Obama herdou as ferramentas de proteção

2.688 DIAS - Por Marc Thiessen

Obama herdou ferramentas que protegeram o país com sucesso por 2.688 dias. Se permitir que a rede recupere seus refúgios no Iraque e os utilize para atacar nosso país, ele não poderá culpar Bush.

Quando o presidente Bush deixou o gabinete, na terça-feira, a América registrou 2.688 dias sem um só ataque terrorista em seu solo. Restam 1.459 dias até o próximo mandato. Se Barack Obama estará nos degraus do Capitólio para tomar posse pela segunda vez, é algo que dependerá de ele conseguir ou não repetir a conquista de Bush.

Assim como o novo presidente recebe relatórios de inteligência, certos fatos devem ficar agora às claras: a Al-Qaeda está trabalhando ativamente para atacar nosso país de novo. E as políticas e instituições que George W. Bush colocou em prática para acabar com isso estão dando certo. Durante a campanha, Obama prometeu reverter muitas dessas políticas. Se ele enfraquecer qualquer das defesas que Bush colocou em marcha, e se os terroristas atacarem nosso país novamente, os americanos responsabilizarão Obama, e o Partido Democrata passará uma geração sem chances de vencer uma eleição.

Considere-se, por exemplo, o programa que Bush criou, na CIA, para deter e interrogar líderes capturados na guerra contra o terror. Muitos desses terroristas, inclusive o cérebro do 11 de setembro, Khalid Sheikh Mohammed, se recusaram a falar — até que Bush autorizou a CIA a melhorar as técnicas de interrogatório. A informação obtida permitiu a prevenção de um grande número de ataques: planos para explodir o consulado americano em Karachi (Paquistão), para lançar aviões contra as torres de Canary Wharf, em Londres, ou contra a Library Tower, em Los Angeles.

Durante a campanha, Obama descreveu as técnicas usadas como “tortura”. E prometeu que, se eleito, teria um “manual de técnicas de interrogatório para todo o pessoal do governo dos Estados Unidos e para terceirizados”. Foi fácil para o Obama candidato criticar o programa da CIA. Mas, como presidente, o que ele fará com o próximo líder da Al-Qaeda que for capturado e se recusar a falar? O presidente permitirá à CIA que interrogue esse terrorista com técnicas melhoradas? Se Obama se recusar e nosso país for atacado, ele arcará com a responsabilidade.

Considere o programa da Agência de Segurança Nacional (ASN) que monitora comunicações internacionais entre terroristas. Enquanto era senador, Obama votou contra a confirmação do diretor da agência, Michael Hayden, para liderar a CIA — porque, segundo ele, Hayden foi “o arquiteto e principal defensor de um programa de escuta isento de controle”. Em 2007, votou contra a Lei de Proteção da América, que foi temporariamente autorizada pela ASN. No ano passado, prometeu obstruir uma autorização de longo prazo, mas no último minuto mudou o voto. E prometeu: “Assim que eu for investido na Presidência, meu secretário de Justiça conduzirá uma exaustiva revisão de todos os nossos programas de observação, e vou fazer recomendações adicionais em quaisquer outros passos necessários para preservar as liberdades civis”. Agora que tomou posse, permitirá Obama que o programa continue até 2012, como autorizou o Congresso, quebrando a promessa feita à base liberal? Ou dará continuidade a sua prometida reforma e imporá novas restrições à ANS?

Obama enfrenta um dilema similar em relação ao Iraque. Bush o deixou com um Iraque estabilizado, onde a Al-Qaeda está em retirada, e as tropas americanas estão voltando para casa até o fim de 2011. O candidato Obama prometeu acelerar esse retorno e retirar todas as tropas americanas em 16 meses. O problema é que o general David Petraeus e o Estado-Maior não deverão recomendar uma retirada tão rápida e irresponsável. O que deixa para Obama duas opções: pode continuar com uma retirada mais lenta, como posta em marcha pelo presidente Bush, ou pode se sobrepor aos comandantes militares e fazer uma rápida retirada, passando por cima das objeções.

Em 2007, o presidente Bush revelou à inteligência que Osama bin Laden tinha instruído os líderes da Al-Qaeda no Iraque a formarem uma célula que conduzisse os ataques dentro dos Estados Unidos. Se Obama permitir que a rede recupere seus refúgios no Iraque, e se os terroristas os utilizarem para atacar nosso país, ele não poderá culpar Bush.

O presidente Obama herdou uma série de ferramentas que protegeram o país com sucesso por 2.688 dias, e não poderá desativar essas ferramentas sem se arriscar a consequências catastróficas. Na terça-feira, George W. Bush disse a uma animada multidão em Midland, Texas, que sua administração deixou o gabinete sem outro ataque terrorista. Quando Barack Obama voltar a Chicago, no fim de seu mandato, poderá dizer o mesmo?

Ex-assessor da Casa Branca e chefe da equipe que redigiu os discursos de George W. Bush, escreveu este artigo para o Washington post - Reproduzido pelo Correio Braziliense




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COMENTÁRIO
Ontem, publicamos para os nossos leitores do MOVCC, uma matéria muito chocante do Blog de Israel e do jornal italiano Corriere della Será, que denunciou sobre a enganação do Hamás e da mídia sobre o número de mortos em Gaza. O link é este:
Palestinos acusam Hamás de causar mortes de civis.

Enquanto isto, a ONU ridícula continua forçando que Israel precisa ser investigada por crimes de guerra. A cada demonstração de apoio do “covil” (ONU) ao terrorismo, torna-se mais imperativo que o mundo acabe com a farsa dessa organização, uma excrescência encoberta pelo véu das boas intenções que, na verdade, serve apenas aos interesses abomináveis dos que tentam emporcalhar o Mundo. Por Gaúcho/Gabriela


O vídeo abaixo mostra os canais subterrâneos em Gaza. O material é do jornal
Telegraph.co.uk, de uma reportagem de Damien McElroy, falando que Israel "vai retomar o bombardeio 'de Gaza se o Hamas reabrir os túneis para reconstituir o seu arsenal’. Se você não conseguir visualizar o vídeo aberto no blogue, clique aqui. Em seguida, você tem uma matéria muito interessante reproduzida pelo Estado de São Paulo, de Gilles Lapouge, de Paris.









ISRAEL DESTRUIU VÁRIOS TUNÉIS, MAS A REDE DE TRÁFICO DE ARMAS AINDA FUNCIONA

Novos túneis em Gaza põem em dúvida sucesso da guerra

Os jogadores de xadrez conhecem bem uma estratégia que leva o nome de "diagonal do louco". Os palestinos da Faixa de Gaza utilizam uma outra figura, que se poderia chamar de "diagonal do túnel". Ela foi abandonada durante a guerra e retomou seu serviço assim que os soldados israelenses voltaram para seu país.

Esses túneis são os que os palestinos perfuraram há dois anos, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, por baixo da fronteira com o Egito. Há mais de mil deles. Eles permitem a entrada de produtos vindos do Egito que não poderiam entrar pelas passagens fronteiriças normais que Israel mantém sob rigoroso controle.

O problema é que o Hamas utiliza esses túneis não só para receber alimentos, mas também para se reabastecer de fuzis, granadas de morteiro e foguetes. Os mesmos foguetes que o Hamas dispara sobre cidades israelenses vizinhas. Foi para acabar com esses insuportáveis disparos de foguetes que Israel invadiu Gaza.

Desses túneis, um bom número foi demolido pelas potentes bombas israelenses. Mas, mesmo assim, ainda restam muitos deles, às vezes a 30 metros de profundidade. Além disso, desde a manhã de ontem, as perfuratrizes retomaram o trabalho e estão escavando novos túneis. Portanto, dentro de pouco tempo estaremos de volta à situação de antes da guerra entre Israel e o Hamas. É compreensível que os israelenses de direita (do Partido Likud) assegurem que, apesar de uma superioridade militar total, a guerra do trabalhista Ehud Barak e seus aliados centristas do Kadima não foi encerrada com uma vitória e sim, talvez, com um revés.

OFENSIVAS SUBTERRÂNEAS
É curioso que os incontáveis generais do planeta não manifestem mais interesse pelos túneis em suas estratégias. Mas a história está cheia de túneis. Em 1683, Viena evitou uma invasão dos turcos que se haviam aproximado da cidade por túneis imensos.

Felizmente, na manhã em que os turcos começariam seu ataque, os padeiros de Viena, que haviam descido para seus fornos, escutaram os últimos golpes de picareta dos soldados turcos e puderam alertar os generais austríacos. Os turcos recuaram. O Ocidente estava salvo. Como recompensa, os padeiros receberam do rei o direito de dar a forma do crescente otomano aos pequenos brioches que fabricavam e de chamá-los "croissants".

Há dez anos, o Líbano descobriu que os camponeses da vizinha aldeia israelense de Adeissis entravam todas as noites no território libanês por túneis. Ali, eles enchiam cestos com a terra libanesa que era despejada do lado israelense. Se a manobra fosse prolongada, por exemplo, durante alguns milênios, o Líbano se veria um belo dia integralmente transportado para Israel, mesmo sem se dar conta.

Durante a guerra atroz que o Vietnã travou contra os americanos, o general Vo Nguyen Giap mandou escavar um vasto labirinto de túneis sob a floresta tropical. Os soldados vietnamitas circulavam por esse labirinto e surgiam, de repente, na cara dos soldados americanos, abatendo-os, antes de voltar a seu reino de sombras. O miserável Vietnã acabou por vencer o colosso americano.Sob a cidade de São Luis, no Maranhão, existe toda uma rede de túneis que, antigamente, permitia que padres e monges escapassem de seus inimigos quando os colonos e os soldados se aborreciam com as provocações humanitárias da Igreja.

Uma grande parte da guerra de 1914-18 opôs os Exércitos alemão, francês e britânico enfiados em trincheiras, nas ligações estreitas entre elas, em labirintos inextricáveis de túneis. Um dos animais que melhor resistem a seus inimigos é a formiga. Ela vive em túneis. E criou, ao contrário do nosso, um reino nas trevas.

Isso explica por que a formiga é invulnerável, vitoriosa e próspera. O peso total das formigas no planeta iguala o peso total de todos os homens. Isso atesta o sucesso dessa espécie "perfuradora". O filósofo grego Aristóteles havia percebido isso (que vale também para o Vietnã, as trincheiras da guerra de 1914, São Luis e os túneis de Gaza). Ele dizia que a formiga é "o animal político" por excelência. - O Estado de São Paulo

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