânimo nenhum para comentar sobre essas figuras que estão abaixo da linha da moralidade. Esses absurdos depredam nossa alma. Por Gabriela/Gaúcho
E AÍ LULA?TÁ ESPERANDO O QUÊ?
Itália pede uma resposta de Lula
O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, anunciou que seu governo “aguarda uma resposta” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à carta enviada pelo chefe de Estado da Itália, Giorgio Napolitano, na qual pede a anulação do refúgio político concedido ao ex-militante de esquerda Cesare Battisti. “Espero que ele reveja a decisão do ministro da Justiça”, afirmou Frattini, referindo-se a Tarso Genro. Frattini disse que Roma examina a possibilidade de convocar seu embaixador no Brasil, Michele Valensise, para consultas. “A convocação seria uma forma de protesto. Battisti é um terrorista, e é inaceitável dizer que ele corre o risco de ser torturado aqui. A Itália é um país muito democrático”, reclamou Frattini, rebatendo a insinuação de Tarso. Battisti, acusado de quatro assassinatos entre 1977 e 1979, foi condenado a duas prisões perpétuas na Itália e acabou preso no Brasil em 2007. Correio Braziliense
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